Durante séculos de "Iluminismo", a espécie humana foi considerada como a única forma de vida do planeta capaz de produzir cultura sendo, por conseguinte, a única dotada de inteligência progressiva graças à memória cumulativa, que permite repetir e aperfeiçoar experiências bem sucedidas.
Nos últimos anos, o estudo do comportamento animal mostra que isso não é verdade: embora em manifestações das mais primitivas, certos símios demonstram que são capazes de "inventar" utensílios, técnicas e transmitir esse conhecimento aos companheiros e às futuras gerações.
Outra espécie que tem demonstrado refinado nível de inteligência são os cetáceos [mamíferos marinhos], especialmente os golfinhos.
Eles são excelentes suchimen [ou sushi-dolphin] no preparo de um tipo de lula conhecida como calamari [ou calamar], que submetem a sofisticados procedimentos, extraindo a tinta e o osso produzindo, assim, uma refeição saborosa e leve.
Uma fêmea de golfinho Bottlenose [Golfinho-nariz-de-garrafa] foi observada repetidas vezes "preparando" o alimento, sempre utilizando a mesma técnica, em sua "cozinha" submarina, no golfo de Spencer, sul da Austrália.
É uma demonstração evidente de que seus cérebros [dos golfinhos] são desenvolvidos. A técnica culinária do golfinho é engenhosa e, de fato, com ela se obtém uma lula pura [filé] sem qualquer entranha, secreção ou tecido desagradável ao paladar e ao tato", opinou o curador de moluscos no Museus Victoria Mar Norman, membro de mais essa equipe que estuda o comportamento dos golfinhos.
Depois de escolhido, isolado e capturado o molusco é levado ao leito arenoso do mar onde morre imprensado contra o chão ao receber um poderoso e certeiro golpe que o golfinho aplica. Rapidamente, a lula é levada à superfície onde sua tinta tóxica é expelida ao ar livre.
Livre do veneno, o molusco é levado de volta ao fundo do mar onde sofre um intenso peeling, sendo arrastado na areia até que a pela se solte. Então a carne é rompida e o osso calcário é extraído. o filé de lula está pronto. Este tipo de comportamento foi observado em muitos indivíduos da espécie. Somente uma fêmea foi monitorada de 2003 a 2007.
No oeste da Austrália, os "nariz-de-garrafa" usam esponjas [do mar] como acessório para proteger seus focinhos quando sondam o fundo do mar em busca de alimento.
A constatação desse "costume", uma das primeiras evidências de aprendizado cultural entre os golfinhos, aconteceu em 2005, quando pesquisadores comprovaram que as mães-golfinho ensinavam às suas filhas o modo de arrancar os pedaços de esponja para utilizá-los daquela maneira. Ainda não se sabe se o mesmo ocorre com a técnica de tratar lulas.
FONTE: Dolphins surface as sea's smartest chefs. SMITH, Deborah.
In The Sydney Morning Herald – publicado em 30/01/200
In The Sydney Morning Herald – publicado em 30/01/200
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