quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Estranho Caso de Julia Pastrana



Julia Pastrana, no auge de sua carreira bizarra.

MÉXICO. Ela nasceu em 1834, em Sinaloa, estado da região oeste do México. Sua origem étnica era indígena. Seu nome era Julia Pastrana e ficou conhecida como "a mulher macaco" devido a uma condição genética rara: tinha corpo e rosto coberto de pelos sedosos mas não era um caso clássico hipertricose (também conhecida como a síndrome do lobisomem) porque, no caso de Julia, não era somente a presença excessiva de pelos que caracterizava sua sua estranha aparência. 

Ela também apresentava prognatismo mandibular (mandíbulas proeminentes) e outras deformidades que faziam com que ela parecesse pertencer a alguma espécie, já extinta, precursora do homo sapiens.

Aos 20 anos ela foi descoberta pelo norte-americano M. Rates e levada para os Estados Unidos. Apresentou-se como atração pública pela primeira vez no Gothic Hall, em Nova Iorque (em 1854). Pouco depois, passou a ser empresariada por Theodore Lent (também conhecido como Lewis B. Lent).

Como atração de teatro de curiosidades, Julia fez inúmeras turnês, por toda a Europa, incluindo a Rússia (tanto no território europeu como no eurasiano) onde se apresentava para um público que pagava para vê-la cantar e dançar. Tinha um timbre de voz meso-soprano. Inteligente, ela mesma costurava suas roupas, falava várias línguas e adorava ler.



Julia Pastrana, imagem do livro - The Living Races of Mankind, de Hutchinson H.N. Gregory, E. J. W & Lydekker, R.. Hutchinson: London, 1900. FONTE: [http://es.wikipedia.org/wiki/Julia_Pastrana]

Ela fez muito sucesso. Atraía multidões que faziam fila para conseguir um ingresso para suas apresentações e, consequentemente, ganhou muito dinheiro. Tanto que, em 1857, o próprio Theodor Lent casou-se com ela. Em seguida, o casal mudou-se para a Austria onde Theodor submeteu-a a inúmeros exames médicos enquanto a proibia de sair às ruas durante o dia. 

Em 1859 Julia engravidou e deu à luz um bebê que herdou todas as suas características físicas. Mas a criança morreu 35 horas depois de nascer. O mesmo aconteceu com Julia que morreu cinco dias depois em decorrência de complicações no parto.

Diante da perda de sua fonte de renda, Theodor vendeu os cadáveres, da mulher e do filho a um professor (Sukolov) da Universidade Moscou. O professor mumificou oscorpos e os expôs no Instituto Anatômico da Universidade de Moscou. 

Ganancioso, Theodor reclamou os corpos de volta para transformá-los em novas atrações circences. A Justiça concedeu a restituição mas quando Theodor tentou colocar em cartaz suas atrações, foi proibido pelas autoridades russas. Assim, dois anos depois da morte de Julia e do bebê, em 1862, Theodor retornou à Inglaterra onde não havia restrições legais para a exibição das múmias.

Pouco tempo depois, Theodor conheceu outra mulher com características semelhantes às de Julia. Seu nome era Zenora. Também com esta o inescrupuloso empresário casou-se e retomou seus "espetáculos" apresentando a segunda esposa como "A irmã de Julia Pastrana" e estabelecendo residência em em St. Petersburg (Rússia). 

Porém, em 1880 Theodor começou a sofrer de uma grave enfermidade mental e acabou internado, até o fim de sua vida em um sanatório.

Zenora, tornou-se proprietária das múmias e mudou-se para Munique (Alemanha) em 1888. Em 1895 ela vendeu as múmias durante uma convenção circence realizada em Viena, em 1895.

Desde então, as múmias desapareceram e somente voltaram a reaparecer na Noruega, em 1921 como propriedade de um certo Mr. Lunds que as incorporou ao seu próprio show denominado "A Câmara dos Horrores". 

Essas múmias continuaram sendo exibidas como aberrações até 1970 quando, em uma turnê nos Estados Unidos, um protesto de clamor popular persuadiu as autoridades a proibirem a exploração daqueles cadáveres.

Em 1976, vândalos invadiram o local onde as múmias estavam guardadas e mutilaram o corpo do bebê. Em 1979, a múmia de Julia foi roubada mas a polícia conseguiu recuperá-la e concedeu sua custódia ao Instituto Forense de Oslo (Noruega). 

Mais tarde, em 1990, a múmia de Julia Pastrana foi localizda no Departamento de Anatomia da Universidade de Oslo. Em 2012, a Universidade comprometeu-se a restituir o corpo de Júlia à sua terra natal: o México. De fato, em 07 de fevereiro de 2013, Julia finalmente foi entregue às autoridades mexicanas. 

Depois de uma missa católica na igreja local, o caixão de Pastrana foi levado para o cemitério da aldeia e enterrado com as devidas cerimônias fúnebres.

FONTES
Sepultaron a la "mujer mono" a 153 años después de su muerte.
LOS ANDES/Argentina, publicado em 13/02/2013.
[http://www.losandes.com.ar/notas/2013/2/13/sepultaron-mujer-mono-anos-despues-muerte-696456.asp]
JULIA PASTRANA IN WIKIPEDIA/espanhol. Acessado em 13/02/2013.
[http://es.wikipedia.org/wiki/Julia_Pastrana]

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