domingo, 8 de setembro de 2024

📚 A HISTÓRIA DE KRISHNA

biografia
por @LigiaCabus


A Trimurti Hindu: Brahma, oincognoscível Criador. Vishnu, o agente da criação, a esqueda da imagem. Shiva, o Destruidor, a direita.

Vishnu é a segunda pessoa da Trindade hindu, a Trimurti. Nesta Trindade, em analogia superficial com a Trindade Católico-cristã, Brahma é o Pai, Vishnu é o Filho e Shiva, o Espírito Santo.

Um avatar é a encarnação de um ser superior, um Deva, para uns; o próprio Ser Supremo para outros — Deus entre os homens e, de fato, segundo as escrituras indianas, a vida de Krishna na Terra foi decidida nas esferas do céu. No Bhagavat-Gita ou O Canto do Senhor, o próprio Krishna explica ao discípulo Arjuna sua encarnação:

Oh Arjuna, tanto vós como eu temos passado por muitos nascimentos... Embora eu seja não-nato e de natureza imutável, e embora eu seja o Senhor de todos os seres, ainda assim, governando minha Prakriti [natureza, matéria primordial] e pelo meu próprio Maya, assumo a condição de ser. Ó Bharata [Arjuna], sempre que há declínio da virtude e predominância do vício, encarno-Me. Para a proteção do bom e destruição dos mal-feitores e para o restabelecimento do Dharma [virtude e religião, ou a Lei] sou nascido de era em era. 
[BAGHAVAD-GITA - trad. Sodré Vianna  In A Sabedoria da Índia de Lin Yutang. Rio de Janeiro: Pongetti, 1955 - p 77]

O guru krishnaísta Sua Divina Graça Swami Prabhupãda, Fundador-Ãcãrya da Sociedade Internacional da Consciência de Krishna, relata o episódio da encarnação de Krishna segundo o décimo canto do Srimad-Bhãgavatam de Srila Vyãsadeva:
O nascimento de Krishna: Ele se manifestou na forma de Vishnu, com seus quatro braços e todos os seus atributos. Devaqui e Vasudeva tiveram certeza que traziam ao mundo o Filho de Deus. 

Uma vez, o mundo se viu sobrecarregado com a força defensiva desnecessária de diferentes reis, que na realidade eram demônios mas se faziam passar pela ordem real. Nesse tempo, o mundo inteiro ficou em desordem, e a divindade predominante desta terra, conhecida como Bhumi foi ter com o Senhor Brahma para falar-lhe das calamidades causadas pelos reis demoníacos. ...

Então mobilizaram-se o Senhor Brahma e todos os Devas para consultar a Suprema Personalidade de Deus, Vishnu, que revelou seu próprio aparecimento, muito em breve, na Terra juntamente com Suas poderosas potências supremas, e enquanto Ele permanecesse no planeta Terra para executar Sua missão de aniquilar os demônios e estabelecer os devotos, os semideuses também deveriam permanecer ali para ajudá-lo. Todos eles deveriam nascer imediatamente na família da dinastia Yadu, onde o Senhor também apareceria na ocasião oportuna.

OS NOMES DE KRISHNA

Krishna é conhecido por vários outros nomes e títulos. 

A tradição Gaudiya tem uma lista com 108 nomes. Os mais usados incluem:

Adidev: O Senhor dos senhores
Balgopal: O Todo Atrativo; o menino Krishna
Chaturbhuj: O Senhor dos quatro braços
Dayalu: Depósito de toda a compaixão
Govinda: Aquele que agrada as vacas, a Terra e a natureza inteira
Gyaneshwar: Senhor do Conhecimento
Hari: O Senhor da Natureza
Jagadisha: O Protetor de todos
Kamalnayan: O Senhor que tem os olhos como o lótus
Manohar: Senhor da beleza
Murali: Senhor de toda a doçura; Senhor da flauta
Narayana: O refúgio de todos
Prabrahmana: A Suprema e Absoluta Verdade
Ravilochana: Aquele cujos olhos são o Sol
Trivikrama: Vencedor de todos os três mundos
Upendra: Irmão de Indra
Vishwatma: Alma do universo
Yogi: O Mestre Supremo

O local de seu nascimento é conhecido atualmente como Krishnajanmabhoomi, onde um templo foi erguido em sua honra. 

In WIKIPEDIA | PT  

AS DEZ ENCARNAÇÕES DE VISHNU — Para os hinduístas [religiosidade popular], os brâmanes [sacerdotes Iniciados] e teósofos [budismo-bramânico no Ocidente], Vishnu encarnou-se em 10 diferentes formas (animal e humana) para salvar o mundo do desastre. As dez encarnações de Vishnu são:

1) Matsya - tomando a forma de peixe [fig. esq.]

2) Kurma - tomando a forma de tartaruga

3) Varaha - tomando a forma de javali

4) Narasimha - tomando a forma de metade homem e metade leão

5) Vamana - tomando a forma de um anão

6) Parasurama - tomando a forma de "Rama" com um machado

7) Rama - o príncipe de "Ayodhya" em forma humana

8) Krishna - uma das mais reverenciadas encarnações de Vishnu em forma humana. 

9) Buddha (ou Buda) - encarnação humana como príncipe Sidarta Gautama, o Buda Sakyamuni [560-480 a.C..]

10) Kalki - montando um cavalo, em forma humana.


Existem duas versões do nascimento de Krishna e a diferença fundamental entre elas refere-se à mãe do avatar, a princesa chamada Devaqui. 

Na lenda, Devaqui concebe virgem, tal como, séculos e séculos depois, Maya concebeu Sidarta Gautama, o Buda Sakyamuni e Maria concebeu Jesus. 

Nos registros históricos recolhidos em escrituras indianas, como Mahabharata, o Harivamsa, Bhagavat Purana e Vishnu Purana, Devaqui é casada com Vasudeva. Nas duas versões, porém, o contexto histórico e as personagens são os mesmos.

LENDA E HISTÓRIA

A versão lendária, apresentada abaixo, onde uma Devaqui virgem que concebe o Filho de Deus, foi extraída da obra de Édouard Schuré, Os Grandes Iniciados:

[Exilada de sua pátria, vivendo entre os anacoretas, um dia, Devaqui caiu em êxtase profundo]. ...Dir-se-ia que pelos seus ouvidos perpassava uma música celeste, como que o marulhar de um oceano de harpas e vozes divinas. Súbito, o céu abria-se em abismos de claridade. Milhares de seres esplêndidos a contemplavam, enquanto no brilhar de um raio fulgurante lhe aparece, sob forma humana, o sol dos sóis, Mahadeva [O Deus do Deuses, o Maior dos Deuses]. E, então, tendo sido fecundada pelo Espírito dos Mundos, ela perdeu o conhecimento, e, em um alheamento da terra, em uma felicidade sem limites, concebeu filho divino. 

[KRISHNA Col. Os Grandes Iniciados nº 2. Édouard Schuré - trad. Domingos Guimarães. São Paulo: Martin Claret, 2003]
O rei Kamsa é admoestado pela deusa Durgã, que tomou o lugar de Krishna no berço. 

O Krishna histórico é um personagem que aparece em referências de várias escrituras sagradas indianas. Tal como outros grandes mestres da Humanidade, Khrisna nasceu em família real - como Buda, que era príncipe do clã Sakyamuni; como Jesus, que pertencia à Casa do Rei Davi.

Krishna veio ao mundo na dinastia de Matura [Mathura ou Madurá], governante do país de Matura [hoje, no estado indiano de Uttar Pradesh]. 

Filho da princesa Devaqui com o sábio Vasudeva, era sobrinho do rei Kamsa que, sequioso de poder, assumira o trono depois de encarcerar o próprio pai. Devaqui era irmã de Kamsa [outras versões, dizem prima]. 

Além de trair o pai [rei Ugrasena], Kamsa, em sua ambição, aliou-se ao mago negro Calanemi, rei dos Iávanas, "rei das serpentes", seguidor da sangrenta deusa Kali, amigo dos demônios raksashas.

Kamsa firmou sua aliança casando-se com a pérfida filha de Calanemi, a princesa Nixcumba. Logo, Nixcumba tornou-se a favorita do rei Kamsa. Ele estava totalmente enfeitiçado pelos encantos da mulher. 

Ela, em conchavo com o pai, que pretendia expandir cada vez mais seus domínios sombrios, ansiava por conceber um filho. A criança herdaria o país de Mathura. Entretanto, Nixcumba não engravidava. Fez todas magias, todos os rituais, mas seu corpo permanecia estéril como a areia do deserto.

Foram, então, convocados todos os magos e sacerdotes para que fizessem uma poderosa invocação aos deuses em favor da fertilidade de Nixcumba. 

Os oráculos, porém, confirmaram a esterilidade da princesa e ainda indicaram aquela que seria a mãe do herdeiro de Mathura: Devaqui, irmã do rei, casada com o sábio Vasudeva, que tinha 16 esposas.

Segundo a previsão, o oitavo filho de Devaqui [algumas versões dizem o sétimo] estava destinado a reinar em Mathura. Deste momento em diante, Kamsa e Nixcumba, passaram a tramar contra a vida de Devaqui e sua prole. 

Como primeira providência, o casal foi preso, para que não tivesse filhos sem que o rei soubesse; cada filho deveria ser apresentado a Kamsa e este, decidiria o destino da criança. O plano era matar todos os filhos de Devaqui, uma medida de precaução.

Diz-se que Kamsa foi o mais demoníaco de todos os reis da dinastia Bhoja. Imediatamente após ouvir a profecia do céu, ele agarrou o cabelo de Devaki e estava a ponto de matá-la com sua espada. 

...Vasudeva pediu que Kamsa não tivesse inveja de sua irmã recém-casada. Não se deve ter inveja de ninguém porque a inveja é a causa do temor tanto neste mundo como no próximo quando se está perante Yamarãja (o senhor do castigo depois da morte). 

Vasudeva apelou para Kamsa em favor de Devaki, afirmando que ela era a sua irmã mais nova. ..."A situação é especialmente tão delicada", concluiu Vasudeva, "que se você matá-la, irá de encontro à sua alta reputação".

[In O LIVRO DE KRISHNA — BHAKTIVEDANTA SWAMI PRABHUPÃDA]

KAMSA "HERODES"

Kamsa matou seis crianças que Devaqui gerou; a sétima, Devaqui abortou num episódio curioso pois, este filho, não-nascido, reencarnaria, logo após a morte no ventre da mãe, em outro menino que estava sendo concebido, naquele momento, pela sexta esposa de Vasudeva, Rohini. De certa forma, por meio da reencarnação, o sétimo filho de Devaqui sobreviveu e foi chamado Balaramã.

Quando Devaki ficou grávida pela sétima vez, dentro de seu ventre apareceu uma expansão plenária de Krishna conhecida como Ananta [ou Sesa]. Devaki foi dominada tanto pelo júbilo quanto pela lamentação. 

Ela estava jubilante, pois podia compreender que o Senhor Visnu Se abrigara dentro de seu ventre, mas ao mesmo tempo lastimava-se, porque logo que seu filho aparecesse, Kamsa O mataria. Nessa ocasião, Vishnu, a Suprema Personalidade de Deus, compadecendo-se do estado de pavor dos Yadus [homens santos], causado pelas atrocidades cometidas por Kamsa, mandou que Sua yogamãyã (ou Sua potência interna) aparecesse.

Assim, o Senhor informou a Yogamãyã: 

"Devaki e Vasudeva encontram-se na prisão de Kamsa e neste momento Sesa, minha expansão plenária, está dentro do ventre de Devaki. Você pode arranjar a transferência de Sesa do ventre de Devaki para o ventre de Rohini. Depois deste arranjo, vou aparecer pessoalmente no ventre de Devaki com Minhas potências completas. Então aparecerei como o filho de Devaki e Vasudeva. E você aparecerá como a filha de Nanda e Yasoda em Vrndãvana [em Gokula]". [Idem]
Balaramã, foi companheiro de Krishna em suas aventuras e na versão histórica, ambos terminaram seus dias na "cidade de ouro" de Dawaraka, na costa sul indiana.

A criança nasceu com todos os atributos da divindade: 

"...quatro mãos, segurando o búzio, a maça, o disco e a flor de lótus... usando o colar adornado com a pedra kaustubha, vestido em seda amarela, deslumbrante como uma brilhante nuvem negra, usando um elmo ornado com a pedra vaidurya, valiosos braceletes, brincos e outros ornamentos similares por todo o Seu corpo e muito cabelo sobre Sua cabeça"
[PRABHUPÃDA].

O prodígio. desta forma e atributos sobrenaturais, ao nascer, foi a maneira direta de Vishnu-Krishna fazer saber a seu pai terreno, Vasudeva, que ali estava o Filho de Deus. Outros fenômenos manifestaram-se, na Terra e em todo o Universo glorificando a chegada do Deus que ia estar entre os homens

Entretanto, a manifestação terrena do avatar, o corpo físico do recém-nascido Krishna, era um corpo mortal e, portanto, ainda sujeito a ser morto rei Kamsa, tal como acontecera aos seis irmãos que o precederam. Por isso, depois de se revelar em aspecto divino a Vasudeva e Devaqui, Krishna assumiu a forma humana, um bebê como tantos outros.

Vasudeva, percebendo o perigo da situação, afligia-se, pois Kamsa logo saberia do nascimento do oitavo filho de Devaqui. Todavia, o próprio Krishna resolveu o problema. Ele disse: 

"Sei que vocês estão muito preocupados coMigo e com medo de Kamsa. Por isso ordeno que Me levem imediatamente para Gokula e Me substituam pela filha que acaba de nascer de Yasodã". Para sair do palácio levando a criança, Vasudeva contou com o auxílio miraculoso dos Devas:

Conforme ordenou-lhe a Suprema Personalidade de Deus, Vãsudeva tentou tirar seu filho do quarto do parto, e exatamente nesse momento nascia uma menina de Nanda e Yasodã. Ela era Yogamãyã, a potência interna do Senhor. Pela influência desta potência interna (Yogamãyã), todos os residentes do palácio de Kamsa, especialmente os porteiros, foram dominados por um sono profundo, e todas as portas do palácio se abriram, embora estivessem trancadas e agrilhoadas com correntes de ferro. A noite estava muito escura, mas logo que Vãsudeva pôs Krishna em seu colo e saiu, ele pôde ver tudo exatamente como se estivesse à luz do sol.

Todas as portas da prisão se abriram automaticamente. Ao mesmo tempo trovejou no céu e caiu uma chuva torrencial. Enquanto Vãsudeva levava seu filho Krishna debaixo da chuva, o Senhor Sesa na forma de uma serpente estendeu Seu capelo sobre a cabeça de Vãsudeva para que a queda da chuva não o dificultasse. Vãsudeva alcançou as margens do Yamunã e viu que as águas do Yamunã bramiam onduladas e que toda a extensão do rio estava cheia de espuma. Ainda assim, o rio furioso abriu passagem para Vãsudeva atravessar, como o grande Oceano Índico abriu um caminho para o Senhor Rãma enquanto Este construía uma ponte sobre o golfo.

Dessa maneira, Vãsudeva atravessou o rio Yamunã. Chegando ao outro lado, Vãsudeva se dirigiu à casa de Nanda Mahãraja situada em Gokula, onde encontrou todos os pastores de vacas dormindo profundamente. 

Ele aproveitou a oportunidade para entrar silenciosamente na casa de Yasodã, e sem dificuldade trocou seu filho pela menina que acabara de nascer na casa de Yasodã

Então, depois de entrar silenciosamente na casa e de trocar o menino pela menina, ele regressou à prisão de Kamsa e em silêncio colocou a menina no colo de Devaki. Vãsudeva se algemou novamente para que Kamsa não pudesse se aperceber de que tinham acontecido tantas coisas. [Idem]

Como se viu no começo da história, quando Vishnu decidiu se manifestar na Terra em forma humana, também muitos os Devas ou semi-deuses, deveriam encarnar como auxiliares físicos e metafísicos da divindade. Personagens como Rohini, que abrigou em seu ventre e deu a luz a Balaramã; e Yosodã, cuja filha tomou o lugar de Krishna; e a própria menina, chamada Yogamãyã ou a deusa Durgã em forma humana, além de Devaki e Vasudeva, todos são devas encarnados à serviço do Filho de Deus.

PERSEGUIÇÃO DO REI KAMSA
Um daitya chamado Trinâvarta, mercenário contratado por Kamsa, na forma de um redemoinho chegou a sequestra o pequeno Krishna. A ação foi frustrada.

Kamsa, logo ficou sabendo que sua irmã dera à luz outro filho. Dirigiu-se imediatamente à prisão a fim de matar mais uma criança e, desta vez, a criança mais perigosa. 

Porém, Krishna já havia sido trocado no berço. Ali acomodava-se agora a menina Yogamayã, contra quem o rei demônio dirigiu sua fúria.

Porém, o corpo da recém-nascida, animado por uma potência de Vishnu, assumiu a forma a deusa Durgã e repeliu o carrasco. 

Durgã censurou o comportamento de Kamsa e revelou: o menino que ele procurava havia nascido e vivia longe dali. Depois disso a deusa desapareceu, retornando à sua morada planetária.

Frustrado e amedrontado, Kamsa reuniu seus conselheiros, todos demônios, que deliberaram matar todos os meninos nascidos em Mathura nos últimos dez dias

Certamente o 8º filho de Devaqui seria alcançado por essa medida. Resolveram, também, que a melhor maneira de derrotar Vishnu e suas "encarnações" era atacar todos os seus devotos e, assim, iniciaram uma dura perseguição aos anacoretas, os sábios religiosos.

Para matar os meninos foram requisitados os serviços de demônios do tipo Putanã, bruxas que dominavam poderosos feitiços do mal. Enquanto isso, Krishna era festejado no seio da família de Yosodã. Yosodã era mulher de Nanda, tio de Krishna, irmão de Vasudeva. Nanda era um marajá que liderava uma comunidade de pastores em Gokula, localidade do norte da Índia.
Naqueles dias, chegou a Gokula uma das putanãs, disfarçada, com a aparência de uma bela e distinta mulher. Introduziu-se na casa de Nanda e Yosodã e acercou-se de Krishna. 

Tomou o menino nos braços e lhe ofereceu o seio, que havia untado com um veneno fatal. Krishna soube perfeitamente que se tratava de uma assassina, não queria fazer mal a nenhum ser vivente porém sua missão era exterminar todos os demônios que corrompiam a Terra.

A putanã foi o primeiro demônio eliminado. Krishna aceitou o seio mas, ao sugar o leite, o veneno, em nada o afetou; ao contrário, a demônia, a ter o leite sugado, viu esvair-se junto toda a sua energia vital e morreu instantaneamente. Krishna começou sua vida e sua missão derrotando seus inimigos.


KRISHNA: PROEZAS DE INFÂNCIA E DA JUVENTUDE


Krishna derrota a serpente Kaliya, de cem cabeças, no rio Yamuna

Quando era apenas um bebezinho e nem mesmo enxergava direito, ele matou Pütanã, uma terrível demônia... Quando tinha um ano de idade, ele foi levado pelo demônio Trnãvarta que estava disfarçado de redemoinho; e embora tivesse sido levado bem alto no céu, Ele simplesmente agarrou-Se ao pescoço do demônio e forçou-o a cair, provocando a morte imediata do demônio.

...Certa vez, quando ele e Balarãma, Seu irmão mais velho, estavam guardando os bezerros na floresta, apareceu um demônio chamado Bakãsura, e Krishna com um golpe bifurcou os bicos do demônio. Quando o demônio conhecido como Vatsãsura, desejoso de matar Krishna, misturou-se com os bezerros que Krishna guardava, Krishna logo descobriu o demônio, matou-o e atirou-o contra uma árvore.

Quando Krishna e Balarãma entraram na floresta de Talavana, o demônio conhecido como Dhenukäsura, na forma de um asno, atacou-Os e foi morto imediatamente por Balarãma, que agarrou-o pelas pernas traseiras e atirou-o contra uma palmeira. Embora Dhenukäsura fosse ajudado por seu bando, que também tinha forma de asnos, todos foram mortos, e então a floresta de Tälavana foi aberta para uso dos animais e habitantes de Vrdãvana.

Quando Pralambãsura misturou-se com os pastorzinhos de vacas, que eram amigos de Krishna, Este fez com que Balarãma o matasse. Depois disso Krishna salvou seus amigos e vacas de um violento incêndio na floresta e castigou a serpente Käliya, que se encontrava no lago Yamunã, obrigando-a a deixar as proximidades do rio Yamunã; desse modo, Ele desenvenenou as águas do Yamunã. 
[PRABHUPÃDA - Histórias de Krsna p 26]

INFÂNCIA E JUVENTUDE DE KRISHNA

O garoto cresceu entre os pastores de Gokula, relativamente afastado do mundo de corrupção e violência instituído pela perversidade do rei Kamsa. 

Krishna era muito alegre, entretanto, cada vez mais freqüentemente, o "radiante" tinha momentos de profunda introspecção. Sua face ficava sombria e afastava-se de todos. Parecia preocupado com um dilema de difícil solução. Buscava o sentido de sua vida.

Por mais que a comunidade de pastores de Gokula estivesse relativamente à salvo de perseguições, o rei Kamsa continuava matando os homens santos e sua maldade se espalhava por toda a Índia. Aos 15 anos, Krishna, em um de seus afastamentos, teve uma visão. 

Apareceu-lhe Vasixta, o mais sábios entre os sábios. Era velhíssimo. Envolto em auréola de luz, disse ao jovem: "O que procuras encontra-se junto àquele que nunca muda. Procura. Neste mundo, Tu degolarás o touro e esmagarás a cabeça da serpente. Filho de Mahadeva, Tu e eu formamos apenas Um, N'Ele. Procura-O. Procura sempre" — Vasixta abençoou Krishna e desapareceu.

LENDA & ESOTERISMO: A ASCENSÃO DE DEVAKI
A biografia de Krishna, este relato de mais de 5 mil anos, tem pontos de contradição, onde lenda e fato histórico se misturam. Mas não se trata apenas de lenda e história, misturam-se também, realidade física e realidade metafísica. 

Como no episódio do nascimento: em uma versão, Krishna nasce da virgem Devaqui; em outra, nasce da união entre Devaqui e Vasudeva.  

De todo modo, entende-se que Vishnu, o Mahadeva, Grande Deus, serviu-se do veículo físico de Devaqui para nascer como o ser humano Krishna. 

A própria Devaqui, é um Deva, um Espírito Superior encarnado para servir ao Criador de Todas as Coisas.

O destino de Devaqui também tem duas versões. 
A Devaqui que concebe virgem, foge. Com a ajuda dos Devas, ela escapa à sanha assassina de seu irmão, o rei Kamsa. 

Encontra abrigo entre os anacoretas, homens santos que vivem no coração da floresta, devotos de Vishnu, seguidores do guru Vasixta [citado acima]. Krishna nasce e cresce, até os 15 anos, ignorando tudo sobre sua origem. 

Conhece apenas sua mãe, Devaqui, a quem adora. Então, Devaqui "desaparece". Conta a lenda que ela ascendeu, subiu aos céus, em mais uma "coincidência" [?] com as histórias de Maya, mãe do Buda Sakyamuni, e Maria, mãe de Jesus.

Em Os Grandes Iniciados [Schuré, 2003], Devaqui desaparece quando Krishna tinha 15 anos, ou seja, na época em que o avatar começa a sentir se aproxima o momento de começar sua missão. 

As depressões de Krishna são explicadas pela tristeza que lhe causa a ausência da mãe. Ele encontrará Devaqui mais tarde, em uma "visão" 
ou transcendência, nas "esferas celestiais":

"Um clarão fendeu o céu negro e Krishna tombou por terra... Enquanto seu corpo se tornava insensível, a sua alma... ascendia aos espaços... "

Krishna mergulhou num oceano de luz e Krishna viu Devaqui. Milhares de Devas vinham banhar-se no resplendor que irradiava da Virgem-Mãe... Krishna sentiu que era o Filho, a alma divina de todos os seres, a Palavra de Vida, o Verbo Criador... "

KRISHNA, O GUERREIRO
Krishna e o príncipe Arjuna na batalha entre os Pandavas e os Kurus, narrada no épico Mahabharata 

A aparição, as palavras do sábio Vasixta, iluminaram o entendimento de Krishna. Ele, que desde criança matara inúmeros demônios, salvando a si mesmo e a seus amigos, deveria, agora, combater para salvar o mundo. Voltou à comunidade e, reunindo seus companheiros, conclamou-os: "Lutemos contra os touros e as serpentes; defendamos os bons e esmaguemos os maus" [SCHURÉ, 2003].

Ora, Krishna era muito amado; Ele é o "todo atrativo"; assim, os pastores transformaram-se em guerreiros que enfrentaram tiranos e "libertaram tribos oprimidas" [Idem]. 

Khrisna foi vitorioso em todas as suas lutas porém não encontrava o sentido da vida e meditava nas palavras do sábio Vasixta.

Um dia ouviu falar de Calanemi. Soube que era o rei da serpentes e decidiu ir ao encontro do bruxo. Diante de Calanemi, pediu para lutar com o mais terrível dos monstros entre os que serviam ao soberano das víboras, a serpente Kâlyia: "...um enorme réptil de um  azul esverdeado... o corpo espesso ...a crista vermelha ...o olhar penetrante ...a cabeça monstruosa coberta de escamas luzidias". [SCHURÉ, 2003 p 67].

[Krishna] Olhou a serpente e lançou-se de súbito sobre ela, agarrando-a por debaixo da cabeça. O homem e a serpente rolaram então pelas lájeas do templo. Mas, antes que o réptil pudesse enlaçá-lo nos seus anéis, Krishna decepou-lhe a cabeça com um golpe de seu alfanje e, desprendendo-se do corpo que ainda se retorcia, o moço vencedor ergueu na mão esquerda a cabeça da serpente.

Esta cabeça, porém, vivia ainda; olhava obstinadamente Krishna e dizia-lhe: "Por que é que me mataste, filho de Mahadeva? Crês encontrar a verdade aniquilando o que vive? Insensato! Ah! Não a encontrarás senão quando tu próprio agonizares. A morte está na vida, a vida está na morte... "

KRISHNA, MESTRE ESPIRITUAL

Impressionado com que a serpente dissera, Krishna abandonou suas lutas e voltou a Gokula. Ali, triste notícia o esperava: o sábio Vasixta morrera, assassinado pelo rei Kamsa. "Os anacoretas saudaram Krishna como o sucessor esperado de Vasixta" e entregaram a ele o bordão de sete nós, símbolo do poder espiritual.

Em seguida, Krishna retirou-se para o monte Meru [no Tibet, hoje] para ali meditar a sua doutrina e descobrir a via da salvação humana. Duraram sete anos as suas meditações e as suas austeridades. Passado esse tempo, ele sentiu que a sua natureza divina dominara sua natureza terrena para merecer o nome de filho de Deus. Só então chama a si os anacoretas, os moços e os velhos, a fim de lhes revelar sua doutrina....

Depois de ter instruído seus discípulos sobre o monte Meru, Krishna transportou-se com eles à beira dos rios Yamunã e Ganges, a fim de ensinar o povo. Entrava pelas cabanas  e demorava-se nas vilas. A multidão agrupava-se à sua volta... O que ele pregava ao povo era, acima de tudo, a caridade para com o próximo. [SCHURÉ, 2003]

Enquanto isso, Kamsa, que continuava perseguindo os religiosos seguidores de Vishnu, ficou sabendo das aventuras de Krishna. O próprio bruxo Calanemi contara sobre como o herói cortara a cabeça do mais monstruoso réptil do mundo. Kamsa sabia, portanto, que o filho de Devaqui sobrevivera e, segundo a profecia, deveria matá-lo e reinar sobre Maturá.

O rei demônio vivia em estado de pavor. Quando foi informado que Krishna se tornara um líder anacoreta, ainda assim não sossegou. Ao contrário, decidiu que era chegada a hora de exterminar de vez aquela ameaça. Mandou um grupo de soldados prenderem o Mestre que pregava às margens do rio Ganges. Porém, os soldados, chegando ao rio, vendo Krishna, ouvindo Krishna, desistiram de seus propósitos e, ao invés de prenderem Krishna, tornaram-se discípulos dele.

Inconformado, Kamsa convocou seus mais notáveis guerreiros e designou que trouxessem o inimigo acorrentado. Mas também estes, ao escutarem a doutrina, retornaram ao palácio e disseram ao rei: 

"Não pudemos trazer este homem. É um grande santo e nada tens a temer dele. Vendo o rei que tudo era inútil, fez triplicar os guardas e reforçar com cadeias de ferro todas as portas da cidade. Um dia, porém, ouviu um grande tropel nas ruas, gritos de alegria e triunfo". [SCHURÉ, 2003].

O povo tinha forçado as portas e Krishna entrava em Maturá. Seguiam-no seus discípulos e muitos anacoretas. A multidão aclamava o Mestre, os bramanes saudavam o filho de Devaqui, vencedor da serpente, o herói do Monte Meru, profeta de Vishnu. 

Sem que nenhum obstáculo se interpusesse em seu caminho, entrou no palácio onde encontrou o rei Kamsa, acossado por seus próprios guardas,  amedrontado; e a rainha Nixcumba, destilando seu veneno, enrodilhada num canto. Krishna diz a Kansa:

Tu não tens reinado senão pela violência e pelo mal. Merece mil mortes porque assassinaste o velho Vasixta. Todavia, não morrerá ainda. Quero provar ao mundo que não é matando que se triunfa dos inimigos vencidos, mas sim perdoando-lhes. [SCHURÉ, 2003]

Kamsa e a pérfida rainha foram exilados sob a vigilância dos brâmanes. Quanto ao trono de Madurá, Krishna abriu mão, não queria reinar. 

Entre seus discípulos existia um especialmente nobre, de estirpe e de espírito: Arjuna, um Pandava, herdeiro dos reis solares, opositores dos reis lunares, os Kurus, que dominavam a Índia naqueles tempos. Arjuna tornou-se rei de Madurá mas a autoridade suprema foi concedida aos brâmanes, sacerdotes de Vishnu, que formaram um conselho.

O conselho dos brâmanes foi instalado em uma povoação que Krishna fez construir para manter os líderes à salvo de perseguições. Esta povoação, chamada Duarca, localizada entre entre as montanhas, era defendida por uma alta muralha. Ali foi erigido um templo dos Iniciados, cujo centro ocultava-se no subterrâneo.

MAHABHARATA
A GUERRA ENTRE OS PANDAVAS E OS KURUS
A ascensão de Arjuna, um guerreiro solar, ao trono de Madurá, desagradou imensamente os reis lunares que governavam reinos e principados indianos. 

Era um avanço dos adeptos da luz que não podia ser tolerado pelos devotos das sombras. Deflagrou-se uma guerra; Pandavas e Kurus preparavam-se para um sangrento combate.

Arjuna, líder dos Pandavas, contemplava a movimentação dos exércitos na planície. Seu coração estava apertado. Estava tomado pela tristeza. Era um discípulo de Krishna e tinha tomado horror às matanças, posto que todos os seres viventes eram filhos de Mahadeva.

Arjuna fraquejava justamente quando a luta estava prestes a começar. Neste momento, Krishna, que deveria estar em Duarca, apareceu para socorrer Arjuna em sua inquietação. O diálogo que se segue entre Arjuna e Krishna é uma das passagens mais famosas do Bagavad-Gitã.

O problema de Arjuna era ter de matar pessoas, muitas, conhecidas dele, outras tantas, parentes de sangue, todos seres vivos, filhos de Deus. 

Apesar de Pandavas e Kurus estarem em lados opostos, havia entre eles complexos laços de família. Não seria, toda aquela violência, contrária a tudo o que ensinava a doutrina?  Krishna dissipa as dúvidas de Arjuna apresentando a doutrina do Carma:

Eu e tu, e todos estes guiadores de homens havemos existido sempre e não cessaremos jamais de existir... Aqueles que vêem essa essência real, vêem a eterna verdade que domina a alma e o corpo. Sabe, pois, que o que atravessa todas as coisas está acima da destruição. 

Ninguém pode destruir o Indestrutível. Tu sabes que estes corpos durarão pouco. Mas os videntes sabem, também, que a alma neles encarnada é eterna, indestrutível e infinita. Eis aí porque vais combater, filho de Baratha!

Os que crêem que a alma pode matar ou que ela pode ser morta enganam-se igualmente. Ela não mata nem morre. Ela não nasceu nunca nem nunca morrerá... Assim como uma criatura se desnuda de roupas velhas para se apossar e outras novas, assim a alma rejeita esse corpo para tomar outros. Nem a espada nem o cutelo a corta; nem o fogo nem a chama a queima... Duradoura, firme, eterna, ela atravessa tudo... [SCHURÉ, 2003]

Os Pandavas venceram a batalha que foi contata na aventura épica chamada Mahabaratha, um dos livros do Bagavad-Gita, o Canto do Senhor.

A MORTE DE KRISHNA

Estudiosos das escrituras hindus, comparando textos do Bhagavad Purana e do Bhagavad Gita, concluíram que Krishna morreu  em 3.100 a.C.. Porém, a morte de Krishna, é envolta em mistério de renúncia e maldição.

Depois da Guerra dos Baratha, Krishna e seu irmão Balarãma estabeleceram-se ao sul da Índia, onde teriam fundado a cidade de Dwaraka

Reinaram por 36 anos. Balarãma, como outros personagens lendários, não morreu; usando a disciplina do ioga, Balarãma transcendeu a corporeidade física alcançando as esferas celestiais.

Krishna, segundo o Mahabharata, retirou-se na floresta e mergulhou em meditação. Ali teria morrido em virtude de uma maldição proferida por Gandhari, que perdeu os filhos na batalha entre os Pandavas e Kurus. Ela culpava Krishna por não ter impedido a matança. Krishna, conformou-se com a maldição e morreu.

Na versão contada por Schuré, em Os Grandes Iniciados, Krishna escolhe morrer deixando-se apanhar em emboscada por arqueiros enviados por seu velho inimigo, o rei Kamsa. Kamsa, que escapara à vigilância dos brâmanes, refugiou-se junto ao sogro, o bruxo Calanemi e passou a tramar a destruição de Krishna.

O profeta havia compreendido... que para fazer aceitar aos vencidos a sua religião, seria mister conseguir sobre a sua alma uma vitória mais difícil que as das armas. 

Da mesma forma que o santo Vasixta tinha sido varado por uma flecha [de Kamsa] ...da mesma maneira Krishna devia morrer voluntariamente às mãos de seu inimigo mortal para implantar no coração de seus adversários a fé que pregava aos seus discípulos e ao mundo. ...Partiu, pois, para uma ermida que se encontrava em um lugar selvático e desolado, junto aos altos cimos do Himavant [Himalaia].

Até então, Krishna, com o poder de seu Espírito, havia impedido os ataques de Kamsa. Em seu derradeiro retiro, o Mestre cessou de resistir. 

Durante sete dias meditou enquanto seus perseguidores avançavam. Enfim, chegaram os soldados. Arrancaram o santo do êxtase, insultaram-no, apedrejaram-no

Nada abalava Krishna. Então, agarraram-no, acorrentaram-no a um tronco de cedro [um madeiro] e prepararam os arcos. Foram três flechas: na primeira, Krishna chamou por Vasixta; na segunda, abençoou os filhos do Sol e na terceira, disse apenas: "Mahadeva!".

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCHURÉ, Edouard. KRISHNA. 
Col. Os Grandes Iniciados, nº 2 [trad. Domingos Guimarães]. 
São Paulo: Martin Claret, 2003]
PRABHUPÃDA, Sua Divina Graça Swami. Histórias de Krsna — Ed. The Bhaktivedanta Book Trust | Sociedade Internacional da Consciência de Krishna [sem data]
_____________ O LIVRO DE KRISHNA
WIKIPEDIA ENGLISH — Krishna
WIKIPEDIA PORTUGUÊS — Krishna
IMAGENS: SIRIMAD BAGAVATAM

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

🛕 O FUTURO DO BUDISMO TIBETANO: O 17º KARMAPA DO NEPAL

texto recuperado
17º Karmapa, Gyalwa Karmapa Trinley Thaye Dorje, do Tibete, da escola Karma Kagyu. (foto acima)

Na hierarquia da liderança religiosa budista, a autoridade primeira é o Dalai Lama (Tenzin Gyatso, do Tibete); o "número dois" é o Panchen Lama (da China). 

Uma das atribuições do Dalai Lama é ajudar a identificar, com ajuda de sonhos e visões, a próxima reencarnação do Panchen Lama e vice-versa, posto que a sucessão destes líderes religiosos se faz pela reencarnação ao longo das eras. É o mesmo espírito, o mesmo mestre, que retorna em novo corpo.

Em 1995, o novo Panchen Lama foi identificado; era o garoto Gedhun Choekyi Nyima, que foi capturado pelos chineses e mantido em lugar ignorado até hoje (maio/2007). 

A intenção da China com este gesto foi esvaziar a legitimidade do sucessor posto que, em seguida, o próprio governo chinês apontou "seu próprio" sucessor do Panchen Lama, Gyaltsen Norbu, a quem, portanto, caberá identificar o substituto, a reencarnação do atual Dalai Lama, a partir do momento em que este morrer. Entretanto, este

"Panchen Lama por nomeação" estará sempre sujeito à desconfiança do povo tibetano, uma vez que a tradição mística foi completamente desvirtuada. 

Essa sucessão de Lamas interessa ao governo chinês que, há anos, vem expandindo seu domínio sobre o Tibete onde já possui enorme colônia de cidadãos chineses e milícia armada controlando setores da vida nacional tibetana, alcançando até mesmo o cotidiano dos mosteiros.

O Dalai Lama já disse claramente que devido às condições de política opressiva que imperam no Tibete, pretende reencarnar "no estrangeiro", entre os exilados tibetanos que hoje encontram-se espalhados em vários países. 

Diante disso surge a questão: quem poderá identificar a próxima reencarnação do Dalai Lama quando o Panchen Lama perde sua credibilidade entre populares e religiosos?

Essa fragilização do poder político exercido pelos Lamas é precisamente o objetivo da estratégia chinesa ao "dar sumiço" no verdadeiro Panchen Lama.

Entretanto, o sistema sucessório budista tem uma terceira opção: existe um terceiro Lama na hierarquia dos líderes. 

Trata-se do 17º Karmapa, Gyalwa Karmapa Trinley Thaye Dorje, do Tibete, da escola Karma Kagyu, que está apto a reconhecer as reencarnações tanto do Dalai Lama [tibetano] quanto do Panchen Lama [chinês]. 

O atual Karmapa ou Lama tibetano ainda tem a vantagem de ser uma autoridade aceita e respeitada tanto no Tibete quanto na China.

O jovem líder caiu nas graças da juventude chinesa quando, em 1999, escapou da perseguição do governo comunista empreendendo uma fuga espetacular, embarcando em um avião seguido de poucos acompanhantes e voando milhares de milhas do monastério de Tsurpur até Dharamsala, na Índia.

Com 23 anos, em 2006, viajando por vários países, o Karmapa aprendeu a falar seis línguas e possui enorme carisma. 

Com sua personalidade dinâmica, cheio de energia e juventude, disciplinado e digno, extremamente sábio para sua idade, o Karmapa parece ser a garantia que as tradições do budismo tibetano não serão extintas pelo avanço do laicismo chinês e nem ficarão necessariamente restritas às montanhas himalaias.

FONTE 
AFTER LIFE NEWS
WHERE WILL THE NEXT DALAI LAMA COME FROM?
https://web.archive.org/web/20070828235036/http://www.afterlifenews.com/a/1208.html

💀 GOVERNO CHINÊS FISCALIZA REENCARNAÇÃO

texto recuperado
BEIJING: Os "Budas Vivos" tibetanos estão perto de ter suas "reencarnações" sujeitas ao controle e certificação do governo ateísta chinês. 

As novas regras pretendem institucionalizar a legitimidade, ou não, das reivindicadas reencarnações de Budas - ou, Iluminados. 

A regulamentação, que entra em vigor em 1º de setembro, estabelece que toda reencarnação declarada deve ser submetida a especialistas religiosos oficiais para que sejam reconhecidas como legítimas.

A China é governada pelo Partido Comunista que, apesar de ser oficialmente ateísta e, portanto, devia ser neutro nestas questões, ao contrário, mantém um severo controle sobre o Budismo Tibetano e outras religiões. 

Os "Budas Vivos" ou "Iluminados Reencarnados" são um importante elemento do Budismo Tibetano. 

Eles formam um clero de figuras religiosas muito influentes que, segundo a crença, são reencarnações sucessivas de sábios do passado que transcendem as barreiras do tempo tomando novo corpo a cada morte sofrida e permanecendo, assim, sempre presentes no mundo a fim de trabalhar pelo bem da Humanidade.

Frequentemente, mais de um candidato aparece para ser avaliado. Com a aplicação da lei, os novos "reencarnados" deverão ser avaliados por autoridades do governo. 

A nova lei parece feita sob encomenda para o caso do Panchen Lama, um "reencarnante" tradicional de primeira linha, a segunda mais influente personalidade do Budismo Tibetano; o Dalai Lama é o Iluminado mais prestigiado. 

Em 1995, um garoto de seis anos foi reconhecido pelo Dalai Lama como reencarnação do Panchen Lama. Imediatamente, as autoridades tomaram a guarda e desapareceram com a criança. Movimentos de protesto têm exigido que as autoridades chinesas dêem notícias do paradeiro do jovem Lama.

TEXTO CONSULTADO:
Panchen Lama designado pela China faz primeira aparição internacional
FOTO: AFP/File/Mark Ralston
trad.& adapt. @LygiaCabus YOUTUBE CHANNEL
FONTE: NEWS YAHOO | AFP

👻 A REENCARNAÇÃO DO DALAI LAMA

texto recuperado
Na China, mecanismo legal reclama autoridade para escolher o próximo Dalai Lama quando o atual, 14° de sua linhagem, morrer. 

A Administração Estatal de Assuntos Religiosos [China's State Administration of Religious Affairs] instituiu uma regulamentação proibindo a reencarnação de "Budas vivos" ou "santos monges" que não obtiverem aprovação do governo; uma tentativa ostensiva de manipular uma prática com séculos de tradição. 

Os futuros Lamas terão, assim, de ser aprovados pelo Partido Comunista, que é oficialmente ateu.

A nova regulamentação foi anunciada pelo lama tibetano Tubdain Kaizhub, ele mesmo, considerado um "Buda vivo" - ou reencarnação de um Iluminado, vice-presidente da Conferência Consultora da Política Para o Tibet [Tibet's Political Consultative Conference]. 

A decisão, ignorando o ritual religioso e a tradição historica, pretende decidir sobre as reencarnações interferindo nos procedimentos religiosos.

O atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso, 72 anos [2008], considerado um "separatista" pelas autoridades chinesas, auto-exilou-se do Tibet em 1959 depois de escapar das autoridades chinesas empreendendo uma fuga espetacular. Mesmo exilado, ele continua sendo uma personalidade venerada que exerce enorme influência em seu país, Prêmio Nobel da Paz, contando com simpatizantes em todo mundo.

A nova lei, imposta em setembro de 2007, exclui do clero tibetano qualquer monge budista que viva fora da China e que reconheça a reencarnação tradicional dos "Buda Vivos" passando por cima dos mil "Budas vivos" do Tibet e das áreas de Sichuan, Qinghai, Gansu e Yunnan, desde 1991. 

Em 1995, as autoridades da China Cominista e o Dalai Lama escolheram reencarnações "rivais" do 10º Panchen Lama, a segunda figura mais importante da hierarquia lamaísta tibetana. 

O garoto apontado pelo Dalai Lama, na época com seis anos de idade, desapareceu por ação do Governo chinês, fato que tem provocado protestos de grupos internacionais relacionados aos direitos humanos que o denominam "o mais jovem prisioneiro político do mundo".

Sobre a sucessão do Dalai Lama, ele mesmo tem feito algumas declarações interessantes e controversas. 

Em novembro de 2007, o líder espiritual dos tinetanos revelou que seu sucessor, que é ele mesmo reencarnado, poderá nascer fora do Tibet caso ele morra fora daquele país: "Se eu morrer como refugiado, certamente e logicamente, minha reencarnação se fará fora do Tibet". 

Em dezembro do mesmo ano, outra declaração ainda mais polêmica afirma que a próxima reencarnação de Tenzin Gyatso poderá ser uma do sexo feminino.

Embora existam mulheres lamas, ou "Budas vivos", os homens predominam nesta condição.

O Dalai explicou que se o Espírito do lama desencarnado entender que sua reencarnação como mulher será proveitosa para o mundo, a escolha pelo sexo feminino pode ser feita.

Disse, ainda, que seu sucessor poderá encarnar antes de sua morte; deste modo, ele não mais viria ao mundo com Dalai Lama. 

Existe também a possibilidade do novo Dalai Lama ser escolhido pelos mestres anciãos através de um referendum, o que seria um rompimento com a tradição que dura séculos.

Os sucessores do Dalai Lama são escolhidos por um comitê de monges que encontram uma criança nascida depois da morte do Dalai, que, supõe-se, como base em vários indícios, é, de fato, a reencarnação daquele que morreu. 

A questão cresce em importância à medida em que o dalai envelhece, aproximando-se, assim, inevitavelmente, o momento de sua morte.

FONTES
Dalai Lama says successor could be a woman | Telegraph UK - publicado em 07/12/2007
Dalai Lama afirma que seu sucessor será escolhido fora do Tibet | UOL Notícias - publicado em 27/11/2007
No reincarnations without approval | NEWS AUSTRÁLIA - publicado em 23/11/2008

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

💥HORIZONTES DO FIM DO MUNDO

pesquisa & texto: Lygia Cabus
OS MUITOS NOMES DE NIBIRU

Nibiru, este corpo celeste misterioso, é uma realidade nas manchetes e na esfera do pensamento e da preocupação, um problema para uma multidão de pessoas, uma febre de curiosidade, um pesadelo nos dias atuais em todo o mundo.

Mas, a sua verdade, a verdade da sua existência e do que ela representa continua a ser algo de incerto - de obscuro. Algo que transita entre o conhecimento científico e mitologia antiga renascida na pós-modernidade, uma lenda cósmica.

Há milênios, muito antes do escritor e filólogo de línguas mortas Zecharia Sitchin ter ressuscitado seu mito, cada cultura da Terra tem se referido a ele, NIBIRU, com um nome diferente e entendido sua natureza cosmológica de forma diferente, ora como um planeta, ora como um enorme cometa.

De fato, esse mítico astro tem mais de uma dezena de nomes pelos quais foi mencionado e/ou profetizado em textos que pertencem à literatura de variadas correntes de pensamento.

Os cientistas chamam de 1. "Planeta X" ou, ainda  ̶  2. "10º Planeta".

Para o sumérios, é 3. Nibiru.

Entre Babilônios, 4. Marduk, o Rei dos Céus, o Grande Corpo Celestial.

Entre os egípcios é 5.  Neteru, ou 6. Seth, ou 7. Apep (Apophis)

8. Estrela Baal, 9. Celestial Quetzalcoatl ou Tzoltze ek para os Maias.

No texto bíblico aparece como 10. Ajenjo ou, como no Apocalipse (ou Livro das Revelações do apóstolo João), 11. Absinto.

Os mórmons chamam 12. Kolob.

Na Bíblia Kolbrin, é 13. O Destruidor.

Os Espíritas, reconhecem nele o 14. Planeta "Chupão", purgatório ou purificador da Humanidade.

Na cultura dos nativos norte-americanos Hopi é 15. a Estrela Azul e Vermelha.

Para os hebreus, na Antiguidade, o 16. Globo Alado ou, o próprio 17. Yahweh (Jeová).

Para os Fenícios, 18. A grande Fênix.

Os gregos chamaram-no 19. Tiphon ou, ainda 20. Nêmesis.

Na tradição chinesa é 20. Gung-gung, o Grande Dragão Negro e Vermelho.

Na profecia Ramala (Ramallah, profecias de Qur'an ou dos Manuscritos do Mar Morto), é mencionado como o 21. Mensageiro Ardente.

Os Gnósticos chamam-no 22. Hercóbulos.

No Evangelho de Mateus (24: 15-16), é atribuída a Jesus a advertência:

Quando virdes o (23.) abominável devastador, que foi predita pelo profeta Daniel, posta no lugar santo – o que lê entenda – então os que se acham na Judéia, fujam para os montes. Mateus (24: 15-16)

NOSTRADAMUS
Também NOSTRADAMUS, em suas profecias refere-se a este visitante terrível: ele é o 24. O Grande Rei do Terror, O Monstro ou O Novo Corpo Celeste, como, por exemplo, nas quadras abaixo:

Quando o sol ficar completamente eclipsado;
O monstro será visto em pleno dia;
mas o interpretarão de outra forma.
Não serão tomados cuidados: ninguém irá prevê-lo.

(Nostradamus, cent. III, quadra 34 Apud WEOR)

A Lua, devido ao novo corpo celeste,
aproximar-se-á da Terra
e seu disco aparecerá 11 vezes maior que o Sol,
o que provocará grandes marés e inundações.

(Nostradamus, cent. IV, 30 - idem)

E mesmo a vidente, que também ficou famosa como sendo uma poderosa bruxa, MOTHER SHIPTON, previu o advento de um grande orbe que provocaria uma catástrofe global capaz de determinar o Fim de um Tempo. Ela chamou esse globo de 25. Dragão Ardente.

TESTEMUNHOS DE UMA FORÇA CÓSMICA

Essa variedade de denominações para um misterioso astro que periodicamente aproxima-se da Terra provocando cataclismos naturais, a antiguidade das referências a esse mito, indicam, no mínimo, que existe alguma verdade nos relatos.

À proximidade deste corpo celeste é atribuída à força que desencadeia catástrofes globais que foram registradas nas crônicas de muitos povos da Antiguidade. Entre estas, talvez as mais conhecidas sejam as histórias dos Dilúvios, "destruição do Mundo" pelas águas: o Mesopotâmico Gilgamesh e sua reprodução hebraica, o Dilúvio de Noé.

Na Antropogênese da Doutrina Secreta de H. P. Blavatsky, existem vários trechos que falam desses desastres globais que mudam radicalmente a face Terra alterando a configuração dos continentes (das terras emersas) e aniquilando civilizações inteiras.

As informações que essa teósofa reúne em sua obra fazem parte de tradições milenares, oriundas das mais diversas culturas e nações do planeta. Em um desses trechos, Blavatsky reproduz o quê denomina de Estância II ou Capítulo II dos Livros de Dzyan, falando de uma época muito anterior ao surgimento da espécie humana:

A roda girou por trinta crores mais. Construiu rupas; pedras moles que endureceram; pedras duras que amoleceram. O visível do invisível... Pequenas vidas... Ela os sacudia de seu dorso... (BLAVATSKY, 2001 - p 67)

30 CRORES = 300 MILHÕES DE ANOS

RUPAS = FORMAS, CORPOS

PEDRAS MOLES QUE ENDURECERAM = MINERAIS

PEDRAS DURAS QUE AMOLECERAM = VEGETAIS

Explicando a passagem, Blavatsky esclarece: Esta parte refere-se a uma inclinação do eixo [da Terra] - e houve várias (idem)...

Outros autores referem-se ao mesmo episódio documentado em registros da Antiguidade:

Como outros povos da América Média, os Mexicanos pensavam que vários mundos sucessivos tinham precedido o nosso. Cada um deles tinha-se desmoronado em virtude de cataclismos durante os quais a humanidade perecera. ...

Foi essa idéia que dominou o mito dos "Quatro Sóis" do calendário cosmogônico, assim como as narrativas do Popol Vuh. Segundo o etnólogo Raphael Girad, esta obra é o documento mais antigo da humanidade. É anterior ao Rig Veda e ao Zend Avesta... [e] ...afirma que nosso planeta já sofreu vários "fins de mundo. (TARADE ¹, 2004 - p 207)
Papiro Ipuwer
[http://www.gracefellowshipks.com/index.php?p=1_15_Bible-Museum]

[Um dos papiros papiros Harris* - [Egito] ...fala de um cataclismo cósmico através da água e do fogo durante o qual o sul tornou-se norte, porque a Terra fez uma reviravolta. O papiro Ipuwer **  [Papiro de Ipuur ou Papyrus Leiden I 344, Egito] indica, assim como o papiro Hermitage ***, esta inversão dos pólos... (TARADE,  2004 - p 214)

1. GUY TARADE  ̶  ufólogo e escritor francês, nascido em 1930.
OVNI e as civilizações extraterrestres
* Anthony Charles Harris  ̶  1790-1869, colecionador de arte e antiguidade da Grã-Bretanha. [http://de.wikipedia.org/wiki/Anthony_Charles_Harris]
** Encontrado em Menfis  ̶  Egito, em 1820, atualmente sob a curatela do Museu Arqueológico Nacional de Leiden, Holanda.
*** Papiro de Hermitage encontra-se no State Hermitage Museum, St. Peterbusg (antiga cidade de Leningrado)  ̶  Rússia

Considerando que a geologia comprova o fato de que a Terra já passou por várias convulsões que, para seus habitantes, homens, plantas, animais, pareceram ser, realmente, o Fim de Tudo, é inevitável admitir que tais fenômenos foram desencadeados por algum fator.

Algo causou e causa essas revoluções telúricas periódicas. Se o eixo da Terra se inclina, necessariamente uma influência extraterrena atua para que isso aconteça.  Assim sendo, não é absurdo supor que um evento cósmico é o catalisador desses fenômenos devastadores.

A aproximação cíclica de um corpo celeste de dimensões significativas, do ponto de vista da força gravitacional, cuja passagem ocorre regularmente, sendo tais passagens intercaladas por longos intervalos de tempo, milênios, isso  ̶  seria mais que suficiente causar estes míticos "Fins de Mundo".

Não seria necessária, sequer - a  completa inversão dos pólos (180°). Uma mudança na magnitude de dois dígitos bastaria para desequilibrar completamente os padrões climáticos atuais causando eventos naturais desastrosos para todas as formas de vida do planeta.  

INVERSÃO DOS PÓLOS MAGNÉTICOS DA TERRA

Apesar de todas as especulações em torno da chegada do "Segundo Sol", de um corpo celeste que será o causador do Fim de um Tempo, deste tempo, desta Civilização, a ciência, embora não negue o advento de uma convulsão planetária, também não assegura que tal evento seja uma conseqüência da aproximação de Nibiru, tenha ele o nome que for.

Há - ao menos, uma segunda hipótese. A alteração ou mais especificamente, o enfraquecimento do campo magnético que permeia e envolve Terra. Essa alteração poderia, sim, ser o resultado da aproximação de um orbe gigantesco mas, poderia também, ser provocada por uma atividade solar incomum e igualmente cíclica.

O geofísico Pieter Kotze, chefe do grupo de geomagnetismo do antigo Hermanus Magnetic Observatory (HMO, cidade de Hermanus - África do Sul) e membro da International Association of Geomagnetism and Aeronomy (IAGA) - chefe de pesquisa da atual  SANSA (South African National Space Agency - SMILLIE, janeiro de 2012), há quase uma década...

...vem registrando minuciosamente o esgotamento atual do campo magnético protetor da Terra. ...Os cientistas não sabem ao certo porque o campo magnético começou a se desgastar. As hipóteses vão desde turbulências interplanetárias até flutuações na dinâmica dos fluídos... do núcleo da Terra. Pode ser um fenômeno casual ou cíclico. Mas Kotze afirma que já aconteceu antes.

Especula-se muito sobre se o enfraquecimento do campo magnético do planeta provocará a inversão dos pólos. As bússolas que hoje apontam para o Norte apontariam para o Sul... O processo de reversão levará centenas de anos, durante os quais a Terra terá inúmeros pólos magnéticos e as bússolas apontarão... para todos os pólos intermediários [como se estivesse fora de controle]...

Os pássaros perderão o rumo... Os tubarões nadarão à esmo; os sapos, tartarugas e salmões não conseguirão voltar para seus locais de procriação; as auroras polares brilharão [onde, hoje é o] equador... [O tempo parecerá enlouquecido]... com a rede de meridianos magnéticos [interferindo na] direção e intensidade de furacões, tornados e ... tempestades elétricas. 
(JOSEPH, 2007 - p 61 a 65. Apocalipse 2012: as Provas Científicas Sobre o Fim da Nossa Civilização)

PROFECIAS

O vidente e paranormal norte-americano EDGAR CAYCE (1877-1945), alegadamente sob a inspiração de um arcanjo, Halaliel, previu a inversão dos pólos e o aquecimento da Terra. 

São fenômenos que podem estar ocorrendo e que provavelmente são os responsáveis pelos espantosos fenômenos telúricos, climáticos e ecológicos que têm sido registrados e ocupam as manchetes dos jornais. Profetizou Cayce em 1934:

Quanto às mudanças físicas, repito: a Terra se partirá na porção ocidental da América. Quase todo o território do Japão se precipitará no mar. A Europa setentrional [norte europeu] modificar-se-á em um piscar de olhos. Novas terras surgirão na costa leste da América. 

Haverá soerguimentos no Ártico e no Antártico que provocarão erupções vulcânicas em regiões tórridas e os pólos se inverterão, de sorte que as áreas outrora frias e semitropicais se tornarão tropicais, onde nascerão musgos e samambaias. (CAYCE. Readings 3976-15, 19 de janeiro de 1934 Apud JOSEPH, 2007)

RESSONÂNCIA ELETROGRAVITACIONAL *
IMAGEM: HAARP, in Blickrichtung Mount Sanford, Alaska
[https://de.wikipedia.org/wiki/High_Frequency_Active_Auroral_Research_Program]
 
 O físico brasileiro da Universidade do Maranhão, FRAN DE AQUINO afirma que a tecnologia do High Frequency Active Auroral Research Program (HAARP) pode ser usada para causar terremotos, ciclones, criar escudos de gravidade entre outros prodígios físicos. 

O Globo destruidor, a fúria eletromagnética do Sol ou as duas coisas juntas, esses dois possíveis pesadelos que hoje ameaçam a existência da Humanidade, esses dois possíveis "agentes do Fim do Mundo", apesar de assustadores, não podem ser considerados "obra do homem". 

Se a atual civilização fosse ou vier a ser destruída em virtude de fenômenos como esses, é forçoso admitir que a tragédia é um inevitável fenômeno natural.

De nada adiantarão as lamentações. Restará à espécie humana reconhecer a insignificância de sua realidade material, de seus corpos físicos, diante da magnitude da dinâmica do Universo. 

Reconhecer que o Universo não pode e não vai deter as interações necessárias de suas forças em função do sofrimento que isso pode causar aos habitantes deste ou daquele planeta.

Os caçadores de culpados, os conspiracionistas (que defendem a existência de uma Conspiração, engendrada por elite de líderes malvados, para acabar com dois terços da raça humana), aqueles que postulam os desregramentos da ciência mal utilizada por uma estratégia político-econômica cruel como responsáveis pelo "fim do Mundo", estes  ̶  teriam que se conformar com a realidade do inevitável e, finalmente, revolta e protestos somente poderiam ser dirigidos ao Criador Supremo de Todas as Coisas, Deus.

Porém, embora seja fato que o Universo tem suas próprias regras e que mais cedo ou mais tarde a Terra e tudo que nela vive serão destruídos de qualquer forma, existe uma, ao menos uma possibilidade de que, realmente, ações humanas poderiam deflagrar o Apocalipse desta geração.

GEOENGENHARIA
SUPER ARMAS: SEM PÁTRIA, SEM LEI


Esta reportagem foi publicada, (pesquisada e escrita) em 2012. Hoje, a Haarp foi superada e/ou suplementada por equipamentos mais evoluídos, que podem ser deslocados, instalados em terras continentais ou insulares, ou mesmo em grandes navios.

Essa possibilidade tem um nome: Super-armas. Tecnologia bélica avançada ou, o quê tem sido chamado de Ciência de Fronteira. 

Fronteira entre existir e não existir, entre a vida e a morte. E essa tecnologia, que existe há um século ao menos também tem um nome, pouco conhecido, sequer mencionado nos livros acadêmicos comuns: ressonância eletrogravitacional ou ressonância escalar.

Esse tipo de energia, eletrogravitacional, transcende barreiras como tempo e espaço e atua diretamente nos núcleos dos átomos. 

Significa que uma arma baseada nessa tecnologia pode ter seu poder destruidor direcionado a qualquer distância do alvo em mira. 

Infelizmente, há indícios de que essa arma existe, várias delas, e que já foi e está sendo usada sem que os povos da Terra tenham qualquer suspeita dessa ação criminosa.

Seus efeitos e desastres que provoca entram no rol dos fenômenos inexplicáveis, mal explicados ou são atribuídos às forças da Natureza. 

Porque essa energia manipulada como arma pode provocar desde a queda de um avião militar, uma sonda ou satélite, o desvio e ou convulsão de uma massa de ar frio ou quente ou o desequilíbrio psíquico-psicológico de uma comunidade. Suas aplicações são inúmeras, para o bem e para o mal. 

A energia eletrogravitacional é a força que mantém o Universo em equilíbrio.

Em Sinfonia da Energética I, livro inteiramente dedicado à detalhar o potencial desse tipo de energia, escreve o autor, Salvatore de Salvo:
 
Se o Sol for significativamente estimulado [com emissões de ondas eletrogravitacionais] dentro de um ou dois dias aparecerá um brusco aumento no numero de manchas solares.. Se o estímulo for bastante forte ou brusco, a resposta ressonante do Sol poderá ser catastrófica... uma gigantesca erupção [capaz de] destruir nossa biosfera... Se o sistema Terra-Lua for suficientemente estimulado por meio de ressonância escalar, resultarão terremotos devastadores de extraordinária magnitude e vagas de maré que poderão alcançar centenas senão milhares de metros de altura... (DE SALVO, p 134) *

* SALVATORE DE SALVO  ̶  Nascido em1929, cientista e pesquisador italiano nas áreas de uflogia, psicotrônica, radiônica, transutações biológicas etc. radicado em São Paulo, Brasil desde 1953. [http://www.mattron.com.br/biblioteca.htm]

A tecnologia de manipulação da energia eletrogravitacional já existe há décadas. É dominada por exemplo nas instalações do HAARP  ̶  High Frequency Active Auroral Research Program, cujo principal centro de pesquisa e operações é sediado no Alaska porém, tem ramificações em todo o mundo. 

Por isso, por causa dessa ciência que existe nas sombra dos arquivos Top Secret, não são os abusos ecológicos conhecidos nem as ameaças anunciadas de guerra que ameaçam a Humanidade. 

São as manobras não anunciadas que representam o verdadeiro risco. As manobras cujas conseqüências o rebanho das pessoas comuns sofrerá com imensa dor mas cujas causas jamais chegarão, de fato, ao seu conhecimento.

Atualmente, não há necessidade nem conveniência em atemorizar o inimigo político com uma ameaça de guerra.

Qualquer potência tecnológica, declarada, como Estados Unidos Israel e Rússia, ou não declarada plenamente, como podem ser China, Irã, Índia, Paquistão,  por exemplo, já possuem o poder de aniquilar seus inimigos em silêncio.

As bombas, há muito tornaram-se obsoletas. Hoje, é possível destruir uma nação inteira agindo à distância. Controlando forças naturais cósmicas e terrenas, o inimigo pode ser riscado do mapa pela ocorrência "natural" de um terremoto seguido de um tsunami. Todavia, errar é humano.

O controle que os Donos do Mundo têm sobre essas forças não deixa de ser relativo e sujeito a provocar resultados colaterais não-desejados; e provavelmente, já estão provocando.  

Pior, uma vez que um desses erros seja cometido é quase impossível deter as catástrofes em efeito dominó que advirão.  São os feitiços voltando-se para os feiticeiros.

Mas como esse "tiro pela culatra" também é previsível, posto que é não somente é possível mas, muito provável, os feiticeiros, têm tentado se prevenir contra suas próprias artes, preparando a fuga e o esconderijo nas rochas, porque pretendem sobreviver enquanto o resto do mundo morre em meio às mais terríveis convulsões.

FONTES
BLAVATSKY, H. P.. A Doutrina Secreta. Vol. III Antropogênese. São Paulo: Pensamento, 2001.
JOSEPH, Lawrence E. Apocalipse 2012: as Provas Científicas Sobre o Fim da Nossa Civilização. São Paulo: Pensamento, 2007.
IN GOOGLE BOOKS Portuguese [http://books.google.com.br/books?id=f7pPdm2gkBMC&dq=%22Apocalipse+2012%22+joseph&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s]
DE SALVO, Salvatore. Sinfonia da Energética I
São Paulo: Casa Editorial Schimidt, 1992.
IN GOOGLE BOOKS Portuguese
[http://books.google.com.br/books?id=YwCvb_LZnvYC&printsec=frontcover&dq=%22Sinfonia+da+Energetica+I%22&source=bl&ots=4Iw25WJ88v&sig=Rp4YBFC9pOrOUFpu4rb0VZlaXv4&hl=pt-BR&sa=X&ei=MchYUK27HoPq0gHc64CwBA&ved=0CDEQ6AEwAA#v=onepage&q=%22Sinfonia%20da%20Energetica%20I%22&f=false]
SMILLIE, Shaun. Solar flare causes a lot of anxiety but little else. 
THE STAR/Za-África do Sul, publicado em 25/01/2012. Acessado em 18/09/2012.
[http://www.iol.co.za/the-star/solar-flare-causes-a-lot-of-anxiety-but-little-else-1.1219564#.UFgGtqAW738]
TARADE, Guy. OVNI e as civilizações extraterrestres. São Paulo: Hemus, 2004.
WEOR, Samael Aun. O Planeta Destruidor IN O Fim dos Tempos
IN GNOSIS ONLINE. Acessado em 16/09/2012. 
[http://www.gnosisonline.org/fim-dos-tempos/o-planeta-destruidor/]
[http://maestroviejo.wordpress.com/2012/08/31/datos-y-documentacion-sobre-hercolubus/]
[http://maestroviejo.wordpress.com/2011/08/13/hercolubus-en-la-biblia/]
[http://www.bluepoint.gen.tr/nibiru.html]

SABEDORIA MILENAR
Gafanhoto... Dor e morte
somente são grandes tragédias
se acreditarmos que dor e morte são eternas
L. Cabus

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

👻 ESPIRITISMO BRASIL: UM POUCO DE ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA

by @LygiaCabus

O Brasil é a maior nação espírita do mundo. É o país do mundo com o maior número de adeptos desta religião em inúmeras vertentes de pensamento e práticas diversas.

Importada da França, a escola espírita de Alan Kardec cresceu rapidamente em terras brasileiras e nas mentes brasileiras incorporando elementos da cultura local.

Neste país sempre propício a diferentes aspectos do processo de mistura de etnias e costumes, o Espiritismo se divide em duas concepções do Além: a popular e a erudita. 

Elas diferem entre si em teologia e liturgias. Essas duas vertentes podem ser distinguidas considerando sua cultura, sua estética, folclore e até mesmo seus aspectos éticos.

Há o Espiritismo Ortodoxo, uma concepção clássica, baseada, essencialmente, nos ensinamentos de Alan Kardec. A outra é uma concepção sincrética. 

É um ponto de vista que mistura elementos: os africanos, os europeus, os indígenas e as ideias mais exóticas, de origem mais recente. É uma concepção típica do Brasil, mas tem seus similares, entre religiões do México e Caribe.

Esta última configuração, considerada uma solução sincrética, instrui o pensamento religioso dos cultos afro-brasileiros. 

São eles: o Candomblé, a Umbanda e a Quimbanda. Neste universo habitam santos, anjos, espíritos, deuses africanos. Um panteão de entidades.

SOCIOLOGIA  E  ANTROPOLOGIA 
DOS ESPÍRITOS 
DESENCARNADOS BRASILEIROS
O Preto Velho, um arquétipo social, tornou-se uma entidade, uma espécie de modelo espiritual ou manifestação espiritual. Ele independe da etnia da pessoa incorporada: a pessoa que recebe o espírito, também chamado de "cavalo".

Assim como existe a Geografia Humana, existe também a Geografia Espírita. O Mundo Espiritual também tem seus arquétipos. Esses arquétipos são configurados, de acordo com seu ambiente cultural. Eles representam tipos humanos que são inspirados na vida real.

Dessa forma, os cultos locais afro-brasileiros são visitados por entidades populares que têm seu comportamento, seu modo de ser, definido em uma personagem folclórica. Personagens que estão relacionados a um todo complexo de fatores sociais. No entanto, todos eles, os tipos humanos, são retratos da dinâmica econômica do lugar, da região.

Os "Terreiros" são os espaços onde os adeptos dos rituais realizam suas práticas de cerimônias religiosas afro-brasileiras. Esses lugares são, geralmente, grandes barracões ou grandes praças, mas, podem ser pequenas casas pobres, também, ou um apartamento no meio de uma metrópole.

Essas praças e instalações, são frequentadas pelos espíritos de mestiços conhecidos como "O Caboclo", "A Cabocla", "Preto Velho", "Maria Mulambo" etc.

Esse tipo humano é entendido como o resultado da miscigenação entre os nativos do Brasil, amerabas, com brancos europeus, portugueses, franceses, espanhóis, holandeses e negros africanos.

Assim, são comuns também, especialmente na Umbanda e Quimbanda, figuras como os "Caciques", "Pajés" ─ xamãs, curandeiros e guerreiros indígenas.

Nas praças e barracões da Umbanda e da Kimbanda (Quimbanda) também aparecem os tradicionais "Pretos Velhos" e "Pretas Mães". Estes, muitas vezes seriam espíritos de antigos escravos.

Os arquétipos citados acima pertencem ao período histórico do Brasil-Colônia e às primeiras décadas do Brasil-Império, quando a terra deixou de ser colônia e obteve a condição política de Reino-Unido com Portugal, (1815).

O MALANDRO
(Zé Pelintra)
Nas sessões espíritas, reuniões, dos cultos afro-brasileiros, com a evolução dos costumes, surgiram outros perfis, reflexos do surgimento de novos papéis sociais. São tipos urbanos porque são habitantes da paisagem urbana.

O malandro conhece tudo sobre a zona mais suspeita da cidade, mas também é amigo dos ambientes sofisticados onde o dinheiro troca rapidamente entre as bolsas. Tem muito charme pessoal e muitas surpresas inesperadas em seu chapéu. Muitas vezes, toca violão e canta com boa voz.

A POMBA-GIRA
[algo como pomba louca ou, 
mais apropriadamente, galinha louca]
Algumas das entidades típicas, são espíritos femininos, almas daqueles que foram mulheres. O mais famoso desses arquétipos femininos é a Pomba-gira.

Essas entidades, geralmente, são jovens mulheres que sofreram uma morte trágica. O perfil da Pomba-gira é, quase sempre, escandaloso.

Elas eram mulheres que erraram o caminho da vida. Ela é a mulher seduzida e abandonada que perdeu sua honra. Ela foi deixada sozinha, muitas vezes, em estado de gravidez. A sociedade rejeita essas mulheres. Seu lugar é a rua, onde elas buscam um homem para pagar o pão de cada dia.

Para as mulheres perdidas, o lugar único são os becos da má fama, onde ela pode afogar a consciência no fundo dos copos, nas bebidas dos pobres, nas drogas, na dança frenética e sem nenhum sentido. Em outros casos ainda, as Pomba-gira eram jovens mulheres que tiveram uma vida infeliz em um casamento sufocante.

Todas elas morreram em estado de inconformismo. Muitas mulheres foram abandonadas por suas famílias. Muitas mulheres sucumbiram à pobreza, à fome, à fraqueza. Muitas morreram de mal dos pulmões: tuberculose.

ALMAS PENITENTES
Pelo que sabemos sobre almas atormentadas, essas mulheres e homens, suas vidas sofridas como escravos de um passado morto, a memória dolorosa do nativo humilhado em sua terra, da África às colônias, ainda na África, começando pela África, todos esses espíritos têm motivação para permanecer neste planeta assombrando as reuniões esotéricas.

Eles são presos e irresistivelmente atraídos por suas afeições e desafetos cultivados neste mundo. Os supostos poderes das Pombas-giras são procurados por homens e mulheres que não sabem processar e controlar suas emoções, assim como as entidades desencarnadas que reivindicam o direito de permanecer neste mundo porque sofreram neste mundo.

Seus objetivos são:
1. Eles geralmente querem segurar o ente querido. Querem forçar situações pelo uso de bruxaria.
2. Vingança, quando sentem seu orgulho ferido. São pessoas rejeitadas ou pessoas que nunca estão felizes com o que têm.

Eles estão sempre querendo algo ou mesmo toda a vida de outras pessoas. Invariavelmente, os clientes das Pombas-Giras são indivíduos insatisfeitos que têm muita revolta sem nenhuma utilidade, sem nenhuma razão.

O mesmo processo, de apego a pessoas e experiências terrenas de uma vida, ocorre com os outros tipos populares também.


O Malandro, sempre envolvido com negócios obscuros. Ele é um fora da lei, imerso em bebidas, trapaças, mentiras e luxúria. Até mesmo os "Pretos velhos" e "Pretas Mães": eles bebem e fumam durante suas demonstrações, ao exibir a sabedoria forjada no fogo do sofrimento de vidas passadas.

No contexto do Espiritismo essas características sociais e comportamentais são importantes porque são sinais claros do tipo de mente-espírito relacionado a cada uma das religiões afro-americanas.

Esses personagens populares, esses espíritos, que são arquetípicos de pessoas comuns, de certa época histórica, escravos, trabalhadores, capatazes, vaqueiros, mulheres seduzidas, indígenas e mestiços são fantasmas, assombrações, como qualquer fantasma.

Essas entidades são os mestres e guias típicos do terreiro, casa ou tenda da Umbanda e da Kimbanda. Nesses cultos, a mitologia da África emerge sem força, com sua identidade distorcida pelas influências europeias e indígenas, e pelas circunstâncias peculiares de formação de suas doutrinas.

ESHUS (EXÚ/EXÚS)

O legado africano mais importante para o pensamento religioso da Quimbanda e da Umbanda é o Exú [Eshu]. No Panteão da África, Exu é uma divindade proeminente. É uma espécie de correlato africano do Hermes grego.

Exu é o mensageiro, intermediário entre os homens e os deuses; na Umbanda e na Quimbanda, intermediário entre os vivos e os mortos.

Mas, enquanto no Candomblé Exu é filho de um deus, no contexto da Umbanda e da Kimbanda, há muitos Exus. Todos eles, mensageiros que servem aos propósitos dos sacerdotes e dos adeptos dos cultos.

CANDOMBLÉ

O pensamento religioso dos africanos no Brasil encontra-se mais preservado no Candomblé. Na doutrina e liturgias do Candomblé, as forças das entidades permanecem ainda transcendentais.

São deuses porque são as forças da Criação e da transformação de Todas as coisas. No Candomblé, as entidades não são simples espíritos. São grandes Espíritos! Alguns são representações de poderes da Natureza.

Outros, são ancestrais nobres e lendários. São patriarcas, matriarcas, reis, rainhas, guerreiros, heróis. Eles encarnam o melhor e o pior do ser humano. Suas virtudes e seus vícios.

São os Orixás. Assim, o Candomblé se mantém distante do Espiritismo Kardecista e mais próximo do animismo e dos cultos ancestrais.

A típica Teologia e Cosmogonia que sempre aparece entre a maioria dos povos primitivos deste planeta.

O KARDECISMO


O Espiritismo moderno ocidental dos anos 1800, encontrou espaço na sociedade brasileira através da doutrina Kardecista. A sistematização das ideias em uma linguagem correta, condizente com o cristianismo, abriu as portas de todas as classes sociais para a aceitação pública da crença na reencarnação.

No Brasil, as sessões espíritas kardecistas não são frequentadas por tipos folclóricos, não! Lá, aparecem fantasmas da História! Espíritos de personagens notáveis, de muitas épocas, de muitos lugares do mundo.

Os Kardecistas recebem espíritos de celebridades. É maravilhoso! São filósofos, escritores, padres e papas, freiras, santos, anjos, médicos, artistas em geral, e outros.


Espíritos de pessoas como Platão, Sócrates. Ultimamente, médiuns espíritas têm feito contato com o espírito do Rei do Pop, Michael Jackson. Como é moda, outros cantores estão falando, do Além para o mundo, usando a internet. Coisas do Agora... da Pós-modernidade. Vamos meditar.

Desde que a religião, o Espiritismo Kardecista chegou ao Brasil com sua origem francesa, uma parte dos intelectuais cristãos se tornou adepta à ideia.

Isso abriu caminho para o advento e crescimento da literatura espírita brasileira em seu gênero mais curioso: a psicografia, também chamada de Escrita Automática.

Na ocorrência da Escrita Automática os autores dos livros são desencarnados. São espíritos que usam o corpo de um médium para falar ou escrever.

Os títulos desse tipo de literatura são muito numerosos no Brasil. Apenas Chico Xavier [1910-2002], o médium mais famoso do país, escreveu centenas desses livros.