🐲 DRAGÕES: FATOS & LENDAS

por Lygia Cabus ̶ Junho de 2008
Os dragões são animais fabulosos, geralmente representados como uma enorme serpente alada que expele fogo pelas ventas (narinas). 

Seu tipo biológico situa-se entre o réptil e o sáurio (dinossauros): cabeça ornada com uma grande crista, poderosas cifres, presas enormes, couro grosso e nodoso cobrindo todo o corpo até a cauda, ​​​​​​​​não raro provida de esporas, possivelmente de tecido ósseo ou cartilaginoso.

Dotado de poderes extraordinários, o hálito dos Dragões é considerado venenoso e seu sangue, quando derramado na batalha ou na hora da morte, é igualmente fatal para aquele que foi atingido por respingos de líquidos.

Répteis por natureza, os dragões encontram conforto em lugares frios, escuros e úmidos; por isso, cavernas são as moradas ideais para dragões, além da penumbra e do afresco, são locais de fácil proteção e proteção para guardar tesouros e reservas de alimentos. 

As colinas próximas a grupos humanos ou rebanhos de mamíferos foram os lugares preferidos na hora de escolher a toca. 

Há dragões que habitam em águas: mares, lagos, rios mas, preferencialmente, pântanos, como os dragões "Knuckers" , inglês. (www.kairell.donagh.nom.br - 2005)

No Ocidente, os primeiros relatos sobre dragões aparecem em escrituras judaicas (da Bíblia) e gregas. 

Na Europa, as lendas sobre os monstros antropófagos e cuspidores de fogo ou "de respiração pestilenta", ganharam espaço na imaginação popular.

As histórias falam de cidades e vilarejos ameaçados e raptos de donzelas cruelmente assassinadas, degoladas ou empaladas, salvo quando algum cavaleiro virtuoso intervém na situação oportunamente equipado com uma espada mágica. 

Um dos mais famosos heróis a resgatar uma cidade e sua donzela aprisionada é São Jorge, cuja vitória é interpretada como uma vitória do Cristianismo sobre as forças do Mal.

No Leste Europeu , os Dragões estão ligados a tradições de Sociedades Secretas Ocultistas, daqueles que pretenderam ser descendentes dos antigos Nagas indianos cuja representação, a figura de um Dragão ou de uma serpente, significa a Sabedoria, seja usada para o bem ou para o mal. 

O famoso Vlad Tepes, ou onde Drácula, foi um membro da Sociedade Secreta dos Dragões em sua região e seu apelido "Drácula", significa, precisamente, Dragão. Nesta tradição há uma associação clara entre Dragões e Sabedoria, uma relação histórica com raízes plantadas na antiguidade mais remota.

CHINA
Dragão esculpido em uma tumba, dinastia Liao (916–1125)

Os Dragões aparecem nas tradições mitológicas de quase todos os povos do mundo. No Oriente, os Dragões não são necessariamente perversos. Na China, são figuras de grande destaque. Festas folclóricas são dedicadas a eles.

Os dragões simbolizam o próprio povo chinês que se autoproclama "Long De Chuan Ren" (Filhos do Dragão). 

Para os chineses, o dragão é uma criatura mítica e divina relacionada à abundância, à prosperidade e à boa fortuna. Templos e pagodes são construídos em honra aos Dragões e para eles são queimados incensos e proferidas, orações.

Eles são os governantes de todos os agentes de forças da Natureza. Habitam nas águas, voam nos céus e percorrem as entranhas da Terra e dos Oceanos; prosuzem movimentos tectônicos causando tremores de terra, terremotos e maremotos.

Os dragões chineses são classificados em nove categorias:

1. Dragão com Chifres (regente do ar),

2. Dragão Celestial, que mantém e protege as moradas dos Deuses;

3. Dragão Espiritual, gerador de chuva;

4. Dragão dos Tesouros Escondidos, Guardião das Riquezas;

5. Dragão Serpente, habitante das águas;

6. Dragão Amarelo, também aquático, que teria apresentado o lendário imperador Fu Shi com os elementos da escrita. 

Os quatro últimos são os Dragões-Rei, regentes dos quatro pontos cardeais.

"Junto com o Unicórnio, a Fênix e a Tartaruga, foi considerado um dos quatro primeiros animais que ajudaram na criação do mundo. O dragão tinha riqueza em sabedoria e em poder para vitória. 

O imperador da China era considerado descendente de um dragão. Os estudiosos chineses categorizaram cuidadosamente os dragões por diversos critérios como na classificação por Tarefas Cósmicas:

Dragões Celestiais: Estes dragões protegem os céus, apoiam os lares das divindades e os defendem da decadência. Somente estes dragões tinham cinco garras e somente a insígnia Imperial era permitida a descrevê-los.

Dragões Espirituais: Estes controlavam o clima do qual a vida era dependente. Eles tinham que ser apaziguados pois iravam-se facilmente. Uma simples negligência e desastres iriam se seguir.

Dragões Terrestres: Estes eram senhores dos rios, controlavam seus fluxos. Cada rio tinha seu próprio dragão que governava um palácio bem abaixo das águas. 

Dragões Subterrâneos: Estes dragões eram guardiães dos metais preciosos e jóias enterradas na terra. Cada um possuía uma grande pérola e podiam multiplicar qualquer coisa que tocassem.

Também foram classificados pela cor:

Azul : Augúrio do Verão

Vermelho e Negro : Dragões desses núcleos eram bestas tenebrosas cujas lutas causavam tempestades e outros desastres naturais.

Amarelo : Estes eram os mais afortunados e desenvolvidos dos dragões. Não poderia ser dominado, capturado ou mesmo morto. Apenas apareciam em locais protegidos e somente se houvesse uma perfeição no ser encontrado.

Os Dragões chineses poderiam assumir a forma humana ou de uma fera se desejassem. Tinham uma coleção bizarra de fobias. Temiam o ferro, mas para criaturas que eram vistas como mestres de tais elementos e quase divinos, curiosamente, também temiam outras coisas estranhas como centopéias ou fios de seda. 

O Japão também tinha seus dragões. Chamados de Tatsu, eles eram bastante relacionados com os Dragões Chineses.

Assim como eles, também tinham diferentes subtipos, entretanto, geralmente tinham apenas três garras e eram mais parecidos com cobras."
(www.kairell.donagh.nom.br - 2005)

Na mitologia chinesa, muito mais antiga que a dos judeus, também há um Gênesis, relato da Criação, e um Éden. O Paraíso chinês, chamado Jardim da Sabedoria, era habitado pelos "Dragões da Sabedoria" (Iniciados, Magos).

Localizava-se no Planalto do Pamir, entre os picos mais elevados da cordilheira dos Himalaias. 

Ali, no ponto culminante da Ásia Central, o Lago dos Dragões alimentava quatro grandes rios: Oxus, Induas, Ganges e Silo; por isso, o Lago é chamado de "Dragão de Quatro Bocas".
O movimento budista do Grande Veículo (sânsc. Mahayana) surgiu na Índia por volta do século II. 

Este movimento é baseado em diversos textos que foram registrados a partir de discursos (sânsc. sutra) proferidos pelo próprio Buda Shakyamuni (século VI aC) e então preservados no reino dos nagas — dragões aquáticos com corpo de serpente e cabeça humana — até que os discípulos se tornaram aptos a recebê-los.

Uma dessas pessoas aptas a receber os ensinamentos Mahayana teria sido o monge indiano Nagarjuna (século II-III), cujos trabalhos têm origem na escola filosófica do Caminho do Meio (sânsc. Madhyamaka). 

Nagarjuna não tinha a intenção de criar uma filosofia, mas sim de elucidar os ensinamentos dos Discursos sobre a Perfeição da Sabedoria (sânsc. Prajnaparamita Sutra), um conjunto de textos Mahayana que ele teria recebido diretamente dos nagas . EM DHARMANET

"Os místicos vêem, por intuição, na serpente do Gênesis, um emblema animal e uma essência espiritual elevada; uma fonte cósmica de supra-inteligência, uma grande luz caída, um espírito sideral, aéreo e telúrico ao mesmo tempo, 'cuja influência circunda o globo' (qui circumambulat terram - De Mirville) ... e que somente se manifesta sob o aspecto físico que melhor se coaduna com suas sinuosidades morais e intelectuais, isto é, a forma de um ofídio. ...Em todas as línguas antigas , a palavra dragão tinha o mesmo significado que tem hoje a palavra chinesa long ou - 'o ser que sobressai em inteligência'. Em grego, drakon é Aquele que vê e vigia." BLAVATSKY , 2003 - p 228


Pintura rupestre representando um Pterodátilo, datado em milênios de idade, pertencente à cultura dos Black Dragon Wash, de Utah - EUA.

Em Black Dragon Wash, Utah, essa milenar - e por sinal muito evoluída cultura deixou nas rochas a representação artística de um Pterodáctilo, a temível fera alada da Pré-história (antediluviana), fato que inequivocamente poderia atestar a sua imensa antiguidade. 
IN Domínios Fantásticos

CIÊNCIA & TEOSOFIA: A FACE OCULTA DOS DRAGÕES

Pesquisadores de diferentes áreas, geólogos, arqueólogos ou teósofos, que defendem as hipóteses de uma origem mais recuada para a espécie humana, admitem que pode ter ocorrido um período de transição em que os seres humanos conviveram com sáurios ou grandes répteis. 

A teósofa HP Blavatsky escreveu, em sua Doutrina Secreta (2003), citando o naturalista Curvier:

"Se existe algo que possa ser comprovado a existência de hidras e de outras monstruosidades cujas figuras foram tantas vezes reproduzidas pelos historiadores da Idade Média, este algo é incontestavelmente o plessiossauro." Revolução da Globo. vol V - pág. 247

A existência dos Dragões, como animais pré-históricos, contemporâneos a uma raça humana arcaica, pode ainda ser contestada mas sua realidade como elemento cultural, seu caráter de poderoso símbolo presente no imaginário popular e nas alegorias religiosas de todo o mundo, isto é um fato inegável. Rico em conteúdos semióticos, o Dragão, ora representa o bem, ora representa o mal.

É o monstro que aterroriza os mortais, é o oponente de Deus e dos homens no livro de Apocalipse, o aliado da Magia Negra, o raptor de donzelas medievais; mas também é um símbolo de sabedoria, força física, poder, proteção e boa fortuna. 

Este caráter aparentemente multifacetado dos dragões é o resultado de milênios de sincretismo entre culturas de todo o mundo.

A aparência maligna do dragão é notavelmente acentuada no Ocidente, onde foi associada à figura do Diabo por conta de suas "aparições" nas escrituras cristãs. 

Também é suposto ser o dragão o monstro Leviatan, uma das criaturas mais enigmáticas mencionadas no Gênesis. Nos evangelhos apócrifos, em Bartolomeu, surge submisso e, diante de Cristo e dos apóstolos, confessa suas maldades.

Outras referências ao dragão diabólico são os embate com o Arcanjo Miguel e com São Jorge. No evangelho apócrifo de Bartolomeu , o "inimigo dos homens" é descrito assim:

Belial subiu aprisionado por 6.064 anjos e atado com correntes de fogo. O dragão tinha de altura mil e seiscentos côvados e de largura, quarenta. Seu rosto era como uma centelha e seus olhos, tenebrosos. Do seu nariz saiu uma fumaça mal-cheirosa e sua boca era como a face de um precipício...

Bartolomeu, pois, se foi e pisou-lhe a cerviz, que trazia oculta até as orelhas, dizendo-lhe: — Dizei-me quem és tu e qual é o teu nome....Respondeu Belial: — A princípio me chamava Satanail , que quer dizer mensageiro de Deus, mas, desde que não reconheci a imagem de Deus, meu nome foi mudado para Satanás, que quer dizer anjo guardião do tártaro . NO EVANGELHO DE BARTOLOMEU
[Apócrifo. EM https://www.youtube.com/watch?v=w3aEvjlB8bw]

O folclore envolvendo Dragões em guarda de tesouros é uma adaptação popular para os Dragões Guardiães do Éden, Guardiães da Árvore da Vida e da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.

Nos livros antigos hebraicos, os dragões podem ser os Querubins designados pelo Criador para defender o Paraíso.

Estes anjos, são descritos no Livro de Enoque com uma aparência zoomórfica, dotados de múltiplas asas, espadas flamejantes e rosto zoomórfica, entre o homem e o dragão.

São, por isso, guardiães da Sabedoria e ainda abrigam outros significados: representam a energia cósmica criadora, a eternidade e o próprio Cosmos, que relataram enrodilhados sobre si mesmo, círculo de serenidade que quando desperta em turbilhões, desdobran suas espirais no infinito, manifestando-se em todas as coisas que existem no Universo.

A imagem do Dragão associada à sabedoria contém uma mensagem de profundo alcance. A imagem diz que a Sabedoria não está relacionada com qualquer tipo de fraqueza. 

Não há conflito entre força, poder e felicidade, boa fortuna, compaixão e bom senso. O signo original, concebido em épocas insuspeitadas da história humana, refere-se à Regeneração Psíquica e à Imortalidade.

Hermes considerava a serpente o mais espiritual de todos os seres.

Jesus admitiu a Serpente como dotada de Sabedoria, e um de seus ensinamentos, disse: "Sede astutos como a serpente."

LEMINISCATO, O OUROBOROS
Muitos povos simbolizaram o "Espírito de Deus" sob a forma de uma serpente de fogo que paira adormecida sobre - ou imerso nas - águas primordiais até o dia do despertar, quando se expande por meio do verbo (pensamento) tomando a forma do leminiscato, a serpente que morde a própria cauda, representação do Universo, da Eternidade, do Infinito e da forma esférica (ou circular, depende da concepção sobre a estrutura geral deste mundo) dos corpos celestes. BLAVATSKY , 2001 - pág. 131

BIBLIOGRAFIA
BLAVATSKY , Helena Petrovna. Edéns, serpentes e dragões.
Em A doutrina secreta – vol. III, Antropogênese.
_________________________________ O resplandecente dragão da sabedoria.
_________________________________ O cisne, símbolo do raio divino.
Em A doutrina secreta – vol. Eu, Cosmogênese. São Paulo: Pensamento, 2001.
Enciclopédia BARSA. São Paulo: Britânica/Melhoramentos, 1961.
DOMÍNIOS FANTÁSTICOS. Misteriosas Américas . Acessado em novembro de 2007.
KAIRELL Em Kairell Donagh - Dragão . Acessado em maio de 2005.
OCULTPÉDIA Em Dragão . Acessado em maio de 2005.
O dragão chinês . Em York – Reino Unido. Acessado em maio de 2005.

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