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segunda-feira, 19 de maio de 2025

☸ POST MORTEM TEOSÓFICO: KAMA-LOKA & DEVAKHAN

ocultismo, post mortem, teosofia
por Adrian Faraj
Estudo da Doutrina Teosófica
segundo exposto 
IN BLAVATSKY, Helena Petrovna, 1983. A Chave da Teosofia.
A morte é o mais intrigante mistério das fronteiras do desconhecido que desafiam a inteligência humana. Sobre a morte, duas opções, antagônicas, apresentam-se ao raciocínio: 

1ª) a morte é o fim, a consciência do "si mesmo", o self, deixa de existir quando o corpo perece; 
2ª) a morte é uma transição, existe algo, outro lugar, o "além", outra vida que começa, ou a continuidade da existência que transcende o último suspiro.

A primeira opção, a morte como passagem para o "Nada", resolve-se por si mesma, sem nenhuma especulação; não dá lugar à discussão porque o "Nada" é indiscutivelmente invariável: sua essência é "Não-ser". 

A segunda hipótese, ao contrário, permite questionamentos sobre o tipo de vida, a natureza dos outros mundos, a essência dessa vida póstuma. As religiões mais importantes do mundo divergem entre si sobre estes temas.
 
As doutrinas das crenças ocidentais e o Islamismo tendem a apresentar o post-mortem, em suas Escrituras Sagradas, com superficialidade ou pelas vias tortuosas das alegorias. 

No Oriente, o hinduísmo e o budismo indiano e tibetano são extremamente detalhistas nas exposição desse assunto e suas concepções são, no mínimo, fascinantes.
 
Os Budistas acreditam na reencarnação, na Lei do Carma, que orienta a série de renascimentos que cada ser humano experimenta. 

Crêem, portanto, não somente na vida após a morte, na sobrevivência do "Ego Superior", mas também na teoria de que a criatura humana vive muitas vezes, na Terra e em outros planetas, cumprindo um jornada de aprendizado rumo à elevação espiritual, ao longo de um período de tempo tão longo que pode ser perfeitamente entendido como "Eternidade".

Os Teósofos, estudiosos da autoproclamada "Religião da Verdade", adotaram a doutrina budista-tibetana sobre o fenômeno da morte dos humanos que habitam o planeta Terra. Suas idéias não se confundem com a concepção dos Espíritas Kardecistas embora ambas correntes de pensamento tenham pontos em comum.

ESPIRITISMO E TEOSOFIA: 
CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS

Concordam, por exemplo, com a idéia da reencarnação e do tempo necessário para que um espírito desencarnado retorne para uma nova vivência em um novo corpo; ambas as escolas aceitam, também, que as reencarnações ocorrem em circunstâncias propícias ao resgate de erros que o espírito cometeu em outras encarnações, ou seja, mais uma vez, a regência da Lei do Carma.
As irmãs Fox. Da esq. para a dir.: Kate, Leah e Margaret. Elas ganharam notoriedade em 1848, quando os jornais comentavam sua capacidade de comunicação com os espíritos em sessões que realizavam em sua casa, Hydesville - NY. 

As irmãs tornaram-se médiuns profissionais e desempenharam papel fundamental no movimento espírita. Muitos consideraram-nas como fraudes. A litografia original foi criada a partir de um daguerreótipo tirado por Meade Brothers por volta de 1853 e publicada pela N. Currier, uma editora de Nova York.

Existem, todavia, pontos divergentes entre a Teosofia e o Espiritismo especialmente no que se refere aos chamados "fenômenos espíritas'", as mesas girantes ou mesas brancas, onde adeptos de Kardec realizam sessões de evocação dos mortos.

Os teósofos condenam estas práticas que consideram perigosas, ilusórias e, em muitos casos, fraudulentas. Afirmam que os espectros autênticos que, eventualmente, materializam-se ou manifestam-se naquelas sessões, são verdadeiros "fantasmas", duplos astrais da pessoa morta, mero cascão, parte do corpo físico que se foi. A regra geral é a incomunicabilidade entre encarnados e desencarnados.

Este corpo astral, que é um dos "corpos" do homem, sobrevive algum tempo depois da falência do ser orgânico. Pode vagar pela terra, fazer aparições em reuniões espíritas, causar espanto pela sua capacidade de comunicação telepática ou de "tomar" o corpo do medium, por mencionar fatos e nomes relacionados ao falecido, porque conserva restos de memória, porém, sua existência é efêmera.

A substância do corpo astral tende a se desagregar, em geral, rapidamente, do mesmo modo como o cadáver se decompõe e passado certo período, que pode variar entre dias e anos (em circunstâncias especiais), toda a sua matéria astral constituinte é dispersada na Natureza. Em sânscrito, idioma da Índia antiga, o corpo astral é denominado Linga-Sharira.

ESPÍRITO

Considerando o ponto de vista teosófico a oposição vida-morte deve ser substituída pela concepção unitária vida-vida: "vida terrena" e "vida não terrena". A morte seria apenas o processo de transição de uma para outra situação. Não há interrupção ou fim da vida, antes uma mudança na condição de SER e ESTAR.

O homem "encarnado" é constituído por sete princípios ou "corpos" biológicos-físicos-químicos. Ao morrer, o espírito, que a teosofia distingue de "alma", abandona quatro destes "corpos", que são chamados "princípios inferiores". São feitos de matéria densa especialmente adequada para a a vida no planeta Terra.

Estes princípios inferiores são: 
1) a corpo físico, animal (Rupa); 
2) alma física, animal (Kama-Rupa); 
3) princípio vital, o prana; 
4) corpo astral (Linga Sharira). 

Os três princípios restantes, ditos "superiores" são manas (individualidade), buddhi (veículo, corpo de manas) e atman, a centelha divina, ligação identitária com o Ser Primordial, Deus. O conjunto desses três princípios, indiviso, é o Espírito ou Eu Superior.

A vida do Espírito é eterna em oposição à vida da "carne", que é perecível. É o Espírito, o ser verdadeiro feito de substância sutil, que sobrevive ao corpo de matéria densa: "O Ego que se reencarna é o Eu individual e imortal, não o pessoal..." [BLAVATSKY, 1983 – p 131]. 

Ocorre que "personalidade" é um sistema complexo de associações circunstanciais que constroem a sensação de auto-reconhecimento, intimamente associada à vida do corpo físico terreno no mundo físico terreno. 

PARA ONDE VAMOS: O ALÉM 

As Escrituras Sagradas Cristãs e Islâmicas possuem numerosas referências ao destino do Espírito depois da morte. Ambas assemelham-se em suas concepções: os bons, que obedeceram às Leis de Deus, vão para o Paraíso; o maus, praticantes de pecados graves, vão para o Inferno.

No Catolicismo, existem ainda: uma região intermediária, o Purgatório, que abriga pecadores medianamente culpados; e o Limbo, lugar onde ficam os pagãos, os não batizados segundo os cânones da Igreja. 

(OU ficavam, porque o Vaticano EXTINGUIU O LIMBO nesta primeira década do terceiro milênio d.C., conforme informa a reportagem:

Cristãos e muçulmanos associam o Paraíso a uma "terra de Bem-aventurança", de felicidade, e o Inferno, ao martírio do fogo onde os espíritos atormentados queimam e somente se ouvem "o gemido e ranger de dentes." 

Entre os gregos, as idéias sobre o post-mortem mudaram, ao longo das épocas, acompanhando a mudança da mentalidade do povo e da organização social:

Nas primeiras representações dos Infernos [entre os gregos] não existe qualquer conotação de castigo ou recompensa, como na doutrina cristã. Homero (século IX a.C.) descreve o Hérebo [como era chamada a região dos mortos] como uma vasta planície subterrânea, onde os mortos vagueiam por toda a eternidade como sombras sem inteligência, sem dor nem alegria. 

Apenas aqueles que cometeram grandes delitos sofrem castigos e alguns privilegiados continuam a viver no mundo das sombras exercendo as mesmas atividades que realizavam sobre a Terra... Mas são exceções...

Com o passar do tempo, os gregos organizaram-se em cidades, criaram um sistema de justiça, ordem e disciplina, julgando os criminosos e recompensando os benfeitores. 

A partir dessa organização social, modifica-se o conceito dos Infernos, que passam a dividir-se em duas regiões distintas: ...o Tártaro, lugar de expiação, onde os maus pagam suas culpas; ...os Campos Elíseos, ou Ilha dos Bem-Aventurados, também imaginada nas profundezas terrestres, onde os bons usufruem as recompensas de suas ações. 
(MITOLOGIA GREGA – p 99)

Os teósofos adotam concepção budista que somente admite duas hipóteses para o Espírito desencarnado que jamais é punido por qualquer de seus atos sobre a Terra. Castigo no post-mortem é uma idéia considerada flagrantemente injusta e, portanto, incompatível com a natureza de Deus.

O sofrimento pode acontecer mas somente como decorrência de um estado de consciência confuso, que pode dominar o Espírito por conta do processo de separação do corpo. É uma questão de tempo de adaptação entre uma condição existencial terrena e outra condição, de existência meta-terrena (além do terreno). Em A Chave da Teosofia, H.P. Blavatsky escreve:

"Não admitimos nenhum castigo fora desta terra porque o único estado que o Eu Espiritual conhece na vida futura é o da felicidade sem sombras. ...Não podem os crimes e pecados cometidos em um plano de objetividade e em um mundo de pura matéria, receber nenhum castigo em um mundo de pura subjetividade. 

Não acreditamos em inferno ou paraíso como localidades; em nenhum fogo objetivo do inferno nem em alguma Jerusalém com ruas incrustadas de safiras e diamantes. Cremos em um estado post-mortem ou condição mental parecida com aquela em que nos encontramos durante um sonho lúcido.

Acreditamos em uma lei imutável de amor, justiça e misericórdia absolutos; e crendo nisso dizemos: seja qual for o pecado... nenhum homem pode ser responsabilizado pelas conseqüências de seu nascimento. Ele não pede para nascer nem elege os pais que lhe darão vida. 

Sob qualquer aspecto, é vítima do que o rodeia; é filho das circunstâncias sobre as quais não tem ação nem poder... Em essência, a vida é um fogo cruel, um mar borrascoso que deve ser cruzado e, as vezes, um peso muito difícil de suportar.

...quase todas as vidas individuais... são um sofrimento. Haveríamos de acreditar que o homem desgraçado e desamparado, batido pelas enfurecidas ondas da vida, se não consegue resistir e se vê arrastado por elas, há de ser castigado com uma condenação eterna ou sequer uma pena passageira? 

Jamais. Grande ou vulgar pecador, bom ou mau, culpado ou inocente, uma vez livre do peso da vida, o Manu ("Ego Pensante"), exausto e consumido, adquiriu o direito a um período de bem-aventurança e repouso absolutos.

A mesma lei infalível, sábia e justa... que infringe ao Ego, na carne, o castigo cármico a cada pecado cometido na vida anterior na Terra, prepara à entidade, agora desencarnada, um longo período de descanso mental, isto é, o completo esquecimento dos acontecimentos infelizes e até dos pensamentos dolorosos mais insignificantes pelos quais passou como personalidade em sua última vida..."

KAMA-LOKA
Logo após a morte o Espírito da maioria dos mortais experimenta um estado de consciência nebuloso. São raros os que ingressam imediatamente em completa consciência do que está ocorrendo. Em geral, a sensação é de estar mergulhado "em sonhos caóticos ou um sono inteiramente sem sonhos, semelhante ao aniquilamento" (BLAVATSKY, 1983 – p 160).

Esta situação de confusão mental, corresponde a um estado de consciência que conduz o Espírito desencarnado à dimensão existencial de Kama-Loka, um lugar de purificação, onde são dissipadas as perturbações mentais póstumas e ainda, onde são dispersos os restos de matéria terrena ou, a alma animal, Kama-Rupa, que tende a permanecer ligada ao espírito, como se recusasse seu destino inevitável, que é a desintegração.

Quando o homem morre, seus três princípios inferiores o abandonam para sempre, isto é (ficam e dispersam-se na Terra): o corpo [Rupa], a vida [Prana], o corpo astral ou duplo do homem [Linga-Sharira]. Então, seus outros quatro princípios transcendem a dimensão da existência terrena. São eles:

[1] princípio central ou médio (a alma animal ou Kama-Rupa), com tudo o que assimilou de manas inferior [personalidade], e a Tríade superior:

[2] Atma,
[3] Buddhi,
[4] Manas Superior  ̶  se encontram em Kama-Loka. Esta é uma localidade astral, ou Limbus da Teologia Escolástica, o Hades dos antigos [gregos], enfim, uma localidade somente no sentido relativo. (Assim somam-se sete princípios na constituição do ser humano encarnado no globo terrestre)

Kama Loka não tem área definida nem tão pouco limites, mas existe dentro do espaço subjetivo, isto é, fora do alcance de nossas percepções sensoriais. Sem dúvida existe e é ali que eidolons astrais [alma animal] de todos os seres que já viveram, inclusive os animais, esperam sua segunda morte.

...Para os animais, [esta segunda morte] vem com a desintegração e completa desaparição de suas partículas astrais. Para o eidolon humano, começa quando a Tríade Atma-Buddhi-Manas separa-se de seus princípios inferiores, ou seja, do reflexo da personalidade que foi ao entrar num estado devakhânico. (BLAVATSKY, 1983 - p 143)

O processo de purificação demora mais ou menos conforme o Espírito se mantenha mais ou menos identificado e iludido com a realidade da vida na Terra, apegado às coisas, pessoas e emoções daquele período de existência em condições mundanas. Inconformados, tais Espíritos utilizam-se da Alma Animal (ou Instintiva) como último recurso de acesso ao "plano" terreno, pois somente esta Alma pode ainda se manifestar naquele plano, dirigido pelo desejo que domina a mente, que é o próprio Espírito.

Animado pela captação do prana, alimento da alma instintiva do homem-personalidade que morreu, o Alma Animal - Kama-Rupa, pode permanecer no planeta buscando a satisfação de vontades sensuais e sensoriais - alimentos, bebidas, drogas, sexo, desejos de vingança, mágoas não superadas, culpas etc.. 

Embora vagando na Terra, o "cascão" de Rupa, do corpo, está ligado (por energia psicotrônica ou mental) ao Espírito, que o fortalece enquanto estiver inconformado com sua mudança de estado ontológico.

FENÔMENO ESPÍRITA

O fantasma kama-rúpico [é um ser] privado de seu princípio pensante, [não tem sequer] inteligência animal e... sem cérebro físico para poder se manifestar, desaparece. ...É uma verdadeira não-entidade, com relação às faculdades que raciocinam e meditam; no entanto, é uma entidade, embora astral e fluídica ...Em alguns casos, atraída magnética e inconscientemente por um médium, [vive] por algum tempo, sobrevive [através do médium] por procuração. ...O Kama-rupa vive na aura do médium uma espécie de vida fictícia; raciocina e fala pelo cérebro do médium ou do de outras pessoas presentes.

Kama-Rupa é uma "relíquia etérea da personalidade". Sujeita às atrações terrestres, precipita-se em Kama-Loka. Seu aniquilamento nunca é instantâneo e, às vezes, o processo pode durar séculos.

A personalidade, que ali permanece com resíduos de outros egos pessoais, "converte-se em uma casca ou um elemental. estas cascas e os elementais são as protagonistas das "aparições e manifestações" nas sessões espíritas:

"Todas essas comunicações com os mortos são necromancia e práticas perigosíssimas... [os chamados] "espíritos" não sabem o que dizem, repetindo como papagaios o que encontram no cérebro do médium e de outras pessoas..." (BLAVATSKY, 1983 - p 184)

DEVAKAN

Devakhan é o paraíso onde reina a felicidade e "não existe o menor sofrimento nem a sombra de penas" (BLAVATSKY, 1983 – p 45). Em Devakhan, o Espírito esquece todas as misérias da vida terrena. O Ser-Mente-Indivíduo, livre dos condicionamentos (orgânicos) do cérebro, é dotado de plena capacidade criadora; trata-se de um estado ontológico (de ser estar) no qual "falar é criar", ou ainda, mais precisamente, pensar, idealizar, é criar.

Essa é fonte da bem-aventurança em Devakhan: e pensamento é, de fato, criador, realizando imediatamente todas as aspirações que fazem da vivência devakhânica uma experiência plena de felicidade justificando plenamente o significado do termo "Devakhan" (mencionado acima): "Terra dos Deuses"; porque o Ego superior, que ingressa em Devakhan, é aquele que recuperou sua condição de "Deva", a condição de "um Deus" ou um "Ser Angélico".

Em Devakhan, o Espírito Esclarecido resgata todo o sofrimento decorrente das frustrações e tormentos emocionais que amargou na vida passada. Entretanto, o mundo devakhânico é diferente para cada Ego; depende das idéias particulares da "personalidade" recentemente vivenciada. 

Em sua esmagadora maioria as "personalidades" são forjadas sob a influência de um ambiente, de um contexto cultural e especialmente, das idéias sobre o post-mortem que cada pessoa adotou durante a vida na Terra.

[Para alguns], "a felicidade em estado devakhânico consiste na completa convicção de não haver abandonado nunca a Terra e de que a morte não existe." [BLAVATSKY. PDF ONLINE (1) p 162]

...Conforme a crença que o homem teve em relação à sua vida futura e o que dela esperou, assim será o que o aguarda. Quem não esperou vida futura alguma, encontrará um vazio absoluto, semelhante ao aniquilamento no intervalo entre dois renascimentos. ...A morte é um sono.

Depois da morte começa a se desenrolar frente aos olhos espirituais... a representação de [um] programa aprendido e que, com muita freqüência, foi composto por nós mesmos... [É a realização]... das crenças [que abraçamos]. O metodista será metodista; o muçulmano será muçulmano pelo menos por algum tempo.

...Em se tratando de um materialista completo, é possível a perda da própria consciência e própria percepção depois da morte... [Para alguém assim - o materialista ou o cético], o intervalo entre duas vidas assemelhar-se-á a um sono tranqüilo... inteiramente livre de sonhos ou cheio de imagens indefinidas; para o mortal comum, será um sonho tão vivo e animado quanto a própria vida, cheio de felicidade e visões reais. ...Devakhan é uma ilusão de nossa consciência, um sonho feliz. (BLAVATSKY - 1983)

Kama-Loka e Devakhan, o "Além" dos teósofos (inspirados pelo budismo), são concepções que implicam admitir, também e antes de tudo, a idéia da reencarnação, cujo dogma central é a crença de que o Espírito experimenta muitas vidas, em corpos, lugares, épocas e até planetas diferentes.

A fé católico-cristã rejeita a reencarnação, a sucessão de vidas e prega a "ressurreição da carne" no dia do "juízo final". Não obstante, o Novo Testamento contém ao menos uma passagem, famosa e controversa, sobre o assunto, quando Jesus, falando de João Batista declara: "Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. ...E, se quereis compreender, é ele o Elias [profeta do Antigo Testamento] que devia voltar. Quem tem ouvidos ouça." (Mateus 11:2)

O hinduísmo e o budismo, este último desenvolvido tanto na Índia quanto no Tibete, são as religiões históricas mais antigas que professam a doutrina da reencarnação e vários dos conceitos associados à lógica reencarnacionista com Samsara, o ciclo de inúmeros renascimentos; e Karma, a Lei da Justa Retribuição, que determina as circunstâncias e possibilidades de cada Ego que se encarna.

O Espiritismo, embora também tenha adotado o dogma da reencarnação apresenta uma visão do post-mortem muito diferente da concepção oriental especialmente no que se refere a dois pontos:

1º) a questão da comunicação entre mortos e vivos;
2º) o tempo passado em anos terrenos entre uma encarnação e outra.

Os teósofos não crêem que o verdadeiro Ego Superior ou Espírito se manifeste entre os viventes da Terra e consideram esse tipo de comunicação um exercício de crueldade psicológica, especialmente para os desencarnados que, deste modo, não se veriam livres das misérias da vida mundana nem depois da morte, posto que estariam expostos a ver e tudo saber sobre o que se passa entre aqueles que deixou para trás. Isso significa assistir impotente a sofrimentos, humilhações e até traições à própria memória do Espírito:  

Crer que um espírito puro pode ser feliz enquanto se vê condenado a presenciar os pecados, os erros, a traição e, sobretudo, os sofrimentos daqueles de quem está separado pela morte e, por mais bem que os queira, sem poder prestar-lhes auxílio, seria um pensamento capaz de enlouquecer qualquer um. (BLAVATSKY, 1983 - p 149)

Quanto ao período de tempo que transcorre entre uma morte e um renascimento, para o comum dos mortais, está situado entre dez a quinze séculos, ou seja, entre mil e mil e quinhentos anos.

As estimativas dos Kardecistas são bem mais modestas mencionando "casos" de Espíritos que reencarnaram na mesma família, por exemplo, duas ou três gerações depois da morte.

NIRVANA & NIRMANAKAIYAS 
Kama-Loka e Devakhan é o destino póstumo das pessoas comuns. Existem, porém, espíritos elevados, que atingiram um estágio em que estão livres da "Roda das Encarnações" - Samsara. 

Estes, ao morrer, alcançam o Nirvana, o que significa que tais Espíritos superaram os desejos do mundo, venceram as ilusões da matéria, obtendo a completa libertação em relação aos mundos finitos.

Quando a entidade espiritual rompe para sempre com cada partícula de matéria ou forma e volta a ser um hálito espiritual, só então é que penetra no eterno e invariável Nirvana, vivendo tanto tempo quanto durou o ciclo de vidas - verdadeiramente uma eternidade. 

Aquele "hálito", existindo em espírito, não é nada porque é tudo; como forma, aparência ou figura foi aniquilado por completo; como espírito absoluto ainda É, porque se converteu em Egoidade (p 119). 

Os que chegaram ao Nirvana estão complemente desobrigados de viver na Terra ou em qualquer outro planeta de matéria densa. Podem desfrutar de uma condição ontológica realmente divina. Todavia, nem todos os que conquistaram o Nirvana entregam-se a este repouso merecido.

São Espíritos que renunciam espontaneamente ao privilégio "por compaixão pela humanidade". Entre os cristão estes são os são chamados "Santos". 

Entre os budistas são bodhisatvas - os "corpos de sabedoria" ou, ainda, são os Nirmanakayas, que consideram ato de egoísmo desfrutar da bem-aventurança enquanto milhões de seres humanos sofrem consumidos por todo tipo de miséria. Estes, são aqueles que velam pelo bem da raça humana. 

Bibliografia
BLAVATSKY, Helena Petrovna. Os vários estados post-mortem
__________________________________ Da reencarnação e do renascimento
__________________________________ Kama-Loka e Devakhan
IN A Chave da Teosofia [Trad. Ilka Arnaud] Biblioteca Planeta - São Paulo: Ed. Três, 1983.
MITOLOGIA GREGA volume I - O reino das sombras. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
BLAVATSKY, Helena Petrovna. VERSÃO PDF ONLINE. (1)
https://www.academia.edu/43042795/Blavatsky_A_chave_da_teosofia
BLAVATSKY, Helena Petrovna. VERSÃO PDF ONLINE. (2)
PUBLICAÇÃO ORIGINAL
* edições: Sofä da Sala
2007 | 2ª Ed fevereiro, 2012

domingo, 28 de julho de 2024

🐎 KALI YUGA. PROFECIAS DO VISHNU PURANA: APOCALIPSE & TRIBULAÇÃO

#TEOSOFIA #BUDISMOESOTERICO #PROFECIA
por @LygiaCabus

Deus É Na Eternidade e tem seus Dias e Noites que têm durações iguais e são infinitamente longos em relação à escala de tempo humana. 

Mesmo assim, sábios hindus, os Brâmanes, projetaram uma cronologia da Eternidade de Deus. 

De acordo com tal cronologia, para a Humanidade atual, "o Tempo está próximo"... O ano corrente [2024 d.C.] dos Brâmanes poderia ser:

5126 ─ do presente Kali Yuga ou da Era de Kali ou Era do Ferro 

DO ANO 4 bilhões 319 milhões 573 mil 111... ─ do presente Manvatara ou seja, desde a última vez que Deus repousou ou cessou mais um período de sua atividade criativa.

O próximo Pralaya vai demorar 426 mil 889 anos para acontecer. Na mesma ocasião será o fim da presente Era cósmica terrena. O FIM DE UM KALPA.

Ao fim de um Kalpa, todos os seres desaparecem em minha natureza material e de mim emanam outra vez, ao iniciar um novo Kalpa. (Bhagadav-Gitâ. IX, 17)

PARA O TEÓSOFO BUDISTA ESOTÉRICO, UMA ETERNIDADE é um KALPA ou um DIA e uma NOITE de Brahmâ, correspondente a 4 bilhões e 320 milhões anos. Durante um KALPA ocorrem mil mahâyugas, mil grandes Eras cíclicas, EM CICLOS MAIORES E CICLOS MENORES, uma realidade cíclica e sem pressa na qual um princípio heróico, o auge, a estabilidade e degradação se alternam.

Os Ciclos são compostos de 4 Eras ou Yugas, do começo ao fim de um período de manifestação da Criação em um mundo. As Yugas ou períodos ciclicos são: 

KRITA ou SATYA YUGA
TRETÂ YUGA
DWÂPARA YUGA
KALI YUGA

Todas as Humanidades passam pelas quatro Eras VÁRIAS VEZES, em circunstâncias exteriores diferentes, durante o curso de sua História: Ouro, Prata, Bronze, Ferro. 

A Era do Ferro é a Era de Kali. A Kali Yuga, seja em que mundo for, é caracterizada como um longo período de trevas e este mundo, esta Humanidade está, agora em um de seus tempos de Kali-Yuga. 

TEMPO, TEMPOS, UM TEMPO
A teósofa informa que o início do presente Kali-Yuga é admitido, pelos estudiosos, em torno de 3102 a.C. (considerando imprecisões para mais ou menos). 

Em teosofia, O MARCO ZERO DE CONTAGEM do lento processo do presente KALI YUGA começou no momento da morte de Khrisna e, sua duração, de cinco mil anos, em termos de perspectiva histórica, está perto do fim. 

Para estudiosos, historiadores, esse MARCO ZERO tem uma referência mais robusta: a Kurukshetra War, também chamada de Guerra do Mahabharata
Este fólio mostra parte do versículo 20 e o início do versículo 21 do capítulo de abertura do Bhagavad Gita, que trata do tema da angústia de Arjuna. प्रवृत्तू ॥ २० ॥ Então, vendo os filhos de Dhritarâshtra em formação, e o vôo de mísseis prestes a começar, ... o filho de Pându pegou seu arco, पते । अर्जुन उवाच । ...॥ २१॥ E falou esta palavra para Hrishîkesha, ó Senhor da Terra. 

A tradição popular sustenta que essa guerra marca a transição para Kali Yuga e ocorreu em 3102 a.C. Khrisna, acompanhou o príncipe Arjuna nessa Guerra.
https://en.wikipedia.org/wiki/Kurukshetra_War

De fato, com base nestes padrões, o "Avatar do Cavalo Branco" está atrasado. Entre as informações imprecisas, a própria Blavatsky mostra uma matemática imprecisa: está registrado, também em Antropogênese:

Desde o começo deste Kali Yuga, em 1887, decorreram 4.989 anos' (ANTROPOGÊNESE, p 83) de um ciclo de 5.000 anos de FERRO. 

Por este cálculo o Kali Yuga deveria ter alcançado seu fim em 1898... O fim ou a transição para uma Nova Idade do Ouro estaria com atraso de 126 anos, em Julho de 2024. 

Todavia, não se pode cobrar precisão nem edição da realidade quando se trata de um processo de transição movendo-se na grandiosidade de uma cronologia que se quantifica em centenas de bilhões de anos.
Os ciclos de Kali são marcados por “os estados psicológicos ou mentais e físicos do homem durante seu período” (Isis Sem Véu  II:275). 

Nesse sentido, o Kali-Yuga, é a “era do ferro" (tempos duros), da escuridão, da miséria e da tristeza... a queda do espírito na degradação da matéria, com todos os seus resultados terríveis”  (idem). Ela (Blavatsly) também relaciona o início do Kali-Yuga a eventos astronômicos e astrológicos incomuns.  https://www.theosophy.world/encyclopedia/kali-yuga

ESCREVEU BLAVATISKY EM COSMOGÊNESE

O Kali Yuga reina agora (o ano de publicação deste texto: 1888) supremo na Índia, e parece coincidir com o da era [da degradação, também] ocidental. De qualquer forma, é curioso ver quão profético em quase todas as coisas foi 'o escritor do Vishnu Purana ao predizer a Maitreya algumas das influências obscuras e pecados deste Kali Yuga'. 

Maitreya é o o Avatar de Krishna que virá para resgartar a Humanidade remanescente da destruição deste Kali Yuga desta Quinta Raça Humana. Esse Maitreya ou avatar, que seria uma reencarnação (ou manifestação?) de Krishna, é chamado "o Avatar do Cavalo Branco".

PROFECIAS 
DO VISHNU PURANA: 
REVELAÇÕES E TRIBULAÇÃO
O 'escritor do Vishnu Purana, depois de dizer que os "bárbaros" serão os senhores das margens do Indo, de Chandrabhaga e Kashmera, acrescenta:

"Haverá monarcas contemporâneos, reinando sobre a terra — reis de espírito grosseiro, temperamento violento e sempre viciados em falsidade e maldade. 

Eles infligirão morte a mulheres, crianças e vacas; eles se apoderarão da propriedade de seus súditos e serão cobiçosos sobre as esposas de outros; eles terão poder ilimitado, suas vidas serão curtas, seus desejos insaciáveis...
 
Pessoas de vários países se misturando a eles seguirão seu exemplo; e os bárbaros sendo poderosos (na Índia) no patrocínio dos príncipes, enquanto tribos mais puras são negligenciadas, o povo perecerá (ou, como o Comentador diz, 'Os Mlechchhas estarão no centro e os Aryas no final.')** 

Riqueza e piedade diminuirão até que o mundo esteja totalmente depravado. A propriedade sozinha conferirá posição; a riqueza será a única fonte de devoção; a paixão será o único vínculo de união entre os sexos; a falsidade será o único meio de sucesso em litígios; e as mulheres serão objetos meramente de gratificação sensual.

Tipos externos [as aparências] serão a única distinção das várias ordens de vida; um homem rico será considerado puro; desonestidade (anyaya) será o meio universal de subsistência; fraqueza, a causa da dependência... liberalidade será devoção...

...Aquele que for o mais forte reinará; o povo, incapaz de suportar o fardo pesado, Khara bhara (a carga de impostos) se refugiará entre os vales...

Assim, na era Kali a decadência prosseguirá constantemente, até que a raça humana se aproxime de sua aniquilação.

KALKI: O AVATAR DO CAVALO BRANCO
Quando o fim da era Kali estiver próximo, uma porção daquele ser divino que existe, de sua própria natureza espiritual... descerá na Terra... (Kalki Avatar) dotado das oito faculdades sobre-humanas.

Ele restabelecerá a retidão na Terra, e as mentes daqueles que viverem no fim de Kali Yuga serão despertadas e se tornarão tão translúcidas quanto o cristal. Os homens que forem assim transformados... serão as sementes dos seres humanos e darão à luz uma raça que seguirá as leis da era Krita, a era da pureza.  

BLAVATSKY, COSMOGÊNESE 
IN A DOUTRINA SECRETA.*PDF, p 199

Se um dramático Fim de um Tempo que "todo olho verá", de fato, estiver prestes a acontecer, os humanos deveriam saber.

A literatura profética é real, disponível e historicamente, até certo ponto, verificável. 

O escriba do Vishnu Purana escreveu como um profeta: ele apontou os SINAIS. Todos os profetas enumeram claros SINAIS. Resta ao Homem, prestar muita atenção nos sinais, no microcosmo de sua vida e nos macrocosmos à sua volta.

FONTES
BLAVATSKY, H.P.. ANTROPOGÊSE IN A DOUTRINA SECRETA. São Paulo: Pensamento, 2008.
BLAVATSKY, H.P.. COSMOGÊNESE IN A DOUTRINA SECRETA.*PDF, p 199
https://web.seducoahuila.gob.mx/biblioweb/upload/Blavatsky,%20H%20P%20-%20Cosmogenesis%20[English].pdf
BLAVATSKY, H.P.. Glossário Teosófico. São Paulo: Grimaldi, 1995.
MUTTATHIL, George.The Seven Yugas
https://blavatskytheosophy.com/the-seven-yugas/
Cosmogenesis - H.P. Blavatsky, publicada originalmente em dois volumes, em 1888
https://en.wikipedia.org/wiki/Vishnu_Purana
https://en.wikipedia.org/wiki/Kurukshetra_War

sexta-feira, 26 de julho de 2024

🐎 A CRONOLOGIA DOS BRÂMANES: ESTAMOS NO KALI YUGA

por @LygiaCabus


Em que ano estamos? 2024 da Era Cristã; mas nem tanto; ou nem tão pouco. Os calendários são relativos, são instituídos em função de marcos considerados mais ou menos históricos no contexto de culturas diferentes. 

O presente ano é 2034 da Era Cristã; 2024 no calendário Gregoriano,  que tem este nome porque foi promulgado pelo papa Gregório XIII em 24 de fevereiro de 1582 ─ em substituição ao seu predecessor, o calendário Juliano. O calendário Gregoriano, portanto, foi introduzido a menos de 500 anos [em 2024 d.C.].

Segundo o antigo calendário Juliano o ano corrente seria 2054. Entre os muçulmanos, o ano que vale é 1387 [depois da Hégira maometana ─ fuga do líder precursor do Islã, Maomé ─ Muhammad ou Mohammed, saindo de Meca rumo a Medina, em 622 d.C.]

A palavra calendário e seu conceito vem do latim, kalendae, designação latina para o primeiro dia de cada mês [NEW SHORTER OXFORD ENGLISH DICTIONARY]. 

Kalenda era era o dia de pagar as contas e o calendarium, por extensão associativa de idéias também é um livro de registro [dos valores e devedores].

O calendário Gregoriano é o que prevalece no mundo Ocidental e, até certo ponto, é padrão mundial de contagem do tempo. 

Porém, para efeitos outros, relacionados às tradições culturais de diferentes nações, antigos calendários continuam sendo respeitados e acompanhados. 

Embora muito tradicional, o calendário judeu não é o mais antigo. Segundo a contagem do tempo nos padrões do calendário egípcio, 2024 corresponde ao ano 7526. 

Povos mais antigos ainda também contam mais milênios de registros históricos: mesopotâmicos, chineses, japoneses, hindus, tibetanos. 

Porém, de acordo com os ocultistas teósofos, a contagem de tempo mais recuada registrada em escrituras antigas encontra-se na Índia, mais precisamente, nas bibliotecas dos mosteiros mais remotos da região Himalaia, fronteira com o Tibete.
Afirma a Tradição da Doutrina Secreta que a cronologia dos Brâmanes remonta à criação deste sistema solar, acompanha a formação dos planetas, da Terra, das formas materiais orgânicas e inorgânicas, físicas e metafísicas. 


Brâmane

Palavra sânscrita. Sacerdote, educador, estudioso ─ brahmanebrahmin, em inglês. Indivíduo das casta sacerdotal, a primeira, a mais elevada das quatro principais castas da sociedade indiana [BLAVATSKY, 1995]

 

Também são chamados Vipra [sábios], Dvija, duas vezes nascidos ou Bhūsura deus sobre a terra, deuses terrenos.


O calendário dos Brâmanes registra o surgimento dos primeiros protótipos de indivíduos egóicos de natureza humana; os ciclos das Eras, do nascer, crescer, decair e morrer de diferentes Humanidades e formas de civilização. 

A cronologia dos Brâmanes oferece registros de bilhões de anos! Eis os marcos principais dessa fantástica jornada geo-cósmica:

Idade deste Sistema Planetário-Solar [em 2009]

1 bilhão 995 milhões 884 mil 809 anos

Idade do Surgimento da Primeira Raça Humana [etérea]

1 bilhão 644 milhões 501 mil 109 anos

Idade da Humanidade Atual ─ Quinta Raça Humana

18 milhões 618 mil 728 anos

Duração do Kali-Yuga, Era atual

432 mil anos

Tempo de KaliYuga já transcorrido [em 2009]

5 mil 111 anos

 
Idades deste Universo

O Universo não tem calendário; porque a marcação do tempo depende de uma referência, um marco zero que defina um começo. Porém, até onde a inteligência humana pode conceber, o Universo é ou deve ser Eterno. E eternidade não tem começo nem fim. 

O que a cronologia dos Brâmanes mede ou pretende medir e registrar são os ciclos de atividade e repouso do Universo, estes, sim, segundo a Doutrina Secreta, são períodos que podem ser medidos em anos terrenos. Os números desse calendário brâmane, apesar de serem astronômicos, são surpreendentemente bem definidos.

Dia de Brahma, Kalpa ou Manvatara

4 bilhões 320 milhões de anos

Noite de Brahma ou Pralaya

4 bilhões 320 milhões de anos

Um Dia e Uma Noite de Brahma

8 bilhões 640 milhões de anos

Ano Atual desde o começo deste Manvatara

4 bilhões 319 milhões 573 mil 111 anos

Os ciclos da Vida do Universo são semelhantes ao relógio biológico que regula a vida dos seres humanos. O Universo é Brahma, o Todo, o Todas Coisas em Um. Deus. Deus repousa e desperta para seus dias e noites. 


Em um dos períodos, Cria a Diversidade, os Cosmos em múltiplas manifestações de Si mesmo. Em outro período, Descria ─ recolhe [e recolhe-se em] todas as coisas e volta a ser Um em Si Mesmo.


Pralaya

Sânscrito. Noite de Brahma. Período de obscuridade ou repouso seja planetário, cósmico ou universal]. É o período de dissolução, sono ou repouso relativo ou total do Universo, que sobrevém ao fim de um Dia, de uma Idade ou de uma vida de Brahma. ...


Durante a longa Noite de descanso ou sono do Universo, Pralaya Universal, quando todas as Existências estão dissolvidas, a Mente universal permanece como uma possibilidade de ação mental ou como aquele Pensamento Absoluto Abstrato... Então, toda a ideação cósmica cessa, porque não existe nada nem ninguém para perceber seus efeitos.

 

Brahma, a própria divindade, encontra-se em estado latente... [A variedade dos seres, das substâncias] dissolve-se no estado primordial de objetividade potencial abstrata. 

[BLAVASTKY, 1995]


A Doutrina Secreta do Brâmanes chama o período de criação de Manvatara, o Dia de Brahma ou Kalpa. O Repouso de Deus é Pralaya, a Noite de Brahma. 


Manvatara

Sânscrito. Período de manifestação do Universo,  oposto ao Pralaya [repouso ou dissolução]. 

O termo é aplicado a vários ciclos, especialmente a um dia de Brahma, que compreende 432 bilhões de anos solares. 

Cada Manvatara divide-se em 14 períodos, cada um sob a regência de um patrono ou guardião chamado Manu. 

O presente período do atual Manvatara é o sétimo e o guardião deste período é o Manu Vaivasvata [BLAVASTKY, 1995].


É como se Deus dormisse e acordasse; o que este pesquisador ainda não resolveu é se Deus cria acordado ou dormindo. Se o Universo é a atividade de Deus ou se o Universo é um Sonho/Pesadelo de Deus. Meditemos...


KALI YUGA

JULHO, 2024. O KALI YUGA HOJE


Como Deus tem a Eternidade para Dormir e Acordar, Seus Dias e Noites, que têm durações iguais, são infinitamente longos em relação à escala de tempo humana.


O ano atual [2024 d.C.] de acordo com a cronologia brâmane poderia ser:


ANO 5126 desde a morte de Khrisna, quando o atual Kali Yuga ou a Era de Kali ou a Era do Ferro começou. 


Em outras palavras, estamos em cima da linha de um tempo de grandes infortúnios; na verdade, mesmo desconsiderando as imprecisões nos cálculos dos estudiosos, o Fim, está atrasado pouco mais de 100 anos.


[+/- 3102 a.C., o ano da morte de Khrisna = ANO ZERO do ATUAL KALI YUGA. + 2024 anos d.C. supera os 5 mil anos do ciclo histórico desta Humanidade neste KALI YUGA]. 


Em uma escala cósmica: 


ANO 4 bilhões 319 milhões 573 mil 111 ─ do atual Manvatara, isto é, desde a última vez que Deus descansou ou cessou outro período de sua atividade criativa.


O próximo Pralaya levará 426 mil 889 anos para acontecer. 


Ao mesmo tempo, a atual Era cósmica terrestre, terminará em último Kali Yuga.



FONTES:

BLAVATSKY, Helena Petrovna. Antropogênese. 

In A Doutrina Secreta vol. III. [Trad. Raymundo Mendes Sobral]. São Paulo: Pensamento, 2001.

...............................................Glossário Teosófico

[Trad. Silvia Branco Sarzana]. São Paulo: Ground, 1995.