[http://sofadasala-noticias.blogspot.com.br/2015/04/dracula27.html]
ROMÊNIA. Há 14 anos, foi oferecido aos romenos se tornarem acionistas em um dos maiores negócios que, o governo tinha apresentado como seguro de acordo com o primeiro-ministro na época, Adrian Nastase, para investir seu próprio dinheiro.
O Drácula Parque foi anunciado como o maior parque de diversões da Europa Oriental e tinha a intenção de colocar a Romênia no mapa do turismo internacional.
Quase 15.000 pessoas foram seduzidas pela 'oportunidade de investimento e colocaram suas economias no negócio. Hoje estão decepcionadas. O projeto tornou-se um problema que depois de mais de uma década nada rendeu para aqueles que nele apostaram.
O investidor Mihuţ Raveca comenta, decepcionado: 'Eles pegaram o dinheiro e até hoje eu não sei o que aconteceu. O dinheiro sumiu. Alina Ioana, na mesma situação: 'Não há interesse, não há nada, sinto-me enganada.
O Drakula Park que deveria atrair anualmente mais de um milhão de turistas injetando mais de 27 milhões de dólares (previsão em 2001) na economia do país, não foi construído até hoje por causa de escândalos políticos e interesses imobiliários.
Essas questões, resultaram, por exemplo, em repetidas mudanças na localização do parque: seria erguido em Sighisoara; depois, em Snagov; mais tarde, em Brasov. Atualmente, sua localização foi transferida para... lugar nenhum.
O administrador do Drakula Park, Sorin Marica 'Os investidores foram vítimas de uma batalha política. No lançamento do projeto o Governo definiu a localização mas veio outro governo e tudo mudou.
Logo no início, o Drakula Park consumiu mais 1,5 milhões de dólares para empreender estudos de viabilidade que não resultaram em nada.
O senador Nicolae Vlad Popa, do PNL - Partido Nacional Liberal lamenta: 'Infelizmente, um projeto que poderia ser um investimento no Turismo da Romênia foi transformado em um esquema fraudulento para captar dinheiro dos cidadãos.
O ex-ministro do Turismo (no cargo quando p projeto foi lançado), Dan Matei Agathon, descarta má-fé por parte dos empresários: 'Não foi um golpe. ninguém fugiu com o dinheiro. Foi um investimento em um projeto que não se realizou.
Investimentos implicam risco em todo o mundo, você ganha ou perde. Infelizmente, neste caso, tem sido perda, prejuízo. Ao menos, por enquanto.
O projeto Drakula Park foi lançado em 2001, no governo de Adrian Nastase, do PSD - Partido Social Democrático da Romênia.
Matei Agathon lembra que... 'Foi a primeira vez, em anos, que a Romênia ocupou o horário nobre nas principais emissoras de televisão do mundo com uma reportagem positiva - e não sobre os orfanatos de crianças com AIDS ou sobre a prostituição no país.
O projeto foi apresentado com grande alarde em destacadas feiras internacionais de turismo em Berlim e Viena.
O PROBLEMA CULTURAL
Embora apreciado no exterior, na Romênia, o projeto do Drakula Park foi muito criticado por acadêmicos e religiosos.
Estes, não podem admitir que a imagem do príncipe Vlad Tepes, considerado defensor da cristandade e herói nacional - seja associada a um personagem demoníaco.
Matei Agathon, todavia, pondera: 'Nós nos preocupamos muito com a nossa história mas, isso não justifica dispensar a 'indústria (turística e cultural) de Drácula (romena) que tem potencial para gerar lucros de 3 bilhões de dólares.
O projeto, de fato, incluía várias ramificações temáticas, como a criação/construção de um Instituto internacional onde seriam organizados congressos sobre a vampirologia.
A CASA ONDE NASCEU VLAD, O EMPALADOR
Apesar dos protestos nacionais contra o projeto do Drakula Park, o empreendimento relacionado ao príncipe da Valáquia teve o acolhimento no governo de Adrian Năstase (do PSD - Partido Social Democrático da Romênia, que foi primeiro-ministro da Romênia de dezembro de 2000 a dezembro de 2004.)
Assim, depois de adiamentos e mudança de local, começaram as obras do Parque em Sighisoara (ou Shassburg, Transilvânia), onde está situada a fortaleza medieval de origem romana onde se encontra a casa onde nasceu Vlad Tepes (1431?-1476 - imagem acima), em uma área de 120 hectares chamada Breite.
O total do investimento chegou a 31,5 milhões de dólares. A quantia foi captada através de duas fontes: 1. venda de ações - ao público, do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Sighisoara, empresa gerente do projeto; 2. verba, financiamento do Estado.
IMPEDIMENTOS CONTROVERTIDOS
Em Breite, o empreendimento teve novos problemas: apareceram ONGs
questionando as obras em Breite porque o local é umaárea protegida por
lei, é uma reserva de bosques de carvalhos seculares - a Breit Oak Tree Reserve. Alexander Gota, presidente de uma dessas ONGs argumenta: 'A lei diz claramente que é proibida qualquer atividade humana que produza impacto ambiental sobre a reserva.
Além
disso, em 2003, vieram foram divulgado um relatório do Tribunal de
Contas mostrando que o estudo de viabilidade do projeto Drakula Park não
foi aprovado pelo Governo.
Sorin Marica, administrador do Projeto
Drakula, ficou surpreso: Depois de quase um ano de trabalho o Ministério
da Defesa nos deu um parecer negativo alegando a presença, na área, de
um depósito de armas.
Os partidos de oposição apresentaram
outros questionamentos: pelas previsões orçamentárias do projeto, cada
visitante, inicialmente, no primeiro ano de funcionamento, , pelo
ingresso no Drakula Park, entre 20 a 25 euros, algo inacessível para a
maioria dos romenos naquela época (entre 2001 e 2004).
Além
disso, havia a questão da infraestrutura. Se haveria milhões de
turistas isso demandaria condições de hospedagem, instalações adequadas,
serviços auxiliares e um incremento imprevisível no comércio local.
Considerando
estes aspectos, ONGs e defensores do patrimônio histórico apontaram o
Drakula Park como ameaça a Sighisoara, uma das poucas cidades medievais
originais habitadas da Europa.
O Drakula Park seria, com certeza, o
desencadeador de enorme afluência de carros, causando problemas de
trânsito e desgastes das antigas ruas.
Além dos hotéis,
descaracterizadores da paisagem, certamente o empreendimento promoveria a
abertura de bares e lojas e um já previsto complexo de entretenimento e
vivência de uma cultura vampírica, como a oficina para afiar os dentes a
ser instalada na torre da cidade.
Esses questionamentos
ganharam visibilidade internacional, tornaram-se um escândalo. Os grande
midia reportavam que o patrimônio histórico de Sighisoara estava em
perigo.
A Casa Real da Grã-Bretanha entrou na questão representada
príncipe Charles que, aliás, dizem, tem parentesco remoto com o príncipe
Vlad Tepes.
SNAGOV
Por causa dessa questão histórica e ambiental, o governo de Adrian Nastase decidiu mudar o local do empreendimento para Snagov - área rural do condado de Ilfov.
Existe um potencial histórico: ali, segundo a lenda, na igreja de um mosteiro de Sangov, construído no isolamento de uma ilha, Vlad Tepes, o Drakula (filho de Drakul) teria sido sepultado sob uma laje, sem inscrição (imagem acima).
Outra vantagem da nova localização é ser próxima ao aeroporto internacional Henri Coanda, em Bucareste. A notícia de que o Parque seria, enfim, construído em Snagov, promoveu uma rápida valorização imobiliária da região.
Muitos investiram porém, mais uma vez, a expectativa de lucro foi frustrada por conta de complicações jurídicas sobre a propriedade das terras, uma área 460 hectares com valor estimado em 200 milhões de dólares.
Ocorre que o terreno foi parte da fazenda leiteira de Nicolae Ceausescu (1918-1989, ditador comunista que 'governou a Romênia entre 1987 até 1989). Há anos estas terras estavam em disputa.
Moradores de Snagov as reivindicam pois foram confiscadas pelo regime comunista. Frustrada essa nova investida, o mercado imobiliário de Snagov afundou e hoje, nas fachadas das casas área urbana, há inúmeros cartazes de vende-se.
Para complicar a situação, apesar dos obstáculos políticos e jurídicos que impediram, até agora, a construção do complexo de diversões Drakula Park, a Autoridade Nacional de Turismo não despreza, de modo algum, a marca de Drácula.
Em 2005 o governo investiu mais de 1,5 milhões de euros em cinco comerciais, uma campanha publicitária - centrada na figura do lendário vampiro.
O caso acionou os promotores do DNA - National Anticorruption Directorate (Diretório Nacional Anticorrupção) - que acusou a Autoridade Nacional de Turismo de realizar campanha publicitária ilegal com o objetivo de promover a imagem do conde Drácula na Romênia.
O processo resultou em veredito de culpados para dois integrantes do órgão turístico: Cristina Motorga e Dumitru Samson foram condenados a cinco anos de prisão por falsificação, abuso de poder.
BRASOV. FIM DE LINHA
BRASOV. Em 2007, a Dracula Park S.A. comprou um terreno na localidade de Fundata, condado de Brasov e ali pretendeu construir uma pousada com 20 quartos.
Sorin Marica, administrador de todo o projeto desde 2001, defendeu que o negócio seria rentável para os acionistas - aqueles que esperam há 14 algum retorno do dinheiro investido no Drakula.
Apesar do lugar estar situado nas proximidades do famoso Castelo de Bran, morada do príncipe, os investidores mantiveram-se descrentes.
Hoje, a pousada é apenas uma construção inacabada no meio do nada. Tal como seu inspirador, o projeto Drácula Park existe mas não sai do papel, é morto-vivo, como seu inspirador.
+ Governo Romeno Proíbe Dracula Park, 2006
[http://sofadasala-noticias.blogspot.com.br/2015/04/dracula27.html]
FONTES
DIN|INTERIOR. Dracula Park: ţeapă în numele lui Ţepeş
DIGI24-ROMÊNIA, 25.01;2015
[http://www.digi24.ro/Stiri/Digi24/Special/Reportaj/DIN+INTERIOR+Dracula+Park+teapa+in+numele+lui+Tepes]
+ Bran Castle – between myth and history
PURE ROMANIA, Acessado em 27.04.2015
[http://www.pure-romania.com/bran-castle/]
+ ENGELMANN, Maira. ROMÊNIA – Bucareste e Transilvânia ("morada" do Drácula)
RETRATOS E RELATOS, 10.02.2009
[http://retratoserelatos.com/romenia-bucareste-transilvania/]