domingo, 18 de agosto de 2024

🕵️‍♂️ CIGANOS: OS INTOCÁVEIS

#antropologia #ciganos #historia #povosmisteriosos
by @LygiaCabus,  maio de 2011


O mestre ocultista francês Eliphas Levi (1810-1875) escrevendo sobre os ciganos em sua História da Magia refere-se, com detalhes, à antipatia européia por este povo enigmático.
 
Considerando a possível relação da etnia com os antigos indianos, as críticas de Levi são coerentes (com o pensamento dele) posto que este mestre da chamada Alta Magia Ocidental também considera a Magia da Índia com algo demoníaco. Eis alguns apontamentos históricos e idéias concebidas por Levi em seus estudos:

A Índia, que a tradição cabalística nos diz ter sido povoada pelos filhos de Caim... é por excelência os país da Goetia e dos prestígios. Lá se perpetuou a magia negra... A Índia... é a mãe de todas as idolatrias. Com os ciganos não é diferente.

E, mais adiante, falando especificamente dos ciganos, descreve a chegada dos primeiros grupos na Europa:

No começo do século XV (anos de 1400) espalharam-se pela Europa bandos de viajores morenos e desconhecidos. Chamados por uns Boêmios porque diziam que vinham da Boemia, conhecidos por outros sob o nome de egípcios, porque seu chefe tomava o nome de duque do Egito, eles exerciam a adivinhação, o saque e o roubo. Eram hordas nômades...

[Chegaram a Paris em 1427 mas não lhes foi permitido instalarem-se na cidade.] ...Eram cerca de 120, o seu número, incluindo mulheres e crianças. [E.Levi descreve a aparência dos ciganos]: 

... Quase todos tinham as orelhas furadas e em cada uma um ou dois anéis de prata... Eram por demais pretos [morenos, na verdade] e tinham os cabelos encarapinhados. As mulheres eram as mais feias... que se possam ver: todas tinham o rosto coberto de chagas, os cabelos negros como a cauda de um cavalo... 
(LEVI, 2005 – p 244)

Mas, Quem são, Afinal Esses tais Ciganos? Eliphas Levi reúne as especulações em torno da origem daqueles nômades:
Família cigana. Acampamento. Essex-UK, 1895

Sua religião era desconhecida, apesar de se dizerem cristãos, mas sua ortodoxia era mais que duvidosa. De onde vinham eles? De que mundo maldito e desaparecido...? Eram os filhos das feiticeiras e dos demônios? Que salvador moribundo e traído os condenara a marchar para sempre? Era a família do judeu errante? Não seria o resto das dez tribos de Israel perdidas...?

Não seriam... Não seriam os descendentes de Membrés (ou Jambres), que ousou rivalizar em milagres com Moisés... São os carrascos de se serviu Herodes para exterminar os recém-nascidos [?] ... Enganai-vos... estes pagãos não compreendem uma palavra de egípcio, enquanto sua língua encerra muitos vocábulos hebreus. Eles não são mais, pois, que estes impuros rebentos dessa raça abjeta que dormia nos sepulcros da Judéia depois de devorar cadáveres... (LEVI, 2009 247/248)
Inimigos do trabalho eles não respeitavam nem a propriedade nem a família e perturbavam com sua pretensa adivinhação a paz das pessoas de bem e dos lares honestos. (LEVI, 2009 – p 242)

OS INTOCÁVEIS
Ciganos muçulmanos. Bósnia, 1901.

Cigano quer dizer "intocável", é o que afirma o pesquisador José Jarbas Studart Gurgel*. Vem do grego athinganoi, que transformou-se em atsigane, tsigane. [O termo] define a incomunicabilidade que existe entre esse povo e os demais. Na Espanha seu nome é gitano, resquício da crença em sua origem egípcia. Gurgel assinala que a fama de descendentes do egípcios ou de origem egípcia foi disseminada pelos próprios ciganos (STUDART GURGEL Apud VILAS-BOAS DA MOTA, p 243).

* JOSÉ JARBAS STUDART GURGEL, nascido em Fortaleza, Ceará, em 20 de junho de 1935.

Studart Gurgel é um dos pesquisadores que defende a origem indiana dos ciganos com base em análises lingüísticas. Localizando-os historicamente, no norte da Índia, na região das planícies, aos pés da cordilheira das montanhas Himalaias, 

Segundo Gurgel, a grande "Diáspora" desse povo teria começado a partir daquele ponto geográfico por volta de 900 d.C.. Uma primeira horda de nômades Teria, então, migrado na direção Norte-oeste chegando à Pérsia.

Esse primeiros grupos teriam sido os Beni que, dispersando-se, foram ancestrais de ciganos da Palestina, norte da Síria, Pérsia e Egito; os Pehen, segunda onda migratória a partir dos Himalaias, deram origem aos ciganos que transitaram (e transitam) entre a Armênia, o Cáucaso meridional e Bizâncio.

Os Pehen foram os ciganos que alcançaram a Europa Ocidental e, posteriormente, o Novo Mundo, as Américas.

No fim do século XIV (anos 1300) numerosos clãs ciganos estavam estabelecidos na península Balcânica. Durante o século seguinte, o século XV (anos 1400), pressionados pela perseguição dos turcos, puseram-se novamente na estrada e foi então que começaram a chegar em países da Europa setentrional e ocidental (Norte-ocidental).

Os grupos espalharam-se entre países da região: Hungria, Áustria, Boêmia (parte da antiga Tchecolosváquia, território hoje dividido em República Tcheca e Eslováquia), Hamburgo (na atual Alemanha), França, Suíça.

PERSEGUIÇÃO


Sobre a perseguição aos ciganos ao longo de suas travessias, escreve Gurgel: Na Europa, os ciganos eram perseguidos onde quer que aparecessem. Seu exotismo e seus hábitos nômades [tornam-nos suspeitos e alvo de acusações] de toda a sorte de crimes, principalmente, feitiçaria, envenenamento de cisternas e gado, rapto de crianças e até canibalismo.  

Indianos, egípcios, judeus desterrados, possivelmente os ancestrais dos ciganos incluem essas nações e ainda outras mais. 

Porque sobre os ciganos, uma coisa é certa: são nômades [ou foram essencialmente nômades até muito recentemente]. Isso significa que possuem, de modo geral [entre muitos clãs] uma cultura "estranha", heterodoxa o suficiente para torná-los suspeitos aos olhos das sociedades da civilização sedentária.

O sedentarismo é fortemente associado à estabilidade, segurança, confiança. Os ciganos foram, durante milênios, um povo "sem  endereço fixo", o que constitui falta grave quando se tem em vista a confiabilidade de um indivíduo.

HEREGES


Para piorar a imagem negativa de "bando errante", os ciganos sempre tiveram, contra sua reputação, o fato de serem relacionados com determinadas "artes mágicas".
  
Especialmente as artes divinatórias entre as quais destacam-se: quiromancia, cartomancia, cristalomancia e, eventualmente, algo mais exótico como a cafeomancia.

Na Europa Medieval, na Modernidade, já nas colônias também e, a rigor, até hoje, praticar ou valer-se dessas "artes" é "pecado" de acordo com com doutrina de todas igrejas cristãs. É pecado também entre muçulmanos e uma fraqueza humana lamentável entre budistas.

Mas deixando de lado a correção noética dessas práticas, no que diz respeito aos ciganos, é um traço cultural revelador que permite afirmar com certeza: 

a antiguidade desses nômades na escala do passado histórico. O conhecimento e domínio desses Oráculos, desses métodos divinatórios que, sabe-se são de origem bem remota, essas "artes" sendo mantidas como forte tradição entre os ciganos significa que muito possivelmente todas as hipóteses dos estudiosos estão certas: os Ciganos transitaram pelo mundo, na Antiguidade, desde a Índia, Mesopotâmia, Egito, oriente Médio e depois, Grécia, leste europeu, Ásia Menor, até buscarem as terras mais ao Ocidente da Europa já entre meio-fim da Idade Média.

De cada lugar visitado, país, região, de cada terra que lhes serviu de pouso, eles absorveram um tanto de cultura. Ou seja, adotaram práticas, fizeram escolhas e apropriaram-se delas de acordo com sua própria necessidade e conveniência. Práticas, saberes, do linguajar, da religiosidade, das tecnologias, dos costumes alimentares, vestuário, artes (especialmente musicalidade), convenções sociais.

A cultura cigana é sincrética e apátrida no âmago de sua formação. Somente nas últimas décadas do século XX os ciganos começaram a assumir um sedentarismo significativo, ou seja, muitos já abandonam os trailers, fixam-se em cidades, dirigem empresas, compram e moram em imóveis.

FONTES
LEVI, Eliphas (Alphonsus Louis Constant). História da Magia
[Trad. Rosabis Camayasar]. São Paulo: Pensamento, 2005.
VILAS-BOAS DA MOTA, Ático. Ciganos: Antologia de ensaios. 
Brasília: Thesaurus, 2004

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

👻 O PESO DA ALMA 💀

CAPTORES DE ALMAS: A crença em algo que sobrevive à morte física do ser humano é uma tradição cuja origem se perde nas Eras mais recuadas da história. 

É uma crença compartilhada por todas culturas de todos os povos do mundo. Esse algo [ou, melhor, esse alguém] que sobrevive à falência da carne é chamado espírito, alma e entendido como verdadeira essência, verdadeiro Ser, da entidade humana. 

A partir de meados do segundo milênio d.C., [período da Renascença seguido da Idade Moderna e do posterior Iluminismo] com a advento dos avanços das ciências e técnicas associadas, como Anatomia, Física, Química, a investigação sobre a alma ganhou novos instrumentos. 

Em 1854, o anatomista alemão Rudolph Wagner [1805-1864] sugeriu a existência de uma substância especial, anímica, que poderia ser identificada através da pesquisa científica. 

Wagner foi ridicularizado e seu rival acadêmico, Ernst Haeckel [1834-1919] sugeriu que ele [Wagner] deveria tentar liquefazer a alma [já que era uma substância] e congelar para poder exibi-la em uma garrafa. 

A natureza da alma humana foi um assunto muito discutido nos meios intelectuais da era Vitoriana*, especialmente entre grupos dedicados à investigação do mente. Muitos desses entusiastas eram cientistas renomados. 

Muitas conclusões filosóficas foram formuladas mas nada foi obtido em termos de evidências objetivas. Era um beco sem saída: como provar a existência da alma e suas propriedades físicas ou metafísicas?

* ERA VITORIANA: Período de reinado da rainha Vitória, do Reino Unido, meados do século XIX [anos 1800], entre 1837 e 1901
Em 1886, o Dr. Duncan MacDougall [1866-1920], um cirurgião de Massachusetts, teve uma idéia: talvez fosse possível usar uma balança de precisão para pesar um homem à beira da morte e comparar os resultados, a diferença de peso antes e depois do óbito. 

MacDougall pretendia descobrir se alguma coisa desprendia-se do corpo no momento da morte. Se tal ocorresse, haveria diminuição de peso e a diferença seria o peso da alma.

MacDougall, membro da Sociedade Americana de Pesquisas Psíquicas, era fascinado com a idéia da personalidade sobreviver à morte. 

Uma das questões que intrigava o cientista era a localização da alma em relação ao corpo. Ele achava impensável que essa misteriosa energia que vivifica o ser humano não ocupasse nenhum espaço na esfera da matéria física corporal. 

Isso parecia-lhe evidente posto que aquilo que anima o ser vivo parece abandoná-lo no momento de sua morte.

MacDougall cogitou, então, que a alma deveria, sim, ser um tipo de matéria dotada de alguma massa mensurável e por via desse raciocínio concebeu o experimento de pesagem dessa misteriosa matéria vivificante.

A BALANÇA DOS MORIBUNDOS

Em 1901, MacDougall adaptou a estrutura de uma balança industrial de grande precisão. A balança era sensível a diferenças de 5 gramas. 

De um lado, uma cama de hospital também adaptada para ser o mais leve possível; do outro lado da balança, pesos individuais que poderiam ser adicionados ou removidos de modo a precisar qualquer diferença de massa.

O equipamento foi instalado no hospital e o cirurgião recrutou seus voluntários: entre pacientes terminais. 

Em 10 de abril de 1901, a oportunidade chegou: as 5:30 da manhã um moribundo que sofria de tuberculose foi colocado na balança das almas. 

O experimento foi observado por quatro pessoas incluindo o Dr. MacDougall. O paciente, exaurido pela doença, estava calmo. Qualquer alteração de peso era anotada.

E houve alterações, acompanhadas e analisadas. Ao longo de três horas, registrou-se uma diminuição pequena mas constante do peso do homem, que foi atribuída à perda de água via transpiração e subseqüente evaporação do líquido. As 9 horas, o paciente piorou e morreu em poucos minutos.

MacDougall relata o que foi verificado: A vida deixou-o de imediato e balança imediatamente acusou uma queda de peso abrupta, como se algo tivesse saído do corpo. Não era muita coisa, mas era alguma coisa: 21 gramas. 

21 GRAMAS
Dr. Duncan MacDougall. Haverhill Public Library, Massachussets

Evidentemente, como cientista, MacDougall ficou animado com aquele resultado porém, longe de satisfeito. Afinal, era somente a primeira experiência e era necessário explorar todas as explicações possíveis para a aquela perda de 21 gramas. Aquele primeiro moribundo foi minuciosamente analisado.

O homem não defecara na hora da morte, Tinha urinado mas toda a urina que saíra do corpo permanecera na cama hospitalar absorvida por toalhas de papel previamente colocadas e, portanto, inclusas na conta do peso antes do óbito. Também a relevância da respiração foi testada em experimentos posteriores e constatou-se que não influenciava a diferença de peso.

Em novembro daquele ano [1901] MacDougall teve a oportunidade de testar sua balança dos moribundos em outro paciente. 

Também este era homem e sofria de tuberculose. Um quadro aparentemente semelhante ao do primeiro paciente. 

Com o homem na balança, as medições foram feitas durante quatro horas e quinze minutos. Neste ponto, o homem parou de respirar mas seu rosto continuou a se contorcer por 15 minutos.

MacDougall relatou: Coincidindo com o último movimento facial, o ponteiro [da balança] caiu. A perda de peso registrada: meia onça, ou seja 15,5 gramas. 

Novamente, MacDougall tentou explicar a diferença em termos convencionais mas não teve êxito. Não foi possível explicar onde foram parar as 15 gramas e meia. MacDougall começava a se permitir considerar a real possibilidade de que algum tipo matéria, uma alma!? deixava o corpo depois da morte.

Entre janeiro e maio de 1902, outros dois moribundos foram testados em condições ideais. Nos dois casos, verificaram-se perdas de 10 e 14 gramas no momento da morte. 

A essa altura, o assunto tornado público, causava polêmica e havia aqueles que se oponham às experiências, e outros tantos que exigiam monitorar as pesagens. 

A pesquisa de MacDougall interessou ao presidente da Sociedade Americana de Pesquisas Psíquicas, Dr. Richard Hodgson contudo havia uma certa relutância por conta do temor de que no fim outros pesquisadores tratar-se tudo de uma grande fraude ou de algum erro grosseiro de método.

MacDougall, persistente, continuou sua pesquisa e repetiu a experiência utilizando 15 cães. Os cães foram anestesiados antes de serem colocados no prato [leito] da balança na balança. A seguir, foram mortos.

Ao contrário do que acontecia com os seres humanos, nenhuma perda de peso foi registrada no momento das mortes. MacDougall concluiu que o fenômeno de perda de peso na hora morte era exclusivamente humano. Isso poderia, simplesmente, significar, que o homem detinha em si, quando vivo, alguma matéria-energia que os animais não possuíam.

* [Imagine-se que o resultado da experiência fosse o contrário. Seria o escândalo das provas e contraprovas de que os animais têm alma. Eis porque pesquisas como as de MacDougall assustavam certos ideólogos, especialmente os religiosos e donos de açougues, ahn?!... Afinal, o exame acurado desse tipo de questão poderia, conforme seus resultados, transformar inocentes pecuaristas e comerciantes em assassinos de criaturas dotadas de alma. Meditemos...]

A essa altura, era notório que as experiências do Dr. MacDougall não agradavam a seus superiores no Hospital que, finalmente, proibiram as atividades do cientista. 

Ele se calou e e parou de divulgar suas descobertas ou atividades durante alguns anos. Reapareceu 11 de março de 1907 com um longo artigo no New York Times.

A publicação despertou imediata polêmica. Os céticos oferecendo explicações racionais; os simpatizantes acrescentando suas próprias teorias e relatos. Foi um clamor público. 

MacDougall escreveu, então, outro artigo que foi publicado simultaneamente na prestigiada revista científica American Medicine e no Journal of American Society for Physical Research.

Nesse segundo texto, reapresentou suas provas e foi mais explícito em sua conjectura sobre definição do peso, obtida nas experiências, como prova da existência da alma. Foi mais além: afirmava, pois era evidente, que a substância da alma era mais leve que o ar. 

Embora a discussão não tenha progredido em termos práticos a idéia de que um cientista tinha pesado alma era fascinante, irresistível ao desejo individual e coletivo de ter a certeza da imortalidade humana. 

Mais tarde, o trabalho de MacDougall inspirou o poema de Laura Gilpen, O Peso de Uma Alma e, em 2003, o filme 21 Gramas.

O INSISTENTE MISTÉRIO DO MOMENTO DA MORTE
Meister von Heiligenkreuz, 1425
Um moribundo entrega sua alma a Deus

MacDougall não deixou seus relatórios disponíveis para a consulta mas a correspondência trocada com Richard Hodgson contêm informações sobre a pesquisa, como a descrição completa dos métodos, os resultados e as circunstâncias de experiências com seis pacientes.

Nas cartas, MacDougall deixa claro que, com exceção do primeiro paciente, todos os outros experimentos apresentaram problemas. 

O paciente dois, como mencionado acima, apesar de clinicamente morto, demorou 15 minutos com espasmos na face gerando dúvida sobre o momento do óbito. 

O paciente três também apresentou um fator de incerteza e oscilação incerta do marcador da balança porque, na verdade, não foi possível determinar o momento exato em que o coração cessou sua pulsação. Situação similar aconteceu com o paciente seis.

* Essas incertezas nas experiências de MacDougall parecem indicar que  morte é um processo que avança aos poucos e quase nunca de um só golpe. Para os tibetanos, pode-se morrer em uma fração de segundo, pode-se morrer por vontade própria ou ficar morrendo durante dias até o desprendimento, separação completa entre o Espírito de sua vestimenta carnal. A experiência da morte não é igual para todo mundo. 

Apesar daqueles resultados inconsistentes, MacDougall teve seus seguidores, que repetiram seus experimentos em busca de uma resposta definitiva sobre o peso da alma. Em 1915, H. Twining matou 30 ratos ao mesmo tempo, usando diferentes métodos de matar, em sua própria balança dos moribundos. 

Não foi detectada nenhuma alteração no peso das cobaias. Outro pesquisador, Lewis Holander, sacrificou na balança sete carneiros, um por vez e constatou variações de peso extremas: de 18 a 780 gramas.

FOTOGRAFIA DA ALMA

Em 1910, Walter Kilner, técnico do Hospital Saint Thomas, Londres, anunciou que tinha criado um conjunto de lentes que permitia observar o Duplo Etérico, a alma. No ano seguinte, com o apoio do especialista em raios X, Patrick O'Donnell, Kilner teve permissão de observar um moribundo, usando suas lentes, no Hospital de Misericórdia.

O'Donnell registrou o que foi observado: O médico responsável anunciou que o homem estava morto. A Aura começou a se espalhar no corpo e desapareceu. Na observação do cadáver não mais havia qualquer sinal de Aura. 

Em suas conclusões, O'Donnell evitou, como a maior parte dos cientistas, a palavra alma e sugeriu:

 ...uma forma de radioatividade que se torna visível em virtude das lentes... Minhas experiências, no entanto, parecem provar que ISTO [a aura, a radiação] é um poder de animação ou corrente de vida dos seres humanos. 

Na imprensa os fatos eram distorcidos, exagerados. Dizia-se que havia uma disputa entre O'Donnell e Duncan MacDogall. Ambos queriam ser os primeiros a fotografar a alma humana! Anunciou-se, até, que tais fotografias já existiam. Todos queriam ver uma imagem da corrente da vida, do último suspiro. O nome de Walter Kilner, foi completamente esquecido nos noticiários.

Um periódico alegava ter entrevistado MacDougall. O cirurgião irritou-se, negou e escreveu ao jornal:

Eu não estou prestes a realizar experimentos para a obtenção de imagens da alma humana. [A alma humana é]... substancial e ocupa espaço [mas]... não pode ser objeto de fotografia porque seu índice de refração [da luz] é idêntico àquele do éter...

FONTE: CHAMBERS, Paul. Soul Catcher: 
The strange deathbed experiment of Dr MacDougall.
IN Fortean Times, maio de 2010.
http://www.forteantimes.com/features/articles/3445/soul_catcher.html

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

🕎 MAIS MISTÉRIOS DA ARCA DA ALIANÇA

publicação original
31 de dezembro de 2005
"Farão uma arca de madeira de acácia; seu comprimento será de dois côvados* e meio, sua largura de um côvado e meio e sua altura de um côvado e meio. Tu a recobrirás de ouro puro por dentro, e farás por fora, em volta dela, uma bordadura de ouro. Fundirás para a arca quatro argolas de ouro, que porás nos seus quatro pés, duas de um lado e duas de outro. Farás dois varais de madeira de acácia, revestidos de ouro, que passaros nas argolas fixadas dos lados da arca, para se poder transportá-la Uma vez passados os varais nas argolas, delas não serão mais removidos. Porás na arca o testemunho que eu te der.

Farás também uma tampa de  ouro puro, cujo comprimento será de dois côvados e meio, e a largura de um côvado e meio. Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão estes querubins as asas estendidas para o alto, e protegerão com elas a tampa, sobre a qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho queeu te der. Ali virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens para os israelitas."
* CÔVADO = 52 cm em Ezequeiel
Exodo - cap. 25, versículo 10

O texto acima reproduz, as instruções minuciosas de Deus a Moisés sobre a confecção da Arca da Aliança, evento marcante na história dos judeus, é um objeto que sacramenta a condição de "povo escolhido" de Deus-Pai-Todo-Poderoso. 

Para os arqueólogos, historiadores e teólogos, encontrar a "Arca da Aliança" é o mesmo que achar a prova, uma forte evidência científica de veracidade do conteúdo histórico da Bíblia, tão contestado pela ciência.
Muitos etíopes acreditam que a Arca da Aliança, contendo as tábuas da Lei, com os dez mandamentos da Lei de Deus, encontra-se na cidade de Axum. 

Estudiosos consideram a crença popular verossímel e investigam a possibilidade da Arca, de fato, estar no país. 

A posse da Arca é um dado importante na constituição da identidade nacional. 

A Etiópia é uma nação única em termos de preservação das tradições cristãs primitivas. 

A antiga Abissínia foi um dos primeiros territórios africanos a receberem a mensagem dos apóstolos em sua missão evangelizadora.
IMAGEM: Capela da Tábua (Chapel of the Tablet). Axum, Etiópia.

A Igreja Ortodoxa Etíope Tewahedo, acredita, sobre a Arca da Aliança, que Menelik, filho do Rei Salomão e da Rainha de Sabá, trouxe a Arca da Aliança para Axum, na Etiópia, durante os tempos bíblicos. 

Ali, a Arca permaneceu até o início do século XVI (anos 1500), quando foi escondida - talvez em uma ilha no Lago Tana - para protegê-la de invasores islâmicos. 

Quando a paz retornou, a Arca foi instalada na antiga Igreja de Santa Maria de Sião, que era, então, nova. 

Por volta de 1965, a Arca foi removida para a Capela da Tábua. Hoje, apenas uma pessoa, um padre, tem permissão para ver a Arca. Ele é nomeado guardião da Arca da Aliança para o resto da vida.

PODERES SOBRENATURAIS DA ARCA DA ALIANÇA
Por que a Arca foi movida da antiga Igreja de Santa Maria de Sião para a Capela da Tábua? Uma das versões sobre o fato relata que a Arca da Aliança emite uma força poderosa, talvez ondas de luz. 

Em 1965, o Imperador Haile Selassie I ordenou que a Capela da Tábua fosse construída porque as forças que emanavam da Arca estavam danificando a antiga Igreja de Santa Maria de Sião.




Reprodução da Arca da Aliança, conforme a descrição bíblica. O que tinha dentro da Arca da Aliança:

As duas tábuas com a inscrição dos Dez Mandamentos, representando a Lei de Deus;
Um vaso com maná, representando a provisão de Deus;
A vara de Arão que floresceu, como aviso contra a rebeldia.

Os padres de Axum afirmam que a relíquia judaica está bem guardada em uma capela, A Capela da Tábua (Chapel of the Tablet), situada ao lado da igreja de Santa Maria de Zion, em Axum. A Arca é ocultada aos olhos profanos por sete cortinas vermelhas. 

Somente um sacerdote - o Guardião da Arca - tem acesso ao local. Sua figura é notável: com cabelos grisalhos, a cruz da cristandade ortodoxa no peito, ele vive permanentemente na capela e é proibido de falar com estranhos, especialmente estrangeiros.

O diácono na Igreja de Santa Maria, Amha Taklamaryam, 20 anos em 2005, tem sido assistente do sacerdote da Arca desde os 10. Amha não tem permissão para ver o objeto e explica: 

"Só o Guardião tem permissão para ver a Arca. Se outra pessoa ousar fazer isso, ficará cego e sofrerá de terríveis moléstias. As pessoas têm dúvidas mas, sem dúvida, a Arca está aqui. Eu acredito nisso como todos acreditam, como meus pais me ensinaram".

KEBRA NEGAST: A BÍBLIA ORTODOXA ETÍOPE
A hipótese da Arca da Aliança estar na Etiópia tem origem no texto do Kebra Negast ou Livro da Glória dos Reis que trata das dinastias etíopes em tempos remotos, antes de Cristo. 

Nestas crônicas épicas, consta que a partir do reinado da rainha Sheba ou, Rainha de Sabá, todos reis etíopes, até os contemporâneos, foram descendentes do judeu e bíblico Salomão; a rainha teria tido um filho com o monarca, Menelik I, que visitou seu pai em Jerusalém. Salomão teria confiado a Arca a Menelik, que levou-a para a Etiópia, mais precisamente para Axum, capital do reino naquela época.

Estudiosos como Graham Hancock, um especialista em desvendar mistérios antigos, examina a questão em seu livro The Sign and the Seal - O Signo e o Sinete, onde procurar explicar os séculos historicamente perdidos entre o suposto translado da Arca, por Menelik e o aparecimento da civilização de Axum. Hancock acha que a Arca da Aliança pode mesmo estar na Etiópia porém, não em Axum, mas em uma ilha do Lago Tana (Lake Tana), na nascente do Nilo Azul.

FONTES
TELEGRAPH UK
https://web.archive.org/web/20071121091516/http://www.telegraph.co.uk/news/main.jhtml?xml=/news/2005/12/29/wethiopia29.xml&sSheet=/news/2005/12/29/ixworld.html
THOTH WEB (fora da rede, sem back ups) 🛠
tradução: @LygiaCabus
CHAPEL OF TABLET
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:The_Chapel_Of_The_Tablet,_Axum,_Ethiopia_(2842610803).jpg
A Arca da Aliança: o que é, o que tinha e o que representava 
https://www.respostas.com.br/o-que-e-a-arca-da-alianca/
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:The_Chapel_Of_The_Tablet,_Axum,_Ethiopia_(2842610803).jpg

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

🕎 OS GUARDIÕES DA ARCA PERDIDA

MAIS

O Antigo Testamento fala claramente dos super-poderes da Arca da Aliança. Quando foi roubada pelos filisteus, estes, trataram de se livrar logo dela posto que que seu povo foi penalizado com uma praga terrível: tumores cancerígenos.

A queda das muralhas de Jericó também é atribuída aos poderes da Arca. Pessoas que tocaram inadvertidamente o objeto, morreram imediatamente. Somente poucos escolhidos poderiam carregá-la, usando os suportes das extremidades.

O próprio Moisés tinha uma das faces marcada e passou a usar um véu depois da construção da Arca. 

Estes poderes espantosos levaram muitos estudiosos a concluir que a Arca da Aliança continha algum tipo de material radioativo, como um pequeno reator nuclear, o que explicaria desde as doenças até as curas miraculosas atribuídas ao misterioso objeto.

Farão uma arca de madeira de acácia [Êxodo, 25:10] - foi a instrução de Deus a Moisés, no Livro do Êxodo, depois que o patriarca libertou o povo hebreu de 400 anos de escravidão no Egito. 

E os israelitas confeccionaram a Arca que foi banhada a ouro por dentro e por fora. Dentro desta arca Moisés depositou as Tábuas, que continham os Dez Mandamentos da Lei, gravados na pedra pelo próprio Deus no alto do monte Sinai.

Desde então, os judeus reverenciam esta Arca como uma manifestação terrena da Divindade e símbolo da Aliança entre Deus e o "povo escolhido". 

O Antigo Testamento descreve os poderes fabulosos deste objeto mítico: resplandecente em fogo e luz, capaz de deter a correnteza dos rios, destruir armas ou derrubar as muralhas de Jericó.

No Livro dos Reis, Salomão construiu o primeiro templo de Jerusalém para abrigar a Arca da Aliança e ali ela foi venerada durante todo o reinado, de 970-930 a.C. e além.

Entretanto, de acordo com a história e a tradição, a Arca da Aliança desapareceu quando o templo foi saqueado pelos babilônicos em 586 a.C..
 
Ao longo de muitos séculos, enquanto os judeus acreditaram e ainda acreditam que a Arca estava/está perdida, os cristãos da Etiópia [antiga Abissínia] têm afirmado que a verdadeira Arca da Aliança existe e está guardada em uma capela na pequena cidade de Aksum.

Dizem as lendas que a Arca sagrada chegou à Etiópia há 3 mil anos atrás e tem sido protegida por uma sucessão de sacerdotes virgens que, uma vez escolhidos, nunca mais põem os pés fora da capela, até a morte.
Um mural em Aksum, típico, cujo tema pode ser visto em outros murais em toda a Etiópia, representa o encontro da rainha Sheba com o rei Salomão.  FOTO: Paul Raffaele


De Jerusalém a Aksum, a trajetória da Arca da Aliança está ligada à figura de Menelik, filho da rainha Sheba, mais conhecida como rainha de Sabá, com Salomão, o rei sábio dos judeus.

A história é contada no Kebra Negast ou o Livro da Glória dos Reis que contém a crônica da linhagem real de Salomão em terras etíopes. 

Segundo o Kebra Negast, a rainha Sheba viajou até Jerusalém a fim de conhecer os segredos da sabedoria de Salomão.

Ao que parece, a rainha partilhou mais que conhecimento com o rei: na viajem de retorno ao seu país, ela deu à luz um filho do monarca, Menelik.
 
Adulto, Menelik foi visitar o pai e, três anos depois, na volta à Etiópia foi acompanhado pelos filhos primogênitos da nobreza israelita. 

Estes judeus, sem que Menelik soubesse, tinham roubado a Arca. Menelik considerou a gravidade do fato mas concluiu que, sendo a Arca tão poderosa, se não havia destruído os ladrões, devia ser porque era da vontade de Deus que o objeto sagrado ficasse com ele em seu país.

[Outra versão afirma que a Arca foi confiada a Menelik pelo próprio rei Salomão; outra ainda, diz a Arca levada por Menelik, que deveria ser uma cópia, foi trocada pela original].

Muitos historiadores, como Richard Pankhurst, um pesquisador britânico que viveu na Etiópia por quase 50 anos, datam o manuscrito do Kebra Negast no século 14 [anos 1300].

As crônicas, em idioma copta, teriam sido copiadas de originais ainda mais antigos. 

O livro foi escrito para validar a reivindicação dos descendentes de Menelik que se consideram herdeiros da realeza de Salomão e, portanto, governantes do país [ou reino] por "direito divino". Alegam que a linhagem salomônica etíope jamais foi quebrada.

Sua Santidade Abuna Paulos, patriarca da Igreja ortodoxa Etíope [2007] desde 1992, PhD em teologia pela Princeton University [USA], sentado em um trono de ouro, explica:

Nós temos mil anos de judaísmo seguidos de dois mil anos de cristianismo. Nossa religião tem suas raízes no Antigo Testamento. Seguimos a mesma dieta dos judeus, segundo as leis estabelecidas no Levítico. 

Os pais fazem circuncidar os meninos e escolhem os nomes dos filhos entre os personagens do Antigo Testamento. Muitos observam o descanso do sábado, o Sabbath.

Sobre a rainha Sheba, o patriarca diz: 

A rainha Sheba visitou o rei Salomão em Jerusalém há três mil anos. O filho dela com o rei, Menelik, aos 20 anos, foi a Jerusalém de onde trouxe a Arca da Aliança para Aksum. Ela tem estado na Etiópia desde então.

Abuna Paulos, que não põe em dúvida a tradição, nunca viu a Arca. O objeto é tão misterioso que nem o patriarca tem esse direito. O guardião da Arca é à única pessoa no mundo que tem essa honra.

A Arca não permaneceu continuamente em Aksum ao longo da História. Monges mantiveram-na escondida por 400 anos  e sempre que houve risco da relíquia cair em mãos profanas.

O monastério que abriga a Arca fica em uma ilha no Lago Tana, 200 milhas a noroeste do caminho para Aksum.
Monge Abba Haile Mikael, do lado de fora de sua cabana com o crucifixo e o Livro Santo, na ilha de Kirkos, Lago Tana, um dos possíveis refúgios da Arca da Aliança.

O Lago Tana [ou T'ana, ou ainda Tsana] é a fonte do Nilo Azul. 

O maior lago da Etiópia, localizado a 1.840m de altitude, tem cerca de 3.500 km² de superfície e misteriosas ilhas que aparecem e desaparecem conforme sobe ou desce o nível das águas. 

Ali, pescadores ainda utilizam embarcações primitivas, feitas de papiro, tal como os egípcios dos tempos dos faraós. 

A ilha onde, supostamente, encontra-se a Arca da Aliança chama-se Tana Kirkos.

A primeira visão da ilha é um paredão de pedra com 150 metros de altura e meio quilômetro de largura.O barco acerca-se de um pequeno cais que dá para um caminho feito na rocha.

Um monge, vestido de amarelo, aguarda e logo vistoria o barco para certificar-se de que não há mulheres à bordo. 

O monge é Abba ou Pai Haile Mikael informa que na ilha residem 125 monges e mais alguns noviços. As mulheres foram banidas há séculos porque sua presença colocava em risco a virtude dos homens.

Sobre a Arca, outro monge, Abba Gebre Maryam explica: 

A Arca veio de Aksum para esta ilha a fim de ser preservada de inimigos saqueadores. Isso, muitos antes do nascimento de Jesus. Naquele tempo, nosso povo seguia a religião judaica.

Durante o reinado de Ezana, há 1.600 anos, a Arca retornou a Aksum. O reino de Ezana estender além do mar Vermelho alcançando a península Arábica. Aquele monarca converteu-se ao Cristianismo em 330 d.C..

Segundo Abba Gebre, Jesus e Maria passaram 10 dias na ilha durante seu longo exílio das terras de Israel [refere-se, portanto, ao período infância-juventude de Jesus [não mencionado na Bíblia católica]. 

Existe até uma pedra que, segundo a tradição, serviu de repouso para a Virgem Maria e seu filho.


A bandeja de bronze, sob a guarda dos monges de Tana Kirkos, teria sido retirada do Templo de Jerusalém pelo príncipe Menelik e viajou para a Etiópia junto com a Arca e outros objetos de culto.

A ilha também guarda suas Tabots, réplicas das Tábuas da Lei mosaica, em uma igreja antiga, construída com madeira e e rocha, em forma circular, como é tradicional na Etiópia.

Todas as igrejas etíopes possuem suas próprias réplicas, que são consideradas como a credencial necessária para santificar os templos. 

Sem as Tabots, uma igreja é tão sagrada quanto um estábulo, esclarece Abba Gere. A cada 19 de janeiro, na festa chamada Timkat ou Epifânia, as tábuas saem das igrejas e são levadas pelos fiéis pelas as ruas das cidades em procissão.


Na festividade da Epifânia, Timkat, 19 de janeiro, padres, diáconos e outros religiosos, vestidos com suas belas e coloridas túnicas, ornadas com finos brocados, saem às ruas em procissão levando sobre as cabeças as réplicas das Tábuas da Lei Mosaica, aquela que contém dos Dez Mandamentos da lei de Deus, recebidos por Moisés, diretamente de Deus, no alto do Monte Sinai. 

As tábuas são envoltas em veludo negro bordado com fios de ouro.

Em Gonder, outra cidade etíope, na Festa de Timkat ou Epifânia, o Arcebispo, portando as Tábuas de sua Igreja, abre a procissão seguido de dúzias de padres, diáconos e acólitos. São acompanhados por centenas de pessoas. Cantos, hinos, preces, são entoados. 

A este séquito, ao longo do trajeto nas ruas, reúnem-se outros clérigos de outras sete igrejas, todos levando suas Tábuas. A Timkat prolonga-se por três dias, entre missas e outras celebrações.

Em Aksum existe um grande reservatório de água, a superfície coberta de espuma verde. É chamado de banho da Rainha Sheba e muitos acreditam que suas águas são amaldiçoadas. 
Em meio ao mistério que envolve a Arca, outra tradição afirma que a relíquia está em uma capela, Capela de Santa Maria do Sião, em Aksum, atualmente [2007] sob os cuidados do padre Nerbuq-ed. 

[A confusão pode ser proposital, como medida de segurança]. De acordo com Nerbuq, o guardião ora constantemente diante da Arca, queima incensos como tributo a Deus].

O único homem do mundo autorizado a olhar para a Arca da Aliança israelita é escolhido pelos altos sacerdotes de Aksum e pelo guardião vivo. 

O guardião não entra em contato com leigos. Somente os líderes religiosos podem vê-lo ou falar com ele. Uma vez o escolhido, o guardião abandona seu próprio nome e passa a se chamar "Guardião da Arca" ou Atang.

Outras fontes, porém, como a reportagem publicada pela National Geographic, assinada por Candice S. Millard, informam que o Guardião é o sacerdote Abba Mekonen, cerca de 70 anos [em 2006], no posto há pouco mais de 3 anos na missão que só termina com a morte. 

Ele nunca sai da área da capela. aos curiosos que insistem em ver a Arca, os sacerdotes, tanto em Aksum como na ilha do Lago Tana respondem: "Quem poderá contemplar a face de Deus?"

A ilha também guarda suas Tabots, réplicas das Tábuas da Lei mosaica, em uma igreja antiga, construída com madeira e e rocha, em forma circular, como é tradicional na Etiópia.

A cada 19 de janeiro, na festa chamada Timkat ou Epifânia, as tábuas saem das igrejas e são levadas pelos fiéis pelas as ruas das cidades em procissão.

Como prova da conexão Jerusalém-Salomão-Etiópia, Abba Gebre mostra uma antiga bandeja de bronze que também teria sido trazida por Menelik, para Aksum,  junto com a Arca e outros objetos de culto, em seu retorno à Etiópia, depois da visita ao pai, o rei Salomão, em Jerusalém. 

O sacerdotes judeus usavam as bandejas para o recolher o sangue de animais sacrificados.

A reverência dos etíopes pela Arca é bem ilustrada pela cerimônia sagrada que acontece na cidade de Gonder. 

Ali, o Arcebispo Andreas, líder local da Igreja Ortodoxa Etíope, lembra que a história da Arca na Etiópia tem atravessado gerações ao longo de milênios.

Esta é uma evidência de fato reforçada pela sacralização das Tabots, as réplicas das Tábuas da Lei presentes em todos os templos cristãos etíopes, uma característica ritual que aparece na liturgia de outras nacionalidades cristãs.


FONTE
Keepers of the Lost Ark?
por Paul Raffaele
IN Smithsonian magazine — December, 2007
https://www.smithsonianmag.com/travel/keepers-of-the-lost-ark-179998820/
tradução: Lygia Cabus, 2007