quinta-feira, 29 de maio de 2025

😱💀😱 BARDO THÖDOL: A CIÊNCIA TIBETANA DO POST MORTEM

ocultismo, post mortem
por Lygia Cabus
Estudo do Livro dos Mortos Tibetano, o Bardo Thödol
edição em português de Lama Kazi Dawa Samdup
Trad. Márcio Pugliese. São Paulo: Madras, 2003
O Bardo Thödol é uma obra que fala da concepção budista-tibetana sobre o post mortem. Foi escrito no século VII, compilado por mestres budistas. Seu conteúdo, porém, muito mais antigo, reúne crenças tibetanas sobre o que acontece depois da morte do corpo físico humano.


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Também chamado de O Livro dos Mortos Tibetano, a expressão "Bardo Thödol" é mais apropriadamente traduzida como "A Libertação Pelo Entendimento na Vida após a Morte". "Bardo" é uma palavra composta: BAR significa "Entre"DO, significa "Dois".

Lama Samdup (1868-1923), que traduziu o texto para o inglês, definiu "Bardo" como "estado incerto" (intermediário), referindo-se à situação intermediária da Mônada ou espírito humano entre a vida biológica, orgânica, que chegou ao fim e o período que transcorre até o próximo renascimento. Os tibetanos e budistas são, portanto, reencarnacionistas, ou seja, acreditam na reencarnação.

A "Libertação" mencionada no Bardo Thödol relaciona-se ao fim do ciclo de reencarnações produzidas pelo carma, pelos sentimentos de culpa, pelo apego à vida. É a libertação da "roda samsárica" [ou sangsárica] que obriga o espírito a renascer em uma das seis categorias de mundos inferiores, a saber:

1. mundo dos Devas (anjos na visão cristã);
2. mundo dos Asuras (semideuses e heróis, apaixonados, sujeitos a paixões);
3. mundo dos Humanos;
4. mundo dos Brutos, seres inanimados e/ou não semoventes e semoventes não humanos; sub-humanos
5. mundo dos Pretas ou dos infelizes;
6. mundo Raksashas, dominados pelo ódio.

O Bardo Thödol é um livro de instruções que objetiva fornecer as informações necessárias para que o espírito obtenha a Libertação alcançando o "estado de Buda", de Iluminado, habitando "Terras Búdicas", livre da reencarnação inevitável porém ainda capaz de voltar a viver em um dos cinco mundos de seres animados (a exceção é o mundo dos Brutos), por vontade própria, se desejar auxiliar os encarnados em seu processo de evolução.

De certa forma, o Bardo Thödol é a ciência de que permite ao espírito transcender a lei do carma pelo entendimento do fenômeno da vida em sua TOTALIDADE CONTÍNUA. 

Um entendimento que permite superar a forte cadeia que prende o SER humano [em todas as suas manifestações] a uma existência de sofrimento: a cadeia formada pelo binômio DESEJO-CULPA.

OS SINTOMAS DA MORTE
Diz a sabedoria popular que "a única certeza da vida é a morte". 

Com efeito, todo ser humano, às vezes na mais tenra idade, fica sabendo sabendo que, inevitavelmente, em um momento qualquer do futuro "a hora chega", a morte virá. Tal como existem várias formas de viver, também existem várias formas de morrer.

A morte "natural", conseqüência de doenças que provocam a falência funcional do corpo físico e as mortes "provocadas", por assassinato, suicídio ou acidentes.

Em qualquer desses casos morrer pode ser um acontecimento súbito (rápido, de um instante para outro) ou lento. A morte lenta envolve a experiência da agonia, processo gradual durante o qual o princípio vital (Jiva) vai, aos poucos, abandonando o organismo.

O conhecimento do Bardo Thödol é aplicável a qualquer caso porém, no caso de morte lenta, cuja agonia pode durar horas ou dias, o livro fornece instruções que permitem ao moribundo e/ou aos circundantes reconhecer os sintomas de que se aproxima o momento do último suspiro.

São estas, em geral, as três primeiras evidências da chegada morte:

1ª) Sensação física de descompressão ("a terra se desfazendo em água");

2ª) Sensação de frio, com a impressão de que o corpo está imerso em água, a qual se transforma gradualmente num calor febril ("a água se desfazendo em ar");

3ª) Sensação de explosão dos átomos do corpo ("o fogo se desfazendo em ar").

Cada sintoma corresponde a determinada alteração do corpo, exterior e visível: ausência de controle dos músculos do rosto; perda de audição; perda da visão; respiração espasmódica, antes da perda final da consciência. [SAMDUP, 2003 - p 65]

A CLARA LUZ PRIMORDIAL
Confrontação & Libertação ― Chikhai Bardo, 1º Estágio
A primeira confrontação [com o post mortem] é a percepção da realidade metafísica ― "o além". 

O espírito perde o contato orgânico com o mundo terreno: já não ouve nem vê com os órgãos dos sentidos posto que estes não funcionam mais. 

Entretanto, será capaz de ver, ouvir, sentir frio ou calor através dos "olhos/ouvidos/tecidos" do corpo sutil (corpo do espírito) já em processo de separação ou completamente desligado do corpo físico.

Antes mesmo da consumação da morte a percepção mediada pelos órgãos sensoriais entra em colapso. 

Embora ainda apresente sinais vitais e respire, o moribundo não mais abriga o espírito em íntima comunhão; está debilmente ligado àquele corpo por uma conexão tênue, em vias de se romper definitivamente. 

Esse estado de SER e ESTAR é o começo da continuidade da existência na condição de BARDO ou ESTADO DE BARDO.

Estudos científicos contemporâneos de "Experiências de Quase Morte" registram relatos de pessoas dadas como clinicamente mortas mas que voltam à vida e lembram do que aconteceu no período transcorrido entre a "morte" e a "ressurreição".

Na maior parte desses relatos, depoentes declaram que atravessaram um túnel escuro em cuja extremidade podiam ver uma claridade, uma luz branca e radiosa. Muitos tiveram medo dessa luz; outros, sentiram-se atraídos por ela.
 
No Bardo Thödol, essa luz branca é "A Clara Luz Primordial" que, antes de ser uma visão, é uma autopercepção dos espíritos elevados quando abandonam o corpo de matéria densa.

Esses espíritos evoluídos são muito raros; não se assustam com a sensação de autodissolução que sobrevém no momento da morte. 
É o primeiro estágio de transição, da vida corporal, finita, para a vida "eterna" contínua, do espírito. Este estágio, denominado Chikhai Bardo ou Estado Incerto do Momento da Morte, é a primeira oportunidade de se libertar da "roda de samsara" ― do ciclo de reencarnações:

Depois de um período de inconsciência em virtude do choque da perda da consciência biológica, [o espírito] retoma a consciência mental pura e seu Princípio Consciente, ou cognoscente, simplesmente dá-se conta de que houve morte biológica. 

Completado esse processo, [o espírito] retorna ao seu Estado Primordial, chamado Clara Luz Primordial

Somente se libertam da roda das vidas e reintegram-se à emanação direta da divindade, na Clara Luz, as pessoas mais elevadas, que atingiram os pontos mais altos do saber espiritual. 

[Estas, alcançam o estado-situação de Darma-Caia, livres de outros nascimentos e renascimentos sem passar por nenhum outro estágio intermediário - p 63]

Esse estado [Estado Primordial, de Ser-Luz ou Ser-Energia-Pura] é altamente instável para a mente humana, mesmo a mais evoluída, pois a Clara Luz já começa a ser ofuscada pela solicitação do carma, representada pelo ego [personalidade terrena] que não foi totalmente apagado [deixado para trás]... [A Clara Luz é ofuscada]... à menor partícula de egoísmo, à menor sensação de separatividade do ego em relação ao Divino, ao menor apoio que se dê a essa idéia. (SAMDUP, 2003 - p 44/45)

A libertação pela auto-identificação com a Clara Luz é reconhecer a si mesmo como um SER-LUZ ― alcançando Terras Búdicas, Terras Puras, onde habitam os Iluminados. Significa "alcançar o estado primordial do incriado", o estado de Buda, além do sofrimento, transcendendo ou superando condicionamentos advindos da ignorância, da sensualidade, da percepção dos fenômenos transitórios (Maia, ilusões), da forma, do espaço, do tempo. Este é um ESTADO DE SER isento de todo carma.

A Clara Luz primordial ocorre [aparece], normalmente, antes do "último suspiro", antes do conjunto espírito e princípio vital ter se desligado completamente do corpo físico. O primeiro estágio do Chikhai Bardo dura cerca de 20 minutos.

CHIKHAI BARDO  ― 2º Estágio
A Clara Luz Secundária & O Senhor da Compaixão

O reconhecimento da Clara Luz Primordial conduz à Libertação imediata, ocorrência rara entre a maioria dos terráqueos contemporâneos. O mais comum é a experiência dos estágios subseqüentes: 

"...o defunto verá brilhar a Clara Luz Secundária ...surge então um estado de espírito lúcido" 
[p 67].

No post mortem as mudanças de estado [de consciência] se sucedem acompanhados da percepção de sons e imagens que chegam a ser aterradores; o turbilhão de visões dura "até que o carma nesta condição se esgote" ou o espírito consiga se manter tranqüilo diante do vê e ouve. O segundo estágio do Chikhai Bardo pode durar muitos dias terrenos.

Neste segundo estágio do Chikhai Bardo, tão logo o princípio consciente abandona o corpo "ele se pergunta: 
― "Estarei morto ou não?" ― Enquanto isso, entre "os vivos" o rito funerário tibetano continua [os católicos cristãos tem seus próprios ritos o padre que encomenda a alma a Deus, as missas, de sétimo dia, de mês, etc.], auxiliando o morto na transição: ...o lama ou leitor [oficiante, sacerdote, irmão de fé etc.] faz uma prece para a Divindade Tutelar do morto. 

Essa Divindade é "Deus", santo, anjo, orixá etc., dependendo da formação religiosa e cultural do defunto.

Se o oficiante ou mesmo o morto nada sabem de divindades tutelares [Buda, Nossa Senhora, Jesus, Krishna, Rama, Alá, Jeová, ancestrais etc..] o pensamento deve se concentrar na idéia de um "Senhor da Compaixão".

É curioso que os tibetanos usem esta expressão em um texto tão anterior a Jesus e Buda porque a idéia de um Senhor da Compaixão se ajusta muito bem às figuras e doutrinas de ambos. 

O oficiante orienta o espírito, agora já desencarnado, com a seguinte idéia:

Medita, ó nobre filho sobre tua Divindade Protetora [DIZER O NOME DA DIVINDADE]. Não disperse teus pensamentos. Concentra teu espírito sobre teu Deus tutelar. Medita sobre Ele como se fosse o reflexo da lua sobre a água, visível, mas em si mesmo inexistente. Medita sobre ele como se tivesse um corpo físico.

"Medita sobre o Grande Senhor da Compaixão". Durante este segundo estágio o CORPO permanece no estado de "corpo de ilusão brilhante" [p 68]. 

Se a meditação sobre a divindade tutelar funcionar, poderá libertar o mais miserável dos homens porque qualquer carma é "dissipado" ― cancelado, anulado ― pela consciência, identificação e completa entrega, não-resistência do self  [do si mesmo] diante da Clara Luz Secundária.

III. CHÖNID BARDO: A EXPERIÊNCIA DA REALIDADE

Se a Clara Luz Secundária não foi reconhecida, se o Espírito, com medo, rejeitou essa Luz ou fugiu dessa Luz, começa o terceiro estágio do Bardo. 

Neste estágio, a "realidade experimentada" é, na verdade, uma seqüência de ilusões cármicas, tormentos para o espírito que lhes dá atenção, tornando-o suscetível ao desequilíbrio, impedindo o SER de alcançar a perfeita iluminação [ou estado de Buda].

A essa altura, o defunto percebe que parte de sua refeição é descartada [contexto tibetano], suas vestimentas são despojadas de seu corpo... 

Consegue ouvir o pranto e a lamentação de seus afetos e familiares, podendo, sobretudo, vê-los e escutar o chamado deles, mas acaba se retirando, descontente, pois os vivos [não respondem; o bardo não consegue se comunicar com eles]... 

Nessa hora, sons, luzes e raios se manifestam, levando o morto ao receio, medo e terror e causando-lhe fadiga. [Entre os vivos, o oficiante continua seu trabalho de auxiliar o espírito recém desencarnado explicando]:

Ó nobre filho, ouve atentamente sem distrair-se. Existem seis estados de Bardo, que são: 

O estado natural do Bardo durante a concepção; 
o Bardo do estado onírico; 
o Bardo do equilíbrio extático, na profunda meditação; 
o Bardo do momento da morte; 
o Bardo da experiência da Realidade; 
o Bardo do processo inverso da existência sangsárica... 

Ó nobre filho, o que se denomina como "morte" é chegado... Não te apegues mais a esta vida por fraqueza ou sentimentalismo... Não sejas fraco, não te apegues... Lembra-te da preciosa Trindade ... [p 71/72] 

Aqui, mais uma vez, aparece a semelhança de doutrina religiosa entre o cristianismo católico e o budismo, com essa referência à natureza simultaneamente una e trina da "divindade", do criador original de todas as coisas. 

Durante o Chönid Bardo os sons e as luzes percebidos bem como as figuras de Budas e seus séqüitos que o livro descreve são ilusões nascidas das preocupações e temores do Espírito. Estas ilusões são chamadas formas-pensamento.

Ao longo da vida todas as pessoas produzem tais formas pensamento. São idéias fixas, pensamentos recorrentes (que se repetem muito) sobre medos e anseios [e também sobre afetos e coisas boas-agradáveis, formas-pensamento positivas].

Dizem os ocultistas que os homens vivem cercados destas entidades que habitam o plano mental, imperceptíveis durante a vigília normal, às vezes, perceptíveis no estado de sono (estado onírico do Bardo).

No Chönid Bardo, o espírito, que agora existe somente no plano mental de realidade (SER MENTAL) vê perfeitamente estas entidades sem perceber que elas nascem de seus próprios pensamentos, apegos, emoções. 

[O homem encarnado comum também pode ser assombrado por suas próprias formas-pensamento sem jamais perceber que ele mesmo cria estes fantasmas ― meditemos...]. 

Sente medo, entra em pânico porque as formas refletem o terror, o amor angustiado e/ou possessivo, a autopiedade, o ódio, a culpa, etc..

O morto, preocupado com as "coisas dos vivos" faz com que os pensamentos se materializem personificando as emoções. O próprio  corpo do Bardo, na verdade, é um corpo-pensamento. 

14 CHANCES DE ESCAPAR DO CARMA

Se o medo e/ou toda e qualquer forma de inquietação prevalecem começa, então, a jornada pelo sangsara que dura cerca de 14 dias terrenos. São 14 de chances de reconhecer a Clara Luz e escapar do ciclo cármico.

Os tibetanos representam essas formas-pensamento em figuras de divindades Pacíficas e divindades Irritadas que, conforme a cultura tibetana (e também hindu, anteriores ao budismo de Sakyamuni) são Budas acompanhados de seus séqüitos. 

Os Budas representam diferentes pensamentos, que se traduzem em DESAPEGO, e sua simbologia inclui também a identificação com determinadas cores e elementos da natureza (água, fogo, terra, ar, éter).

Enquanto as cores e elementos são valores de significação universal, os Budas são expressões da cultura oriental hindu-tibetana, o que significa que as visões mudam em função da cultura humana vivenciada pelo Bardo [Espírito].

AS VISÕES AMIGÁVEIS NOS POST MORTEM

Por isso, um ocidental verá Jesus, um muçulmano, anjos de Alá, um xintoísta japonês verá seus ancestrais, um outro alguém verá seu pai e mãe, seu santo padroeiro, seu orixá e assim por diante, entre as divindades pacíficas.

As divindades irritadas tibetanas são as mesmas pacíficas revestidas de aspectos amedrontadores, como crânios humanos cheios de sangue, seres portando adagas, legiões que gritam "mata, mata"... 

No Ocidente, os pensamentos negativos, os medos, as culpas, surgem como demônios, monstros, abismos etc..; e isso, é o inferno [lato sensu]!

Tais experiências, ora sedutoras, ora aterradoras, que acontecem durante o Chönid Bardo, são todas marcadas por luzes de cores diferentes. 

Conhecer bem o significado deste código luminoso e cromático é fundamental para que se tenha uma chance de alcançar a libertação ou, ao menos, um renascimento em circunstâncias mais favoráveis.

Nas alegorias do Bardo Thödol, a personagem central das visões são Budas cercados de seres fantásticos que deixam entrever muito bem, para um tibetano, o modo como o post mortem é determinado pelas idéias e estado de espírito que uma pessoa cultiva durante a vida terrena. 

Na tabela abaixo estão relacionados estes Budas e suas respectivas correlações.
Durante todo o Bardo o Espírito é CONFRONTADO com os Budas Luminosos. O Livro insiste muito nesse termo: CONFRONTAÇÃO. Significa que O SER ver-se-á diante de situações de escolha. Deverá escolher entre modos de EXISTÊNCIA que são indicados por luzes de diferentes cores.

São sete opções mas somente um destes modos de SER é isento ― livre ― de carma e, por conseguinte, livre de SOFRIMENTO. 

É o estado de Buda, Iluminado. Somente alcançam a condição de Buda os espíritos que conseguem SER completamente livres de qualquer APEGO. 

Note-se que o DESAPEGO é o objetivo maior de todo Iniciado budista, está no âmago dos ensinamentos do budismo e é essência da doutrina cristã  ["Tomam-lhe o manto? Entrega também a túnica... vende todos os teus bens e segue-me, etc."]

AS CONFRONTAÇÕES

Nos sete primeiros dias do Chönid Bardo o Espírito é confrontado com entidades chamadas Pacíficas. Sete luzes muito radiantes, fortes, aparecem, uma a cada "dia" do Bardo ― radiações da Sabedoria; elas "brilham para o Bardo". São as luzes da "terras búdicas".

Cada uma das sete luzes fortes é acompanhada por uma semelhante, porém, mais suave. [Eis a "emboscada"]. 

As luzes radiantes produzem um forte impacto na percepção gerando sentimentos de desconforto e medo. As luzes suaves são reconfortantes. O Espírito do humano sentirá o desejo de se entregar às luzes suaves, que são as luzes dos SEIS LOKAS (mundos) INFERIORES, ou seja, mundos onde o modo de SER implica sofrimento.

As luzes radiantes conduzem ao estado de Buda, de Libertação do carma. As luzes fracas são PORTAS para os Lokas inferiores e atraem todos aqueles que não conseguem se DESAPEGAR, psiquicamente, do carma.

Embora os mundos inferiores sejam muito diferentes entre si, mesmo o mais elevado destes mundos, o Mundo dos Devas, DEVAKHAN é, ainda, uma prisão. Somente nas terras Búdicas o espírito alcança a liberdade de existir em pleno e verdadeiro desapego. 

O oficiante, o irmão de fé, dirá ao Espírito:

Saibas, nobre filho [nome do Espírito na Terra - Fulano] que, na medida em que brilham as radiações da Sabedoria, também brilham as luzes da impura ilusão dos seis Lokas. Que são elas? 

Deves perguntar. Elas são uma suave luz branca dos DEVAS, uma suave luz verde dos ASURAS, uma suave luz AMARELA dos SERES HUMANOS, uma suave luz AZUL dos BRUTOS, uma suave luz AVERMELHADA dos PRETAS, uma suave luz CINZA-ESFUMAÇADA dos INFERNO DOS RAKSASHAS... 

Deves permanecer no REPOUSO da NÃO FORMAÇÃO DE PENSAMENTO... Não te sintas assustado nem te permitas atrair por nenhuma delas. Caso te deixes assustar pelas radiações da Sabedoria ou se te permitires atrair pelos brilhos impuros dos seis Lokas, deverás tomar um corpo num dos seis Lokas e sofrer as dores dos Sangasaras. 
[p 85]

AS RAÇAS DE ESPÍRITOS

Segundo o Bardo Thödol existem seis tipos de seres: cinco animados (vivos) e dois brutos (mudos e imobilizados), os vegetais e os minerais. 

Todos são considerados formas de ser inferiores porque estão sujeitos ao sofrimento. Todo o ensinamento do livro tem como objetivo preparar os seres humanos para o momento decisivo em que deverão escolher entre dois caminhos: a libertação como Buda ou a escravidão, a prisão, seja como:

 ― 1. DEVA

 ― 2. ASURA

― 3. HUMANO

― 4. PRETA

― 5. RAKSASHA

― 6. BRUTO (Sub-humano)

As advertências são insistentes:
☸ O código das luzes suaves, código das ilusões

1° DIA ― Não te permitas seduzir pela luz suave e branca dos Devas. Não te apegues, não sejas fraco. Se a ela te apegares, andarás sem rumo pelas moradas dos Devas e serás lançado no turbilhão dos seis lokas... Não fites essa luz. Olha somente à luz branca-radiante com fé profunda, concentrando ardentemente seu pensamento em Vairochana [ou Jesus, ou Khirsna, etc..] ... [p 75]

2° DIA ― Vinda do inferno, uma luz cinzenta e esfumaçada surgirá... por força da cólera, ficarás surpreso e amedrontado pela luz [radiante do Buda] e quererás afugentar-te; a suave luz cinzenta do inferno [dos raksashas] irá atrair-te... Não te sintas enlevado pela luz do inferno, cinzenta e esfumaçada. Este caminho foi aberto pelo mau carma da cólera... Se segues essa atração luminosa, cairás nos mundos infernais, onde terás de suportar uma grande miséria, sem que haja um tempo certo para tu saíres de lá. [p 76]

3º DIA ― Não te permitas seduzir pela suave luz amarela do mundo humano, a qual representa o caminho aberto pelo acúmulo de tuas inclinações e de teu agressivo egoísmo. Se fores atraído, renascerás no mundo humano, tendo de sofrer o nascimento, a senilidade, a doença e a morte. [p 77]

4º DIA ― Não te deixes seduzir... pela luz suave e avermelhada vinda de Preta-Loka... Livra-te do apego e da fraqueza. Neste momento, pela forço intensa gerada pelo apego às coisas do mundo, a luz avermelhada BRILHANTE irá terrificá-lo e deverás desviar-se dela, pois será forte a atração da suave luminosidade avermelhada do Preta-Loka... Esta luz é formada pela soma de teus sentimentos de apego ao Sangsara que se manifesta em ti. Permanecendo apegado, cairás num mundo de espíritos infelizes e sofrerás uma fome e uma sede intoleráveis. [p 79]

5º DIA  ― Não se permita atrair pela luz suave verde-escuro do Asura-Loka. Este é o carma adquirido pelo ciúme intenso... Se te permitires atrair por ela, irás afundar no Asura-Loka, onde terás de suportar a intolerável miséria das querelas e dos estados de guerra.  [p 81]

6° DIA  ― ...Na medida em que brilham as radiações da Sabedoria, também brilham as luzes impuras dos seis Lokas ... [No sexto dia, brilham juntas]. [p 85]

7º DIA  ― Uma delicada luz azul, vinda do mundo dos brutos aparecerá... Não te deixes atrair pelo suave brilho azul do mundo bruto; sejas forte. Se fores atraído cairás no mundo bruto, dominado pela estupidez, e sofrerás as misérias sem limites da escravidão, da mudez e da imbecilidade. Passará muito tempo nessa condição... [p 90] 
 
DIVINDADES IRRITADAS

Depois das visões das divindades pacíficas, se o Espírito não reconheceu as luzes, os seres, os sons e outras percepções como projeções de seus próprios pensamentos e emoções, isso significa que a ignorância e o medo estão dominando o Bardo que, aterrorizado e muito confuso vai experimentar a "aurora das divindades irritadas". 

As Divindade Irritadas são as mesmas Pacíficas revestidas de atributos tão horrendos e macabros quanto a enormidade do medo sentido pelo Espírito. As visões desta fase podem durar por mais sete dias terrenos. Para a cultura tibetana, neste período podem surgir até 58 divindades que são chamadas "bebedoras de sangue".

Imediatamente após terem cessado as aparições das Divindades Pacíficas [que eram sete emboscadas]... surgirão outras 58 divindades rodeadas de chamas, irritadas e bebedoras de sangue. Na realidade são Divindades Pacíficas com novo aspecto... 

Trata-se do Bardo das Divindades Irritadas, cujo reconhecimento é mais difícil por serem influenciadas por sentimentos de medo, de terror e de receio... Fugindo por medo, terror... as pessoas ordinárias caem pelos precipícios, nos mundos infelizes e sofrem. [p 91]

A experiência da realidade com as Divindades Irritadas é um filme de terror. Para os tibetanos esse é o inferno possível no post mortem [situação infernal ou Inferno podem ocorrer em vida terrena também]. 

Nesta fase o espírito está sujeito a sofrimentos indescritíveis [proporcionais a seus medos, culpas e agonias]. No entanto, por mais reais que os piores acontecimentos possam parecer, são todos ilusórios; não haverá nenhum dano real à estrutura física [ou melhor dizendo, metafísica] do "corpo radiante".

A "aurora" das divindades irritadas assemelha-se a um longo pesadelo durante o qual pode-se ter a nítida impressão de morte e aniquilamento [possivelmente trata-se de uma "segunda morte", a morte dos apegos às coisas da vida passada]. Isso ocorre nos dois últimos "dias" dos 14 dias de duração média do Chönid Bardo.

O Livro Tibetano dos Mortos adverte, com insistência, que mesmo nas circunstâncias mais sangrentas, o Espírito deve lembrar-se que os horrores vivenciados, apresentados à sua percepção, são ilusões geradas por ele mesmo, pelo seu SER VERDADEIRO, que é feito de energia mental. 

No 14º dia do Chönid Bardo, não tendo se tranqüilizado e não reconhecendo suas próprias formas pensamento, o Espírito verá O Senhor da Morte Darma-Raja, com seus inumeráveis corpos.

Em todas as fases do Chönid Bardo existe a possibilidade de Libertação. Para isso basta que o Espírito RECONHEÇA as visões como suas próprias projeções mentais e com isso possa dissipar o pânico estabelecendo um estado de calma impassível. 

Essa indiferença diante do agradável e do desagradável, igualmente, é a mais importante conquista, e "lição número 1", tanto dos Iniciados iogues e budistas quanto dos ocultistas ocidentais.

O auto-controle e a tranqüilidade são a chave da Libertação; estes atributos somente podem ser alcançados se a pessoa tem consciência do caráter ilusório das percepções, dos sons, das visões: "Lembrar-se disso neste momento é obter o estado de Buda" [p 100]. 

Lembrar-se dos ensinamentos do Bardo, então, será o suficiente para que o Espírito escape ao condicionamento do carma. É necessário, portanto, o mínimo de instrução religiosa para "morrer bem".

O poder da fé é enfatizado no texto e a interferência de um Ser supremo e realmente divino pode ser o bastante para libertar o Espírito. 

O SENHOR DA COMPAIXÃO

Semelhante à doutrina cristã acadêmica, a doutrina do Bardo afirma a onipotência de uma "divindade tutelar", chamada de "preciosa Trindade", Senhor da Compaixão e, ainda, "o Compadecido", remetendo o leitor ocidental, mais uma vez, à figura de Jesus Cristo, como pessoa da Santíssima Trindade que é o Deus Criador, posto que é Um e Três na coexistência mística, na ontologia complexa do SER Pai, Filho e Espírito Santo.

Ai de mim! Eis-me errando no Bardo [neste estado intermediário], vem me salvar. Sustenta-me por tua graça, ó Tutelar Precioso
[Chamando teu guru pelo nome, reza assim:]
...Que eu possa ser transformado no som das Seis Sílabas...
[Om-ma-ni-Pad-me-Hum]
Neste momento... Rogo proteção ao Compadecido [p 102]

🕉 O MANTRA ESSÊNCIA


A DIMENSÃO DOS PRETAS ...será forte a atração da suave luminosidade avermelhada do Preta-Loka... Esta luz é formada pela soma de teus sentimentos de apego ao Sangsara que se manifesta em ti. Permanecendo apegado, cairás num mundo de espíritos infelizes e sofrerás uma fome e uma sede intoleráveis.

Om-ma-ni-Pad-me-Hum ― é chamado "mantra essência" ou mantra de Chenrazi, o Compadecido, divindade protetora do Tibete que, ali, tem o nome de Chenrazi [para o ocidental, é Jesus ou a Virgem Maria ou simplesmente Deus, assim como para os krisnaista é Krishna e para muitos budistas é o Buda Amitaba ou Sakiamuni. 

Segundo o Todol, o simples entoar mantra de Chenrazi, seja encarnado ou desencarnado, extingue o ciclo de renascimentos e permite alcançar o Nirvana [estado de Buda]. Cada sílaba fecha uma porta que conduziria o Espírito a mundos inferiores.

OM: fecha a porta dos renascimentos entre os deuses, Devas
MA: impede nascer entre Asuras [semi-deuses e "heróis]
NI: fecha a porta do renascimento no mundo Humano
PAD (pê): bloqueia a entrada no mundo das criaturas sub-humanas [animais, vegetais, minerais]
ME: afasta o mundo dos Infelizes,chamados Pretas
HUM (hung): protege de um nascimento no Inferno, entre os Raksashas.

Quaisquer que sejam as praticas religiosas ou, ainda, o ateísmo dotado por um Ser, as ilusões perturbadoras sempre aparecem na hora da morte. Por isso, o Thödol é tido como indispensável: "É de particular importância o treinamento com este Bardo [doutrina, o que deve ser feito inclusive durante a vida." [p 103]

Os tibetanos não têm medo de se preparar para o momento da morte. Não é um assunto deixado para um "depois-nunca", como acontece no ocidente onde falar da morte é um comportamento inconveniente. 

O Espírito que estuda os fenômenos da agonia e do post mortem está mais apto a enfrentar as experiências tão inquietantes que podem acontecer nos últimos momentos de existência terrena de um ser humano.

IV. SIDPA BARDO

O Chönid Bardo, além de aterrorizante, é uma experiência muito exaustiva. O Espírito que não reconheceu as visões de pesadelo como ilusões da mente, passa, necessariamente por uma seqüência de acontecimentos que minam suas forças e sua consciência. 

Entretanto, nada perdeu; ao contrário, o sofrimento consome todos os resquícios de matéria mental "impura", terrena, esgotando a capacidade de sentir culpas, medo e/ou desejos.

Cansado, o Espírito sofre um desfalecimento: "desfaleces no medo". Quando recobra a consciência, o Ser Cognoscente (Ser conhecedor) percebe a si mesmo como um "corpo radioso". 

É o começo da jornada no Sidpa Bardo, situação que ainda possibilita algumas chances de Libertação do Carma. Se estas oportunidades também forem perdidas, as portas do Sangsara se abrem.

O Espírito deverá buscar a melhor opção de reencarnação em um dos seis Lokas ou Mundos Inferiores. Neste ponto do post mortem o conhecimento do Thödol é fundamental para se saiba quando e como "fechar as portas" dos mundos mais infelizes, garantindo uma nova vida em uma das duas situações mais positivas: o mundo dos Devas e o Mundo Humano. 

O texto do Livro dos Mortos esclarece em minúcias as situações metafísicas que o espírito vai experimentar no Sidpa Bardo:

No momento em que experimentavas as radiações... no Chönid Bardo... desfalecestes no medo por um período de aproximadamente três dias e meio após tua morte [vê-se aqui que o Tempo em Bardo, estado intermediário, não tem correspondência com dias terrenos]... 

No instante em que retornas desse desfalecimento, o Cognoscente ergue-se em ti, em sua condição primordial, e um corpo radioso, assemelhando-se a teu corpo precedente [da última vida terrena], projeta-se... É conhecido como corpo do desejo...

Não sigas as visões que te aparecem neste instante... Permita que seu [SER] repouse sem distrações na não-ação e no desprendimento... Agindo assim conseguirás a Libertação sem teres de passar novamente pelas portas matrizes... 

Se não reconheceres a ti mesmo, então, quaisquer que sejam sua Divindade Tutelar e seu Guru, concentra sobre eles [teu pensar]... Não te deixes distrair porque este momento é de grande importância...

Este teu corpo atual... não é um corpo de matéria grosseira... Tens o poder de passar através das massas rochosas... Essa condição deve servir para ti como uma indicação de que erras pelo Sidpa Bardo. Lembra-te dos ensinamentos de teu Guru e ora ao Senhor da Compaixão.

[Atualmente] ...possuis o poder de ação milagrosa que não é fruto do Samadi, é algo que vem naturalmente de ti, um poder de natureza cármica... 

Podes chegar instantaneamente ao lugar que quiseres... Não deves desejar estes poderes, são poderes diversos de ilusão e metamorfoses... Nunca os desejes! [p 109-111] 

O Espírito terá a clarividência do mundo que deixou para trás; verá lugares conhecidos, familiares, tudo em um estado de consciência semelhante ao sonho. 

A realidade percebida no Sidpa Bardo será mais ou menos feliz ou infeliz dependendo de como, a essa altura, o indivíduo reage ao saber que está morto para a "vida" da PERSONALIDADE passada. 

Os inconformados, angustiados, tristes, tomados de culpa, saudade ou medo, estes passarão enormes sofrimentos.

O desapego das "coisas do mundo", tão enfatizado na doutrina e prática do budismo bem como na teologia cristã, é o único caminho caminho para um post-mortem feliz. 

O Espírito, ao constatar sua "morte para o mundo", simplesmente aceita o fato e, compreendendo a verdadeira dimensão da própria existência [CONTÍNUA] não lamenta nada, não pensa em perdas, não fica preso a nenhum tipo de recordação. 

O Bardo Thödol descreve a situação do "defunto inconformado": ele é a alma penada, o espírito errante, o fantasma dos cemitérios.

[Em corpo de desejo o Espírito]... verá os lugares que lhe eram conhecidos na terra bem como seus familiares, como em sonho. Fala-lhes, mas eles não te respondem, 

Ao vê-los chorar... pensas: "Morri, que farei?" ...Sentirás profunda dor... Contudo esse sofrimento de nada te adiantará. Reza para teu Guru divino. Ora à Divindade Tutelar, o Compadecido. 

Não te farás bem  sentir apego por teus parentes e amigos. Assim, não te apegues. Reza ao Senhor da Compaixão e não sentirás dor, terror ou horror...

Sempre haverá uma luz cinzenta de crepúsculo... Permanecerás neste chamado Estado Intermediário por uma, duas, três, quatro... semanas, até o quadragésimo nono dia... 

Pessoas de péssimo carma produzem carmicamente raksashas vorazes de carne, portando armas diversas, aos gritos de "Bate! Mata!" ... São aparições ilusórias. 

A chuva, a noite, neve, rajadas de vento... virão. Terrificado... desejarás fugir... sem prestar atenção para onde vai. O caminho será barrado por três precipícios... o branco, o negro e o vermelho. Não são precipícios verdadeiros. Trata-se, na verdade, da cólera, cobiça e ignorância...

Descansarás um pouco... nas cabeceiras das pontes, nos templos, perto das estupas... Pensarás: "Ai de mim, o que fazer, estou morto?... 

Não podendo repousar [mais] ... és forçado a seguir adiante... Como alimentação, aquela que te foi aplicada poderá ser tomada... 

[Os moradores do Bardo vivem das essências etéreas invisíveis extraídas de alimento que lhes oferecido no plano humano ou extraindo energia dos componentes da natureza que os sustentam]... Tais são os errares do corpo-mental no Sidpa Bardo

... Oprimido por uma grande dor, terá o pensamento: "O quê eu não daria para ter um corpo!" E pensando assim errarás... Repele este desejo de ter um novo corpo. Vencendo este confronto, obterá a libertação... 

V. O JULGAMENTO
O julgamento é um novo confronto. Desta vez, de natureza mais objetiva, é o momento de evocar os méritos e deméritos do Espírito, de suas ações na vida terrena. 

Uma figura de juiz, o Senhor da Morte, vai julgar a personalidade passada. Na alegoria, um Gênio Bom e um Gênio Mau ― que acompanham o Espírito em sua existência ― apresentam as virtudes e os vícios, os acertos e erros do Espírito. 

Não há meio de enganar o Senhor da Morte porque ele "vê" a Verdade no "Espelho do Carma" [p 115]. "A mentira de nada servirá"

Os "carrascos-fúrias" estão prontos para aplicar o castigo ― ou seja, o Espírito chegou ao ponto de somente se purificar se sofrer castigos pelo que ele mesmo julga serem suas "culpas".

Um dos carrascos-fúrias do Senhor da Morte amarrará uma corda em volta de teu pescoço e te arrastará. Cortará tua cabeça, arrancará teu coração, extrairá teus intestinos, devorará teu cérebro, beberá teu sangue, comerá tua carne, roerá teus ossos, mas serás incapaz de morrer. 

[As torturas são da própria consciência... o superego de Freud]; o espelho do carma é a memória.

Reviverá mesmo estando teu corpo retalhado em pedaços... Não te deves amedrontar... Não mente e não teme o Senhor da Morte. 

Lembra que agora tem um corpo mental, incapaz de morrer, mesmo decapitado, mesmo decepado. Teu corpo é da natureza do vazio... Os senhores da Morte são tua própria alucinação. [p 115]

Novamente, o Espírito assediado pelas horrendas visões deste julgamento, poderá se libertar através da impassibilidade. 

Uma serenidade que pode obtida pelo reconhecimento de todas as coisas como ilusão.

Aqueles que, durante a vida praticaram a meditação e aprenderam a instaurar a completa quietude da mente, pela não-formação de pensamentos, estes poderão superar quaisquer alucinações. 

Os que nunca meditaram também podem alcançar a paz interior se concentrarem seu pensamento no Compadecido [Cristo, Khrisna, Buda].

VI. OS SEIS LOKAS
RAKSASHAS: ...a suave luz cinzenta do inferno [dos raksashas] irá atrair-te... Não te sintas enlevado pela luz do inferno, cinzenta e esfumaçada. Este caminho foi aberto pelo mau carma da cólera... Se segues essa atração luminosa, cairás nos mundos infernais, onde terás de suportar uma grande miséria, sem que haja um tempo certo para tu saíres de lá.

O Espírito que não conseguiu a Libertação nas etapas anteriores passará, então, pelas experiências que vão determinar a situação de seu próximo renascimento. 

Para evitar renascer em mundos inferiores será necessária a instrução na doutrina do Thödol e a máxima atenção para com as percepções seguintes. 

O Espírito vai se defrontar com diferentes passagens, cada uma conduzindo a um Loka diferente. Apenas dois destes Lokas são recomendados pelo Livro dos Mortos.

A partir desta fase, o Espírito, continua tendo visões do que se passa "entre os vivos", o quê acentua a tendência ao apego e, dependendo daquilo que percebe, fomentam-se sentimentos negativos, como a cólera e a autopiedade, o amor doloroso e a saudade em um processo que resultará em "renascimento no inferno" [mundo dos Raksashas].

Se o Espírito não consegue superar seu apego aos bens materiais, se lamenta ver suas posses nas mãos de outros, "se ainda sente cólera contra seus sucessores" [p 117], este Espírito, dominado pela AVAREZA, perderá a chance de nascer em um "plano superior mais feliz e nascerá no inferno dos Raksashas ou no mundo dos Pretas.

O Thödol, ainda uma vez, recomenda o desapego, a renúncia em relação às posses e a tolerância em relação aos viventes que, porventura  estejam se comportando de forma inadequada ou desrespeitosa.

"Jamais crie pensamentos ímpios", o ideal é se concentrar em um sentimento de afeição tendo o pensamento repleto de humildade e fé. No estado intermediário, no Bardo, todo pensamento é forte a ponto de se tornar tangível.

"Diante disso, não pense em coisas ruins... lembre-se de qualquer gesto de devoção... Manifesta uma pura afeição humilde fé... Ora ao Compadecido"... [p 119]. 

Esta é a última chance de evitar uma reencarnação. Falhando em todas as tentativas e despertar em si o Entendimento, o indivíduo verá, então, as luzes dos seis Lokas e o derradeiro recurso para obter a Libertação é conseguir fechar a porta da matriz" ou seja, a porta de cada um dos mundos inferiores onde pode acontecer o Renascimento.

A matriz é o corpo-pai-mãe onde o Espírito será gestado e de onde nascerá. Quando aparece um dessas portas, o Ser pode sentir atração ou rejeição. O ideal é não sentir NADA.

Os dois sentimentos devem ser rapidamente dissipados porque podem produzir a transferência imediata para um dos Lokas inferiores dos mais indesejados; mundos dos brutos [animal, vegetal ou mineral]; mundo dos Raksashas; dos Pretas; o mundo dos Asuras. 

As melhores opções para quem vai reencarnar são o mundo dos Homens e o mundo dos Devas. É necessária a máxima atenção, concentração e serenidade nos próximos momentos porque serão decisivos para uma vida mais afortunada que a anterior.

VII. RENASCIMENTO
Perdidas todas as chances de se tornar um Buda, um Iluminado, "...se a porta das matrizes não foi fechada, está na hora de tomar um novo corpo. Aparecem, então, os sinais e características do local de renascimento". O livro descreve os mundos inferiores.

O reconhecimento da Clara Luz Primordial conduz à Libertação imediata, ocorrência rara entre a maioria dos terráqueos contemporâneos. O mais comum é a experiência dos estágios subseqüentes: 

"...o defunto verá brilhar a Clara Luz Secundária ...surge então um estado de espírito lúcido" [p 67].

No post mortem as mudanças de estado [de consciência] se sucedem acompanhados da percepção de sons e imagens que chegam a ser aterradores; o turbilhão de visões dura "...até que o carma nesta condição se esgote" ou o espírito consiga se manter tranqüilo diante do vê e ouve. O segundo estágio do Chikhai Bardo pode durar muitos dias terrenos.

 
VIII. NASCIMENTO SUPRANORMAL E NASCIMENTO NO GERME

O Thödol relaciona quatro espécies de nascimento: pelo ovo, pela matriz, supranormal e pelo calor e umidade. 

O nascimento supranormal é a transferência direta do princípio consciente de um loka [mundo] para outro. Deste modo o Espírito evoluído poderá nascer entre Budas ou Devas. O Espírito inferior, entre Asuras. 

Pelo calor e umidade é o nascimento no mundo vegetal (brotamento). 

O nascimento pelo ovo e pela matriz são semelhantes e também chamados de "nascimento pelo germe" [p 124]. 

É pelo germe que o nascimento acontece no mundo Humano ou entre Pretas ou, entre Raksashas (significa que Pretas e Raksashas são sexuados).

O nascimento pelo germe começa com a entrada do Espírito pela via etérea [em corpo sutil, radiante] no preciso momento em o espermatozóide e o óvulo se unem: "o Cognoscente" [Espírito] prova um período de alegria... vindo a desfalecer, em seguida, em estado de inconsciência"... 

Será encaixado na forma oval da circunstância embrionária... Do mesmo modo pode-se descer ao Inferno ou ao mundo dos espíritos infelizes [Pretas] [p 124].

CONCLUSÕES

A morte é um assunto desagradável. No Ocidente, tornou-se quase proibido falar nisso. É uma "conversa mórbida". Entretanto, todos vão morrer; a conversa mórbida é um fato universal e inquestionável: o corpo humano é perecível. 

Resta saber se algo, em nós, é imperecível. O Livro dos Mortos Tibetano afirma o conhecimento de que que sim! Existe no ser humano uma porção que não morre: o Espírito, que é o Ego, percepção que se traduz em "Eu Sou".

O Bardo Thödol, Livro do Estado Transitório entre Vida e Morte, é uma doutrina, um manual [no sentido de "livro"] e um ritual. Doutrina da ontologia do Humano [do SER Humano], manual para orientar as transições entre a vida material-Espiritual e a vida puramente Espiritual, ou seja, vida e morte e ritual facilitador desta transição entre o nascer e o morrer.

A instrução dos sacerdotes e dos fiéis budistas tibetanos em geral, inclui o estudo do Bardo Thödol, como informação necessária, indispensável para que a continuidade da existência, no post mortem, possa transcorrer como experiência feliz tanto quanto possível.

Considerando a limitação da vida terrena comparada à "eternidade" da existência no Universo, não é uma extravagância tibetana cuidar dessa existência não terrena com tanto zelo. 

O Ser existe mais tempo na condição metafísica, de Espírito [incondicionado... meditemos...], do quê na condição física de pessoa-personalidade humana-terrena.

A experiência de nascer e viver na Terra, ser-estar em um corpo físico, pode obscurecer a tal ponto a auto-consciência do verdadeiro EU que, ao findar de uma vida, a partir do momento da morte, um Espírito pode entrar em profunda confusão mental e, ao invés de desfrutar da condição de espírito livre, sofre, apegado, preso aos costumes e lembranças de um SER no espaço-tempo [uma personalidade] que não existe mais.

O Bardo Thödol é o texto "religioso" mais amplo e objetivo, no sentido de científico, que trata da morte e de sua relação com a vida em detalhes preciosos. 

A instrução do Thödol chama a atenção para aspectos importantes da condição humana que acabam por ser completamente descuidados no dia-a-dia do homem contemporâneo.

A preparação para o momento da morte enfatiza a importância dos pensamentos ao longo da vida. 

As "visões", as ilusões que atormentam o espírito em Bardo são muito semelhantes aos tormentos do mundo.

Figuras monstruosas, cenas aterrorizantes são as personificações metafísicas da realidade orgânica e psíquica dos piores sentimentos humanos. 

O espírito em Bardo é o ser em sua natureza primária, que é MENTAL; e a mente é como um lago que o Bardo deve manter em impassível repouso.

LINKS RELACIONADOS:
CATOLICISMO: A EXTINÇÃO DO LIMBO & O DESTINO DOS INOCENTES
https://web.archive.org/web/20180612191855/http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL24736-5602,00.html
POST MORTEM SEGUNDO A TEOSOFIA: KAMA-LOKA E DEVAKHAN
https://web.archive.org/web/20180612191855/http://www.sofadasala.com/ocultismo/postmortem00teosofico.htm
LIVROS RELACIONADOS
Bardo Thödol de edição em português de Lama Kazi Dawa Samdup 
A Chave Para a Teosofia de Helena Petrovna Blavatsky

quarta-feira, 28 de maio de 2025

😱 HUMANOS AUTÓTROFOS 😱

pesquisa e texto recuperado
Hira Manek - autótrofo indiano, há 11 anos sem comer, alimenta-se da luz do sol.

Manek explica que olha fixamente para o sol somente ao raiar do dia e no crepúsculo, sempre descalço, com os pés em contato direto com a terra: 

"Isso faz muito bem. Aqueles que praticam essa contemplação adquirem saúde total para o corpo, a mente e o espírito, sem qualquer custo mas somente nesses horários." 

Ele estudou a contemplação do sol muitos anos e desde junho de 1995 passou viver consumindo apenas energia solar e água. Ocasionalmente, por mera gentileza social, ele bebe chá ou café.

De acordo com Manek e outros adeptos, essa contemplação foi praticada em numerosas culturas antigas: entre os egípcios, astecas, maias, índios norte-americanos além de indianos e tibetanos. 

A abstinência de alimentos convencionais é suprida pela captação da energia solar, que seria capaz de prover todas as necessidades do metabolismo.

"O que nós comemos tradicionalmente, vegetais, carnes, derivados do leite, são fontes secundárias de uma energia que, primariamente vem da luz do sol. O corpo tem um mecanismo capaz de captação direta dessa energia que pode ser armazenada para utilização gradual conforme a demanda das funções físicas."

A prática eleva os níveis da força física e extingue a sensação de fome ou apetite. 

Recentemente (2006), o Pravda publicou um artigo sobre outro caso de "comedores de sol": "Ukrainian man eats only sunshine and lives by the law of flowers".

SEM COMER E SEM BEBER

Hira Ratan Manek não é o único que vive sem comer. Enquanto em todo o mundo os supermercados quase sempre estão congestionados pelo burburinho dos clientes com seus carrinhos lotados de gêneros alimentícos, caixas, latas, saquinhos, frutas, verduras, sangrentos pacotes de carne, um pequeno grupo de pessoas está livre da escravidão das filas de caixa e das despesas com a "despensa"; são os adeptos de uma "nova ordem alimentar": os autótrofos! 

A palavra designa aqueles cujo organismo produz seus próprios nutrientes, como plantas. 

Irina Novozhilova, presidente de um centro proteção dos direitos do animais fala sobre esses curiosos praticantes do "jejum das coisas materiais":

"A idéia de renunciar à comida apareceu há muitos anos atrás. Filósofos russos, como Vernadsky, conceberam a possibilidade viverem ou se alimentarem de alguma coisa que fosse não-material. 

Vernadsky estava convencido que o homem é uma criatura energética que poderia nutrir-se da energia proveniente do espaço. Hoje, algumas pessoas comprovaram que é possível viver uma vida normal sem alimento físico, material."

"Todos os seres vivos do planeta, de acordo com o modo de se alimentar, são classificados em duas categorias: autótrofos e heterótrofos. 

A maioria das plantas pertence à primeira categoria: recebem ou captam energia de substâncias não-orgânicas, como ar, água (que possui componentes minerais) e luz do sol que são processsados durante a fotossíntese. 

Homens e animais estão na segunda categoria, heterótrofos: nutrem a si mesmo consumindo outros seres vivos. 

As pessoas que, atualmente, conseguem viver de energia solar e de energia proveniente do espaço cósmico são semelhantes às plantas em termos nutricionais."

Existe um grupo de autótrofos em Moscou. Eles se reúnem no Museu Konstantin Vasiliev onde falam de suas experiências. 

Ali conhecemos mulheres que amamentaram seus bebês e não comem nem sequer bebem água. 

O processo para se tornar autótrofo é gradual: primeiro, a pessoa torna-se vegetariana, depois, aos poucos, também o consumo de vegetais é excluído da rotina diária bem como o consumo de qualquer tipo de líquido, até mesmo a água. Os autótrofos não bebem nada.

Comer moderadamente não é pernicioso para a saúde mas os autótrofos decidiram abrir mão da prática de comer produtos orgânicos porque não se sentem confortáveis sabendo que sua vida depende do extermínio de outras vidas. 

É preciso destacar que ninguém se torna um autótrofo da noite para o dia. É um processo feito em etapas, caso contrário, poderia ser realmente danoso para o corpo.

Suprimir a comida e a bebida, com um anoréxico pode, no mínimo causar, problemas como a desidratação, fraqueza e anemia.

O iogue indiano Pralad Djani, 70 anos, é um dos mais conhecidos autótrofos contemporâneos. Esse homem não come nem bebe nada desde os seis anos de idade. 

Ele foi examinado por médicos, monitorado por câmeras em um aposento isolado equipado com um banheiro. Seu corpo continou funcionando; ele urinava normalmente. O iogue explicou que absorve água presente no ar.
Na RÚSSIA, Zinaia Baranova, uma senhora da cidade de Krasnodar, 67 anos, é uma autótrofa famosa. Ela vive sem comer ou beber há quatro anos e meio.

Cientistas do Bauman Institute examinaram seu organismo e ficaram surpresos porque a idade biológica de Zinaia corresponde a 20 anos. Os médicos dizem que os autótrofos representam a emergência de um novo tipo de ser humano:nutricionalmente autosuficiente. 

Pesquisas já provaram que certos nutrientes que, acreditava-se, somente podiam ser obtidos pela ingestão de carne, podem ser produzidos pelo próprio organismo, como a vitamina B12 e outros aminoácidos.

NICOLAY DA UCRÂNIA: QUASE AUTÓTROFO
Nicolai Dolguruky, que vive em Dnepr, Ucrânia, alimenta-se de "prana" e sol.

Na Ucrânia, existem cerca de 30 autótrofos, na região de Denpr. O líder ideológico desse grupo é Nikolay Dolgoruky (ou Mykola Dolgorukiy), 49 anos (em 2006). 

Ele já se acostumou com câmeras e microfones. É procurado pelos mídia com freqüencia. Quase-autótrofo, um "comedor de sol", como ele mesmo se define, sua aparência é muito saudável e mística: ele veste uma túnica laranja com um sol estampado no peito. Sua renúncia à comida é "uma opção espiritual" - e argumenta: 

"Por quê todas as religiões do mundo têm períodos de jejum? É uma forma de limpar a alma e estimular o homem a pensar mais sobre a vida e os desejos mundanos. Abster-se da comida significa enfraquecer as depêndencias carnais".

Há muito tempo atrás, Dolgoruky era um engenheiro mecânico mas sempre se sentiu atraído pelos fenômenos incomuns e misteriosos. Estudou história das religiões e colecionou artigos sobre ioga e budismo publicados em jornais soviéticos. Em 1980, tornou-se vegetariano:

"Naquele tempo, virar vegetariano foi uma façanha, uma conquista. Eu nunca tinha ouvido falar nada sobre 'comedores de sol'. 

Depois de 14 anos de vegetarianismo eu entendi que meu corpo não precisava de comida convencional e estava preparado para sobreviver apenas com a luz do sol: primeiro, abandonei os alimentos mais grosseiros; comia somente vegetais, frutas e grãos. 

Depois, abandonei líquidos, como o chocolate quente e também os brotos vegetais e frutos, como nozes, amêndoas etc.. Um dia eu percebi que podia dispensar a comida completamente. 

Desde então eu tenho vivido seguindo uma dieta de chá com mel, água quente e sopa com pedaços de peixe. Água ou chá, eu posso consumir até dez chícaras por dia. No mais, eu me alimento de luz do sol e energia cósmica. 

Eu posso sentir que meu sangue rejuvenesceu. Parei de sentir fome há muito tempo. O sol me dá forças que se armazenam como se eu fosse uma bateria. Algum dia todas as pessoas serão capazes de viver com energia solar, como árvores e flores".

OLHOS AZUIS

"Sun eaters" são facilmente reconhecidos: eles têm olhos extremamente azuis; Dolgoruky explica: 

"Os olhos ficam dessa cor quando você contempla o sol e o céu por longos períodos. Os olhos ganham poderes divinos e são purificados das coisas mundanas." 

Os primeiros meses de abstinência de comida são muito difíceis: 

"Eu tinha pesadelos, via brioches, sentia o cheiro de carnes, de toucinho... Hoje posso freqüentar um restaurante e a comida não desperta desejos em mim."

Depois que abandonou a comida, Dolgoruky adquiriu faculdades metafísicas:

"Primeiro, eu obtive o dom de curar e tenho curado muitas pessoas. Também posso sentir a velocidade dos meus pensamentos. 

A energia que se gasta no processo de digestão é redirecionada para outras funções. Consequëntemente, a expectativa de vida aumenta, células e orgãos ficam purificados, limpos, e a consciência se torna mais clara. A capacidade intelectual sofre uma expansão notável."

Este estranho indivíduo é um chefe de família. Sua mulher, Lyubov e sua filha Maria não são "sun eaters" mas também vivem um cotidiano alternativo.

Próxima à casa da família, Dolgoruky construiu uma pirâmide proporcionalmente semelhante às pirâmides do Egito. Ali ele vive no inverno, quando os dias têm pouca incidência de luz solar. É na pirâmide, também, que ele recebe as pessoas que o procuram em busca de cura para doenças.

Durante a gravidez, sua mulher passou muito tempo na pirâmide onde comunicava-se mentalmente com o feto; Maria, ainda no ventre materno, escolheu o próprio nome. 

O parto também aconteceu na pirâmide. Em Kyiv, seguidores de Dolgorukiy estão construindo sua própria pirâmide.

Na Rússia, cientistas do Institute of Alternative Abilities of the Human Brain, Moscou, estão interessados no fenômeno. 

Examinaram Nikolay mas não acreditam na autosuficiência nutricional. 

Afirmam que não é o sol que alimenta o ucraniano; na verdade, são nutrientes comuns que sustentam o "comedor de sol": a água, os chás, o mel e as porções de peixe são suficientes para o funcionamento do metabolismo e eliminação de toxinas fornecendo os elementos necessários para a manutenção da saúde, como cálcio, proteína, carboidratos e sais minerais. 

Para os médicos, o corpo de Nikolay é saudável graças a essa dieta aliada a um estilo de vida que favorece a boa condição física; isso sem contar o poder da autosugestão e da força de vontade.

FONTES:
Man lives for 11 years eating only sunlight 
PRAVDA ENGLISH - publicado 28/08/2006
Autotrophs: new kind of humans appears who neither drink nor eat
PRAVDA ENGLISH - publicado 13/01/2005
https://web.archive.org/web/20081212001711/http://english.pravda.ru/science/mysteries/28-08-2006/84110-sunlight-0
https://web.archive.org/web/20081212001711/http://english.pravda.ru/science/tech/7594-1/
Ukrainian man eats only sunshine and lives by the law of flowers
PRAVDA ENGLISH - publicado 02/06/2006
https://english.pravda.ru/science/81455-sunshine/
https://web.archive.org/web/20081212001711/http://english.pravda.ru/science/mysteries/02-06-2006/81455-sunshine-0
The story of a sun eater - WEEKLY.COM - publicado 29/03/2006
https://web.archive.org/web/20081212001711/http://weekly.com.ua/?art=1143586217

terça-feira, 20 de maio de 2025

☸ A EQM que veio para tranquilizar: "Seus pais estão bem!"


EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE OU PROJEÇÃO ASTRAL?
Este vídeo é uma atualização do vídeo que fiz em 2021: "Uma EQM para confirmar: Sim, eles estão bem!".

Uma experiência vivida por meu irmão, após o falecimento do meu pai, seguida anos depois pelo falecimento de minha mãe. O vídeo que postei foi um dos primeiros do canal, está na descrição do vídeo, no canal do Youtube:

segunda-feira, 19 de maio de 2025

☸ POST MORTEM TEOSÓFICO: KAMA-LOKA & DEVAKHAN

ocultismo, post mortem, teosofia
por Adrian Faraj
Estudo da Doutrina Teosófica
segundo exposto 
IN BLAVATSKY, Helena Petrovna, 1983. A Chave da Teosofia.
A morte é o mais intrigante mistério das fronteiras do desconhecido que desafiam a inteligência humana. Sobre a morte, duas opções, antagônicas, apresentam-se ao raciocínio: 

1ª) a morte é o fim, a consciência do "si mesmo", o self, deixa de existir quando o corpo perece; 
2ª) a morte é uma transição, existe algo, outro lugar, o "além", outra vida que começa, ou a continuidade da existência que transcende o último suspiro.

A primeira opção, a morte como passagem para o "Nada", resolve-se por si mesma, sem nenhuma especulação; não dá lugar à discussão porque o "Nada" é indiscutivelmente invariável: sua essência é "Não-ser". 

A segunda hipótese, ao contrário, permite questionamentos sobre o tipo de vida, a natureza dos outros mundos, a essência dessa vida póstuma. As religiões mais importantes do mundo divergem entre si sobre estes temas.
 
As doutrinas das crenças ocidentais e o Islamismo tendem a apresentar o post-mortem, em suas Escrituras Sagradas, com superficialidade ou pelas vias tortuosas das alegorias. 

No Oriente, o hinduísmo e o budismo indiano e tibetano são extremamente detalhistas nas exposição desse assunto e suas concepções são, no mínimo, fascinantes.
 
Os Budistas acreditam na reencarnação, na Lei do Carma, que orienta a série de renascimentos que cada ser humano experimenta. 

Crêem, portanto, não somente na vida após a morte, na sobrevivência do "Ego Superior", mas também na teoria de que a criatura humana vive muitas vezes, na Terra e em outros planetas, cumprindo um jornada de aprendizado rumo à elevação espiritual, ao longo de um período de tempo tão longo que pode ser perfeitamente entendido como "Eternidade".

Os Teósofos, estudiosos da autoproclamada "Religião da Verdade", adotaram a doutrina budista-tibetana sobre o fenômeno da morte dos humanos que habitam o planeta Terra. Suas idéias não se confundem com a concepção dos Espíritas Kardecistas embora ambas correntes de pensamento tenham pontos em comum.

ESPIRITISMO E TEOSOFIA: 
CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS

Concordam, por exemplo, com a idéia da reencarnação e do tempo necessário para que um espírito desencarnado retorne para uma nova vivência em um novo corpo; ambas as escolas aceitam, também, que as reencarnações ocorrem em circunstâncias propícias ao resgate de erros que o espírito cometeu em outras encarnações, ou seja, mais uma vez, a regência da Lei do Carma.
As irmãs Fox. Da esq. para a dir.: Kate, Leah e Margaret. Elas ganharam notoriedade em 1848, quando os jornais comentavam sua capacidade de comunicação com os espíritos em sessões que realizavam em sua casa, Hydesville - NY. 

As irmãs tornaram-se médiuns profissionais e desempenharam papel fundamental no movimento espírita. Muitos consideraram-nas como fraudes. A litografia original foi criada a partir de um daguerreótipo tirado por Meade Brothers por volta de 1853 e publicada pela N. Currier, uma editora de Nova York.

Existem, todavia, pontos divergentes entre a Teosofia e o Espiritismo especialmente no que se refere aos chamados "fenômenos espíritas'", as mesas girantes ou mesas brancas, onde adeptos de Kardec realizam sessões de evocação dos mortos.

Os teósofos condenam estas práticas que consideram perigosas, ilusórias e, em muitos casos, fraudulentas. Afirmam que os espectros autênticos que, eventualmente, materializam-se ou manifestam-se naquelas sessões, são verdadeiros "fantasmas", duplos astrais da pessoa morta, mero cascão, parte do corpo físico que se foi. A regra geral é a incomunicabilidade entre encarnados e desencarnados.

Este corpo astral, que é um dos "corpos" do homem, sobrevive algum tempo depois da falência do ser orgânico. Pode vagar pela terra, fazer aparições em reuniões espíritas, causar espanto pela sua capacidade de comunicação telepática ou de "tomar" o corpo do medium, por mencionar fatos e nomes relacionados ao falecido, porque conserva restos de memória, porém, sua existência é efêmera.

A substância do corpo astral tende a se desagregar, em geral, rapidamente, do mesmo modo como o cadáver se decompõe e passado certo período, que pode variar entre dias e anos (em circunstâncias especiais), toda a sua matéria astral constituinte é dispersada na Natureza. Em sânscrito, idioma da Índia antiga, o corpo astral é denominado Linga-Sharira.

ESPÍRITO

Considerando o ponto de vista teosófico a oposição vida-morte deve ser substituída pela concepção unitária vida-vida: "vida terrena" e "vida não terrena". A morte seria apenas o processo de transição de uma para outra situação. Não há interrupção ou fim da vida, antes uma mudança na condição de SER e ESTAR.

O homem "encarnado" é constituído por sete princípios ou "corpos" biológicos-físicos-químicos. Ao morrer, o espírito, que a teosofia distingue de "alma", abandona quatro destes "corpos", que são chamados "princípios inferiores". São feitos de matéria densa especialmente adequada para a a vida no planeta Terra.

Estes princípios inferiores são: 
1) a corpo físico, animal (Rupa); 
2) alma física, animal (Kama-Rupa); 
3) princípio vital, o prana; 
4) corpo astral (Linga Sharira). 

Os três princípios restantes, ditos "superiores" são manas (individualidade), buddhi (veículo, corpo de manas) e atman, a centelha divina, ligação identitária com o Ser Primordial, Deus. O conjunto desses três princípios, indiviso, é o Espírito ou Eu Superior.

A vida do Espírito é eterna em oposição à vida da "carne", que é perecível. É o Espírito, o ser verdadeiro feito de substância sutil, que sobrevive ao corpo de matéria densa: "O Ego que se reencarna é o Eu individual e imortal, não o pessoal..." [BLAVATSKY, 1983 – p 131]. 

Ocorre que "personalidade" é um sistema complexo de associações circunstanciais que constroem a sensação de auto-reconhecimento, intimamente associada à vida do corpo físico terreno no mundo físico terreno. 

PARA ONDE VAMOS: O ALÉM 

As Escrituras Sagradas Cristãs e Islâmicas possuem numerosas referências ao destino do Espírito depois da morte. Ambas assemelham-se em suas concepções: os bons, que obedeceram às Leis de Deus, vão para o Paraíso; o maus, praticantes de pecados graves, vão para o Inferno.

No Catolicismo, existem ainda: uma região intermediária, o Purgatório, que abriga pecadores medianamente culpados; e o Limbo, lugar onde ficam os pagãos, os não batizados segundo os cânones da Igreja. 

(OU ficavam, porque o Vaticano EXTINGUIU O LIMBO nesta primeira década do terceiro milênio d.C., conforme informa a reportagem:

Cristãos e muçulmanos associam o Paraíso a uma "terra de Bem-aventurança", de felicidade, e o Inferno, ao martírio do fogo onde os espíritos atormentados queimam e somente se ouvem "o gemido e ranger de dentes." 

Entre os gregos, as idéias sobre o post-mortem mudaram, ao longo das épocas, acompanhando a mudança da mentalidade do povo e da organização social:

Nas primeiras representações dos Infernos [entre os gregos] não existe qualquer conotação de castigo ou recompensa, como na doutrina cristã. Homero (século IX a.C.) descreve o Hérebo [como era chamada a região dos mortos] como uma vasta planície subterrânea, onde os mortos vagueiam por toda a eternidade como sombras sem inteligência, sem dor nem alegria. 

Apenas aqueles que cometeram grandes delitos sofrem castigos e alguns privilegiados continuam a viver no mundo das sombras exercendo as mesmas atividades que realizavam sobre a Terra... Mas são exceções...

Com o passar do tempo, os gregos organizaram-se em cidades, criaram um sistema de justiça, ordem e disciplina, julgando os criminosos e recompensando os benfeitores. 

A partir dessa organização social, modifica-se o conceito dos Infernos, que passam a dividir-se em duas regiões distintas: ...o Tártaro, lugar de expiação, onde os maus pagam suas culpas; ...os Campos Elíseos, ou Ilha dos Bem-Aventurados, também imaginada nas profundezas terrestres, onde os bons usufruem as recompensas de suas ações. 
(MITOLOGIA GREGA – p 99)

Os teósofos adotam concepção budista que somente admite duas hipóteses para o Espírito desencarnado que jamais é punido por qualquer de seus atos sobre a Terra. Castigo no post-mortem é uma idéia considerada flagrantemente injusta e, portanto, incompatível com a natureza de Deus.

O sofrimento pode acontecer mas somente como decorrência de um estado de consciência confuso, que pode dominar o Espírito por conta do processo de separação do corpo. É uma questão de tempo de adaptação entre uma condição existencial terrena e outra condição, de existência meta-terrena (além do terreno). Em A Chave da Teosofia, H.P. Blavatsky escreve:

"Não admitimos nenhum castigo fora desta terra porque o único estado que o Eu Espiritual conhece na vida futura é o da felicidade sem sombras. ...Não podem os crimes e pecados cometidos em um plano de objetividade e em um mundo de pura matéria, receber nenhum castigo em um mundo de pura subjetividade. 

Não acreditamos em inferno ou paraíso como localidades; em nenhum fogo objetivo do inferno nem em alguma Jerusalém com ruas incrustadas de safiras e diamantes. Cremos em um estado post-mortem ou condição mental parecida com aquela em que nos encontramos durante um sonho lúcido.

Acreditamos em uma lei imutável de amor, justiça e misericórdia absolutos; e crendo nisso dizemos: seja qual for o pecado... nenhum homem pode ser responsabilizado pelas conseqüências de seu nascimento. Ele não pede para nascer nem elege os pais que lhe darão vida. 

Sob qualquer aspecto, é vítima do que o rodeia; é filho das circunstâncias sobre as quais não tem ação nem poder... Em essência, a vida é um fogo cruel, um mar borrascoso que deve ser cruzado e, as vezes, um peso muito difícil de suportar.

...quase todas as vidas individuais... são um sofrimento. Haveríamos de acreditar que o homem desgraçado e desamparado, batido pelas enfurecidas ondas da vida, se não consegue resistir e se vê arrastado por elas, há de ser castigado com uma condenação eterna ou sequer uma pena passageira? 

Jamais. Grande ou vulgar pecador, bom ou mau, culpado ou inocente, uma vez livre do peso da vida, o Manu ("Ego Pensante"), exausto e consumido, adquiriu o direito a um período de bem-aventurança e repouso absolutos.

A mesma lei infalível, sábia e justa... que infringe ao Ego, na carne, o castigo cármico a cada pecado cometido na vida anterior na Terra, prepara à entidade, agora desencarnada, um longo período de descanso mental, isto é, o completo esquecimento dos acontecimentos infelizes e até dos pensamentos dolorosos mais insignificantes pelos quais passou como personalidade em sua última vida..."

KAMA-LOKA
Logo após a morte o Espírito da maioria dos mortais experimenta um estado de consciência nebuloso. São raros os que ingressam imediatamente em completa consciência do que está ocorrendo. Em geral, a sensação é de estar mergulhado "em sonhos caóticos ou um sono inteiramente sem sonhos, semelhante ao aniquilamento" (BLAVATSKY, 1983 – p 160).

Esta situação de confusão mental, corresponde a um estado de consciência que conduz o Espírito desencarnado à dimensão existencial de Kama-Loka, um lugar de purificação, onde são dissipadas as perturbações mentais póstumas e ainda, onde são dispersos os restos de matéria terrena ou, a alma animal, Kama-Rupa, que tende a permanecer ligada ao espírito, como se recusasse seu destino inevitável, que é a desintegração.

Quando o homem morre, seus três princípios inferiores o abandonam para sempre, isto é (ficam e dispersam-se na Terra): o corpo [Rupa], a vida [Prana], o corpo astral ou duplo do homem [Linga-Sharira]. Então, seus outros quatro princípios transcendem a dimensão da existência terrena. São eles:

[1] princípio central ou médio (a alma animal ou Kama-Rupa), com tudo o que assimilou de manas inferior [personalidade], e a Tríade superior:

[2] Atma,
[3] Buddhi,
[4] Manas Superior  ̶  se encontram em Kama-Loka. Esta é uma localidade astral, ou Limbus da Teologia Escolástica, o Hades dos antigos [gregos], enfim, uma localidade somente no sentido relativo. (Assim somam-se sete princípios na constituição do ser humano encarnado no globo terrestre)

Kama Loka não tem área definida nem tão pouco limites, mas existe dentro do espaço subjetivo, isto é, fora do alcance de nossas percepções sensoriais. Sem dúvida existe e é ali que eidolons astrais [alma animal] de todos os seres que já viveram, inclusive os animais, esperam sua segunda morte.

...Para os animais, [esta segunda morte] vem com a desintegração e completa desaparição de suas partículas astrais. Para o eidolon humano, começa quando a Tríade Atma-Buddhi-Manas separa-se de seus princípios inferiores, ou seja, do reflexo da personalidade que foi ao entrar num estado devakhânico. (BLAVATSKY, 1983 - p 143)

O processo de purificação demora mais ou menos conforme o Espírito se mantenha mais ou menos identificado e iludido com a realidade da vida na Terra, apegado às coisas, pessoas e emoções daquele período de existência em condições mundanas. Inconformados, tais Espíritos utilizam-se da Alma Animal (ou Instintiva) como último recurso de acesso ao "plano" terreno, pois somente esta Alma pode ainda se manifestar naquele plano, dirigido pelo desejo que domina a mente, que é o próprio Espírito.

Animado pela captação do prana, alimento da alma instintiva do homem-personalidade que morreu, o Alma Animal - Kama-Rupa, pode permanecer no planeta buscando a satisfação de vontades sensuais e sensoriais - alimentos, bebidas, drogas, sexo, desejos de vingança, mágoas não superadas, culpas etc.. 

Embora vagando na Terra, o "cascão" de Rupa, do corpo, está ligado (por energia psicotrônica ou mental) ao Espírito, que o fortalece enquanto estiver inconformado com sua mudança de estado ontológico.

FENÔMENO ESPÍRITA

O fantasma kama-rúpico [é um ser] privado de seu princípio pensante, [não tem sequer] inteligência animal e... sem cérebro físico para poder se manifestar, desaparece. ...É uma verdadeira não-entidade, com relação às faculdades que raciocinam e meditam; no entanto, é uma entidade, embora astral e fluídica ...Em alguns casos, atraída magnética e inconscientemente por um médium, [vive] por algum tempo, sobrevive [através do médium] por procuração. ...O Kama-rupa vive na aura do médium uma espécie de vida fictícia; raciocina e fala pelo cérebro do médium ou do de outras pessoas presentes.

Kama-Rupa é uma "relíquia etérea da personalidade". Sujeita às atrações terrestres, precipita-se em Kama-Loka. Seu aniquilamento nunca é instantâneo e, às vezes, o processo pode durar séculos.

A personalidade, que ali permanece com resíduos de outros egos pessoais, "converte-se em uma casca ou um elemental. estas cascas e os elementais são as protagonistas das "aparições e manifestações" nas sessões espíritas:

"Todas essas comunicações com os mortos são necromancia e práticas perigosíssimas... [os chamados] "espíritos" não sabem o que dizem, repetindo como papagaios o que encontram no cérebro do médium e de outras pessoas..." (BLAVATSKY, 1983 - p 184)

DEVAKAN

Devakhan é o paraíso onde reina a felicidade e "não existe o menor sofrimento nem a sombra de penas" (BLAVATSKY, 1983 – p 45). Em Devakhan, o Espírito esquece todas as misérias da vida terrena. O Ser-Mente-Indivíduo, livre dos condicionamentos (orgânicos) do cérebro, é dotado de plena capacidade criadora; trata-se de um estado ontológico (de ser estar) no qual "falar é criar", ou ainda, mais precisamente, pensar, idealizar, é criar.

Essa é fonte da bem-aventurança em Devakhan: e pensamento é, de fato, criador, realizando imediatamente todas as aspirações que fazem da vivência devakhânica uma experiência plena de felicidade justificando plenamente o significado do termo "Devakhan" (mencionado acima): "Terra dos Deuses"; porque o Ego superior, que ingressa em Devakhan, é aquele que recuperou sua condição de "Deva", a condição de "um Deus" ou um "Ser Angélico".

Em Devakhan, o Espírito Esclarecido resgata todo o sofrimento decorrente das frustrações e tormentos emocionais que amargou na vida passada. Entretanto, o mundo devakhânico é diferente para cada Ego; depende das idéias particulares da "personalidade" recentemente vivenciada. 

Em sua esmagadora maioria as "personalidades" são forjadas sob a influência de um ambiente, de um contexto cultural e especialmente, das idéias sobre o post-mortem que cada pessoa adotou durante a vida na Terra.

[Para alguns], "a felicidade em estado devakhânico consiste na completa convicção de não haver abandonado nunca a Terra e de que a morte não existe." [BLAVATSKY. PDF ONLINE (1) p 162]

...Conforme a crença que o homem teve em relação à sua vida futura e o que dela esperou, assim será o que o aguarda. Quem não esperou vida futura alguma, encontrará um vazio absoluto, semelhante ao aniquilamento no intervalo entre dois renascimentos. ...A morte é um sono.

Depois da morte começa a se desenrolar frente aos olhos espirituais... a representação de [um] programa aprendido e que, com muita freqüência, foi composto por nós mesmos... [É a realização]... das crenças [que abraçamos]. O metodista será metodista; o muçulmano será muçulmano pelo menos por algum tempo.

...Em se tratando de um materialista completo, é possível a perda da própria consciência e própria percepção depois da morte... [Para alguém assim - o materialista ou o cético], o intervalo entre duas vidas assemelhar-se-á a um sono tranqüilo... inteiramente livre de sonhos ou cheio de imagens indefinidas; para o mortal comum, será um sonho tão vivo e animado quanto a própria vida, cheio de felicidade e visões reais. ...Devakhan é uma ilusão de nossa consciência, um sonho feliz. (BLAVATSKY - 1983)

Kama-Loka e Devakhan, o "Além" dos teósofos (inspirados pelo budismo), são concepções que implicam admitir, também e antes de tudo, a idéia da reencarnação, cujo dogma central é a crença de que o Espírito experimenta muitas vidas, em corpos, lugares, épocas e até planetas diferentes.

A fé católico-cristã rejeita a reencarnação, a sucessão de vidas e prega a "ressurreição da carne" no dia do "juízo final". Não obstante, o Novo Testamento contém ao menos uma passagem, famosa e controversa, sobre o assunto, quando Jesus, falando de João Batista declara: "Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. ...E, se quereis compreender, é ele o Elias [profeta do Antigo Testamento] que devia voltar. Quem tem ouvidos ouça." (Mateus 11:2)

O hinduísmo e o budismo, este último desenvolvido tanto na Índia quanto no Tibete, são as religiões históricas mais antigas que professam a doutrina da reencarnação e vários dos conceitos associados à lógica reencarnacionista com Samsara, o ciclo de inúmeros renascimentos; e Karma, a Lei da Justa Retribuição, que determina as circunstâncias e possibilidades de cada Ego que se encarna.

O Espiritismo, embora também tenha adotado o dogma da reencarnação apresenta uma visão do post-mortem muito diferente da concepção oriental especialmente no que se refere a dois pontos:

1º) a questão da comunicação entre mortos e vivos;
2º) o tempo passado em anos terrenos entre uma encarnação e outra.

Os teósofos não crêem que o verdadeiro Ego Superior ou Espírito se manifeste entre os viventes da Terra e consideram esse tipo de comunicação um exercício de crueldade psicológica, especialmente para os desencarnados que, deste modo, não se veriam livres das misérias da vida mundana nem depois da morte, posto que estariam expostos a ver e tudo saber sobre o que se passa entre aqueles que deixou para trás. Isso significa assistir impotente a sofrimentos, humilhações e até traições à própria memória do Espírito:  

Crer que um espírito puro pode ser feliz enquanto se vê condenado a presenciar os pecados, os erros, a traição e, sobretudo, os sofrimentos daqueles de quem está separado pela morte e, por mais bem que os queira, sem poder prestar-lhes auxílio, seria um pensamento capaz de enlouquecer qualquer um. (BLAVATSKY, 1983 - p 149)

Quanto ao período de tempo que transcorre entre uma morte e um renascimento, para o comum dos mortais, está situado entre dez a quinze séculos, ou seja, entre mil e mil e quinhentos anos.

As estimativas dos Kardecistas são bem mais modestas mencionando "casos" de Espíritos que reencarnaram na mesma família, por exemplo, duas ou três gerações depois da morte.

NIRVANA & NIRMANAKAIYAS 
Kama-Loka e Devakhan é o destino póstumo das pessoas comuns. Existem, porém, espíritos elevados, que atingiram um estágio em que estão livres da "Roda das Encarnações" - Samsara. 

Estes, ao morrer, alcançam o Nirvana, o que significa que tais Espíritos superaram os desejos do mundo, venceram as ilusões da matéria, obtendo a completa libertação em relação aos mundos finitos.

Quando a entidade espiritual rompe para sempre com cada partícula de matéria ou forma e volta a ser um hálito espiritual, só então é que penetra no eterno e invariável Nirvana, vivendo tanto tempo quanto durou o ciclo de vidas - verdadeiramente uma eternidade. 

Aquele "hálito", existindo em espírito, não é nada porque é tudo; como forma, aparência ou figura foi aniquilado por completo; como espírito absoluto ainda É, porque se converteu em Egoidade (p 119). 

Os que chegaram ao Nirvana estão complemente desobrigados de viver na Terra ou em qualquer outro planeta de matéria densa. Podem desfrutar de uma condição ontológica realmente divina. Todavia, nem todos os que conquistaram o Nirvana entregam-se a este repouso merecido.

São Espíritos que renunciam espontaneamente ao privilégio "por compaixão pela humanidade". Entre os cristão estes são os são chamados "Santos". 

Entre os budistas são bodhisatvas - os "corpos de sabedoria" ou, ainda, são os Nirmanakayas, que consideram ato de egoísmo desfrutar da bem-aventurança enquanto milhões de seres humanos sofrem consumidos por todo tipo de miséria. Estes, são aqueles que velam pelo bem da raça humana. 

Bibliografia
BLAVATSKY, Helena Petrovna. Os vários estados post-mortem
__________________________________ Da reencarnação e do renascimento
__________________________________ Kama-Loka e Devakhan
IN A Chave da Teosofia [Trad. Ilka Arnaud] Biblioteca Planeta - São Paulo: Ed. Três, 1983.
MITOLOGIA GREGA volume I - O reino das sombras. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
BLAVATSKY, Helena Petrovna. VERSÃO PDF ONLINE. (1)
https://www.academia.edu/43042795/Blavatsky_A_chave_da_teosofia
BLAVATSKY, Helena Petrovna. VERSÃO PDF ONLINE. (2)
PUBLICAÇÃO ORIGINAL
* edições: Sofä da Sala
2007 | 2ª Ed fevereiro, 2012