AFRICA. MOSCOU, 10 de outubro
RIA Novosti, Ksenia Marsina.
Magia, assassinatos rituais, perseguição de albinos e crianças "amaldiçoadas" - tudo isso ainda faz parte do cotidiano da África Negra.
Oito mulheres suspeitas de bruxaria morreram queimadas recentemente no Congo. As autoridades estão tentando lutar contra os costumes bárbaros; em vão. Os habitantes locais têm certeza de que é assim que honram as tradições de seus ancestrais.
Mas além da tradição, das crenças, do medo - esses crimes têm um aliado poderoso: o dinheiro. Curandeiros enchem os bolsos, os própios e os das autoridades, para que façam "vista grossa" (relevem, deixem passar) aos crimes.
QUEIMADOS VIVOS
A ativista de direitos humanos Nelly Adija, da Associação de Mulheres descreve o que está acontecendo na República Democrática do Congo:
"De junho a setembro, foram registradas 324 acusações de bruxaria. Oito mulheres foram queimadas vivas, quatro foram levadas em uma direção desconhecida pelas chamadas milícias de autodefesa".
As mortes aumentaram na problemática província oriental, onde grupos armados operam há muitos anos. Os ataques foram provocados pelos badjakazis, autoproclamados curandeiros.
"Esses médiuns manipulam as pessoas, jogam com sua credulidade, tentando ganhar autoridade em suas aldeias. No Congo, contradições étnicas e sede de poder se entrelaçaram tragicamente", disse o jornalista sudanês Maaz Alnugomi em uma entrevista à RIA Novosti.
A situação é semelhante na Tanzânia. Mulheres com mais de 60 anos são perseguidas lá. Desde o início do ano, ocorreram seis assassinatos.
Os siloviki reclamam que é quase impossível encontrar os culpados. A cada ocorrência, os anciãos garantem que foi a multidão que fez. Ninguém cita nomes.
Na Gâmbia, com a mudança de governo, a "caça às bruxas" diminuiu, mas não completamente. Há dez anos, no governo do presidente Yaya Jammah, pessoas com vestes vermelhas com rabo de vaca e chifres podiam prender qualquer pessoa escoltados por soldados e policiais armados.
De acordo com a Anistia Internacional, os suspeitos pegos pela "milícia" foram forçados a beber uma poção alucinógena e confessar sua feitiçaria. Milhares sofreram nos expurgos; alguns morreram.
CAÇA AOS ALBINOS
Mulher albina na ilha de Ukerewe, na Tanzânia
Na África central e sul do continente, nascer albino é maldição. Para a família significa um desastre: problemas.
Os albinos são caçados: partes do corpo de albinos são muito procuradas por curandeiros da Tanzânia, Quênia e Congo que fazem amuletos com elas. Alguns órgãos custam cerca de mil dólares, uma pequena fortuna em termos de África.
Anteriormente, pessoas de pele clara eram mortas e, na maioria das vezes, impunemente. As vítimas eram dadas como desaparecidas. Agora, sob a ameaça da pena de morte, eles evitam matar mas, continuam mutilando pessoas.
“Esses crimes são promovidos por indivíduos que se autodenominam curandeiros tradicionais. Dizem receber “espíritos ” aque conselham quem os procura desde que a sessão seja paga. Fazem rituais nos quais cabras ou galinhas, geralmente, são sacrificadas. Quando isso não ajuda, mais "ingredientes" e "taxas" são exigidos - explica Alnugomi.
Eles rejeitam crianças com deficiência e aquelas cuja mãe morreu no parto acreditando que estão fazendo uma boa ação: eles dizem, o bebê foi para os deuses ou espíritos - isto é, "para casa dos verdadeiros pais".
GÊMEOS
Na Nigéria, se com o tempo eles não forem mais parecidos, eles acreditam que um deles morrerá em breve. Os pais começam a se vestir e pentear os cabelos da mesma maneira, apenas para enganar o destino maligno. “Em nosso país, eles pensam que os gêmeos têm uma alma e um destino para dois", explicou o analista político nigeriano Victor Asige à RIA Novosti.
Naquele país, a feitiçaria é proibida por lei e é punível com prisão. Até as crianças podem ser culpadas. Nos últimos anos, de acordo com dados oficiais, cerca de 15 mil pessoas foram reconhecidas como feiticeiros e bruxas, entre as quais há muitos adolescentes e crianças pequenas. A maioria foi expulsa de casa.
Em Angola, crianças órfãs são suspeitas de estarem “possuídas por demônios”. Estas, são espancadas, acorrentadas, não alimentadas, enviadas para abrigos ou jogadas na rua.
Em algumas "famílias", muitos menores são declarados feiticeiros somente para que a "família" se livre da "boca extra".
Ativistas locais de direitos humanos são contra essa brutalidade. O humanista nigeriano Leo Igwe ficou gravemente ferido ao tentar resgatar dois adolescentes acusados de bruxaria no estado de Akwa Ibom, no sul do país. Ele foi preso e espancado. Leo Igwe considera tudo isso uma consequência da superstição.
DINHEIRO
Menino acusado de feitiçaria e agredido pelos pais em uma enfermaria do Centro Pediátrico Kimbondo, na República Democrática do Congo.
As autoridades dizem que tentam educar a população (🤡🎪Na África inteira tem uns 100 anos que 'otoridades, especialistas, pilantropos, a ONU tentam... estão tentando...).
Existem unidades policiais especiais para combater os assassinatos rituais. Mas, na maioria dos casos, isso é inútil, já que muitos policiais também têm medo dos feiticeiros e são propen💲o💲 a fechar os olhos para os crimes.
Os líderes tribais, que julgam os casos, também ganham dinheiro com os "feiticeiros". Muitas vezes, os julgamentos de "bruxas" são arranjados. Praticamente não há punição.
O suspeito deve pagar ao líder uma quantia considerável e trabalhar para ele por cerca de um mês de graça. Os curandeiros locais prosperam, vendendo vários rituais e removendo "resíduos" (maldição, baixo astral, encosto, etc.).
Não há nada igual nos países árabes do norte do continente. Tudo ocorre na África Subsaariana - a chamada África Negra, que reúne mais de quarenta países.
A África do Sul, uma das nações mais prósperas, não é exceção. Ali, existem as são bruxas oficialmente registradas. De acordo com a lei, para os não registrados há uma multa de 40 mil dólares ou dez anos de prisão.
Esses caçadores de bruxas e amaldiçoados atuam mesmo fora da África. Quando emigram, levam junto suas crenças.
Na Grã-Bretanha, foram registrados 80 casos de violência contra crianças suspeitas de bruxaria durante o ano. Isso aconteceu em famílias de pessoas do Congo.
Os menores foram torturados, espancados e torturados. Mas se na Europa muitas organizações podem proteger uma criança, na África a situação é diferente. Mudanças parecem impossíveis no atual cenário da política mundial posto que antes de tudo é necessário destruir a mais poderosa de todas as maldições: a corrupção sem fim dos agentes públicos.
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NOVEMBRO, 2010
Na África do Sul existe um movimento de medicina alternativa que assumidamente utiliza partes de corpos e órgãos internos de mortos na produção de poções supostamente curativas de males físicos e/ou espirituais. MATÉRIA COMPLETA
FONTE:
Сожженные ведьмы и проклятые дети. На какие преступления толкают суеверия
РИА Новости (RIA Novosti), 10 de Outubro de 2021
https://ria.ru/20211010/witches-1753729450.html