POLÔNIA. AGOSTO, 2023. Pesquisadores desenterraram os restos mortais do que acreditam ser uma "criança vampira" do século 17 (anos 1600) que foi sepultada de bruços e presa com cadeado à terra, em um provável esforço para amenizar os temores dos moradores de que a criança retornaria dos mortos, disse o arqueólogo-chefe, Dariusz Poliński da University of Nicolaus Copernicus localizada na cidade de Toruń (Uniwersytet Mikołaja Kopernika w Toruniu).
Os restos mortais da criança, que os antropólogos acreditam ter entre 5 e 7 anos de idade, foram descobertos num cemitério comum não identificado na aldeia polaca de Pień, perto de Ostromecko.
Em 2022, na mesma necrópole, também foram encontrados os restos mortais de uma mulher "vampira" com um cadeado preso ao dedão do pé e uma foice pendurada no pescoço, destinada a cortar sua cabeça caso ela tentasse ressuscitar dos mortos (LEIA NO TÓPICO MAIS ABAIXO).
Os dois túmulos estão situados a apenas 2 metros um do outro. Os arqueólogos acreditam que o local foi um cemitério improvisado para "excluídos" ou aqueles que não eram aceitos nos cemitérios cristãos por vários motivos.
Poliński informou que entre as cerca de 100 sepulturas já excavadas no local, muitas quais apresentam técnicas funerárias irregulares, incluindo táticas "anti-vampíricas" usadas para impedir os defuntos de "voltarem da sepultura".
Os dispositivos incluem um tipo incomum de cadeado triangular feitos para prender os pés do cadáver para mantê-lo no caixão e na cova. As formas de proteção contra o retorno dos mortos incluíram cortar a cabeça ou as pernas, colocar o falecido de bruços para morder o chão, queimá-los e esmagar os restos com uma pedra. Também há evidências que sepulturas foram violadas ou escavadas após o enterro inicial.
Existem vários motivos pelos quais uma pessoa pode ter sido enterrada em tal cemitério, disse Poliński. O indivíduo pode ter exibido um comportamento estranho em vida que fez com que outros o temessem; ou pode ter sofrido de uma doença ou condição física incomum que afetou sua aparência.
“Também pode ter sido uma pessoa que morreu violentamente e repentinamente em circunstâncias estranhas. A morte súbita era frequentemente considerada algo de que as pessoas deveriam ter medo."
Os aldeões do século XVII também tinham medo de mortos afogados e crianças que morriam sem batismo, pagãos, portanto.
Segundo Matteo Borrini, professor principal de antropologia forense na Universidade John Moores de Liverpool, diz que a prática de “enterros de vampiros” era comum em áreas cristãs da Europa a partir do século XIV (anos 1300).
As pessoas associavam surtos “vampíricos” a períodos de mortes em massa que eram inexplicáveis na época mas que, agora, se presume terem sido pandemias ou envenenamentos em grande escala.
O pensamento comum era que esses “vampiros” caçariam e matariam; primeiro seus familiares; depois, os vizinhos e outras pessoas na aldeia.
A MULHER COM A FOICE NO PESCOÇO
Os restos mortais de uma "vampira" presa ao chão por uma foice na garganta e um dedo do pé trancado com cadeado para 'evitar que ela voltasse dos mortos' foram encontrados em uma vila na Polônia .
Descoberto durante trabalhos arqueológicos da equipe do mesmo Dariusz Poliński, citado acima, naquele cemitério da aldeia de Pien, os arqueólogos também descobriram que os restos do esqueleto tinham um gorro de seda na cabeça, indicando que ela tinha um estatuto social elevado, e um dente saliente.
A foice não foi colocada na horizontal, mas colocada no pescoço de tal forma que, se o falecido tivesse tentado se levantar, provavelmente a cabeça teria sido cortada ou ferida.'
MITO
Registros de mitos sobre mortos-vivos datam do século XI na Europa Oriental. As pessoas temiam que alguns dos que foram enterrados voltassem à superfície como monstros sugadores de sangue e aterrorizassem os vivos.
Não é incomum na região encontrar cemitérios onde uma haste de metal – ou uma estaca – foi martelada no crânio do falecido. As pessoas na época acreditavam que essa era uma forma de garantir que a pessoa permanecesse morta.
Em algumas partes do continente - particularmente entre os povos eslavos - a crença nas lendas de vampiros tornou-se tão difundida que causou histeria em massa e até levou à execução de pessoas consideradas vampiros.
Pessoas que morreram prematuramente - como por suicídio - também seriam frequentemente suspeitas de vampirismo, e seus corpos teriam sido mutilados para evitar que ressuscitassem dos mortos.
Em 2015, arqueólogos da aldeia de Drewsko, encontraram cinco esqueletos enterrados de forma semelhante num cemitério com 400 anos.
Foices foram encontradas pressionadas contra a garganta de um homem adulto, que tinha entre 35 e 44 anos, e de uma mulher adulta, entre 35 e 39 anos.
Uma mulher idosa, que tinha entre 50 e 60 anos quando morreu, foi enterrada com uma foice na cintura e uma pedra de tamanho médio na garganta.
Mais duas sepulturas, ambas com foices colocadas na garganta dos esqueletos, revelaram uma mulher adulta entre 30 e 39 anos e uma jovem que tinha apenas 14 a 19 anos.
Os pesquisadores que fizeram a descoberta disseram na época: "Quando colocados em sepulturas, eram uma garantia de que os falecidos permaneciam em seus túmulos e, portanto, não poderiam prejudicar os vivos".
FONTES
10AUG2023
SNODGRASS, Erin. Archaeologists discovered a 17th-century 'vampire child' with a padlocked ankle in a Polish 'necropolis' graveyard
https://www.businessinsider.com/archaeologists-find-vampire-child-padlocked-in-polish-graveyard-2023-8
O2SEP2022
WIGHT, Ed. Remains of a female 'VAMPIRE' pinned to the ground with a sickle across her throat to prevent her returning from the dead are found in Poland
https://www.dailymail.co.uk/news/article-11173505/Remains-VAMPIRE-pinned-ground-sickle-throat-Poland.html