sábado, 14 de março de 2009

Os Últimos Zoroastrianos


Fiéis zoroastrianos: a mais antiga religião monoteísta do mundo, a religião dos magos, o culto ao fogo sagrado. IMAGEM: Templo no vilarejo de Chak Chak, Irã.

A Torre do Silêncio de Yazd: fechada por falta de recursos humanos para manutenção.

Longe da agitação de Teerã [capital do Irã]; longe dos verdejantes e frescos jardins de romãs de Isfahan [terceira maior cidade do Irã], entre os desertos de Dasht-e- Kavir e Dasht-e Lut, encontra-se a cidade de Yazd, que um dia foi o coração do império persa.

Caminhando na planície açoitada pelo vento, na cidade esquecida, uma jovem iraniana, vestindo uma roupa colorida mostra uma torre que emerge da areia. Parece um vulcão adormecido. Ela explica: "Neste lugar nós colocamos dezenas de centenas de cadáveres ao longo dos anos".

A torre funerária serve a uma antiga forma de sepultamento praticada no contexto do Zoroastrismo, a mais antiga religião monoteísta do mundo. 

Os zoroastrianos, conhecidos na Índia como Parsis deixam seus mortos a céu aberto, insepultos, expostos à decomposição resultante da ação da Natureza: o sol, a chuva, os abutres e outros rapinantes necrófilos. 

Esses cadáveres são depositados em locais apropriados, no alto das Torres do Silêncio. é uma alternativa de destino final para os corpos mortos mais ecologicamente correta que a cremação, por exemplo. Os zoroastrianos não sepultam seus mortos por reverência, respeito à Terra.

O sacerdote zoroastriano, usando sua longa túnica de algodão explica: 'A morte é uma obra de Angra Mainyu, corporificação de tudo o que é ruim enquanto a Terra é pura, é uma obra de Deus. Não devemos poluir a Terra com nossos restos mortais

Para o sacerdote, os túmulos a céu aberto realizam um ponto importante da religião de Zoroastro, que é a prática de boas ações; e com uma expressão triste comenta: "

Três mil anos depois desta prática funerária ter sido instituída no Irã, não existem, no país, zoroastrianos em número suficiente para manter a torre de Yazd aberta", "funcionando".

Hoje, quem deseja observar a tradição, tem de declarar em vida, melhor ainda, em testamento, que seu cadáver deverá ser enviado um certo subúrbio arborizado de Mumbai [antes, Bombaim] ─ Índia onde ainda está a ativa a última das Torres do Silêncio do mundo.

No salão revestido de alabastro do Templo de Zoroastro, no centro de Yazd, uns poucos adeptos acompanham a cadência de antigas orações persas. Um sacerdote segura um bastão de sândalo, aspergindo fumaça e cinzas de incenso dentro de uma urna ardente.

Os zoroastrianos usam um cordão de lã trançada: é um símbolo de fé. As rezas são pronunciadas diante do fogo, que representa pureza e sustento. Em Yazd, a chama sagrada tem estado acesa nos últimos 1.500 anos sem nunca se extinguir.

Houve um tempo em que o Zoroastrismo era a religião dominante em vasto território: de Roma à Grécia, da Índia à Rússia. Porém, depois da ascenção do Cristianismo à posição de religião oficial do Império Romano, os adeptos do Zoroastrismo foram desaparecendo.


Em Yazd, berço desta religião, somente 200 de seus 433.836 habitantes ainda praticam os ritos e a doutrina de Zoroastro. 

Esse número, tão reduzido, deve-se, principalmente, à migração e as conversões forçadas ao islamismo que, durante séculos, oprimiu [e ainda oprime] o arbítrio dos persas/iranianos.

Estima-se que em todo o mundo existam 190 mil Zoroastrianos no máximo; 124 mil, no mínimo. Embora numericamente insignificante atualmente, o Zoroastrismo e sua doutrina influenciaram fortemente o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, nos rituais, nos paramentos, nas ideias, como o dualismo entre o Bem e Mal, Deus e o Diabo, o Juízo Final.

O Zoroastrimo ensina que a Espécie Humana está destinada a evoluir rumo à perfeição do Ser. Mas a trajetória evolutiva é conturbada pelas forças do mal como o ódio, a ganância, avareza, luxúria etc.. Essas "tentações" podem ser vencidas pelo desenvolvimento de uma "boa mente" que preencha a vida com os bons pensamentos, boas palavras, boas ações.

Apesar da ameaça de completa extinção os Zoroastrianos ainda mantêm divergências fortes entre si por conta de questões como a proibição do casamento com pessoas de outra religião. 

Dezenas de milhares deixaram a Pérsia durante as incursões islâmicas no século X [anos 900 d.C.]. Encontraram refúgio na Índia sob a condição de não contrair matrimônio fora do círculo de sua fé e não promover [conversão] doutrinação pública.

Sobre "conversão", Ramiyar P. Karanjia, mestre de uma escola zoroastriana em Mumbai, Índia, esclarece: "Conversões não fazem parte de nossa religião"

Na Índia, os adeptos da fé de Zoroastro vem declinando 10% a cada década. Ainda assim permanecem como comunidade fechada, auto-isolada e que insiste em manter a proibição de casamentos entre zoroastrianos e não-zoroastrianos.

No Irã de Mohammed, muçulmano, os Zoroastrianos são aceitos, ou melhor dito, tolerados porque são considerados uma espécie de patrimônio histórico. Além disso, os iranianos, majoritariamente muçulmanos, "respeitam" o ano novo Zoroastriano: é uma boa oportunidade e boa desculpa para comprar roupas e comer doces...

FONTE: The Last of the Zoroastrians por GUZDER, Deena.

[http://www.time.com/time/world/article/0,8599,1864931,00.html]
In Time ─ publicado em 09/12/2008

sexta-feira, 13 de março de 2009

Fume Muito, Morra Logo & Ajude o Governo


TÓQUIO: Um médico japonês, cujo nome está sendo mantido em sigilo, declarou em um encontro de profissionais da saúde realizado no Ida Hospital, cidade de Kawasaki, que as pessoas devem continuar fumando porque, assim, morrem logo e ajudam o país [e o mundo!] a economizar, no futuro, as altas verbas que serão gastas com as aposentadorias.

"Está claro que os custos da previdência médico-social vão aumentar com o aumento do número de não-fumantes e com a sobrevida desta população. É melhor que as pessoas fumem muito e morram cedo!" O médico foi severamente criticado pela presidência dos hospital.

Tetsuya Yamamoto, relações públicas do hospital, naquela situação "saia justa" explicou aos midia que o médico estava sendo sarcástico, que lamenta a repercussão de uma frase casual e que ele mesmo é um fumante. 

Não adiantou: ativistas de movimentos anti-tabagismo correram a protestar, irritados, acusando o japonês de reverter o propósito da medicina ao fazer apologia de uma conduta de morte ao invés de se dedicar a salvar vidas!

No Japão, como no resto do mundo, as campanhas anti-fumo aparentemente estão funcionando, como de resto, em todo o mundo. 

O número de fumantes esta caindo: entre os homens, 39,5% abandonaram o cigarro; entre as mulheres, 12,9%. Leis municipais proíbem o cigarro em locais públicos [como no Brasil] e estuda-se a extensão da proibição para bares, restaurantes e outros lugares fechados.

Do jeito que coisa vai, logo construção civil vai ter que erguer edifícios residenciais para fumantes e edifícios residenciais para não fumantes. [A propósito, eu sou fumante e espero morrer antes que os fumantes sejam criminalizados]. Meditemos...

FONTE: Japanese doctor apologises for smoking remark 
[http://news.yahoo.com/s/afp/20090312/od_afp/healthjapansmokingsociety_20090312061629]
In Yahoo News/AFP publicado em 12/03/2009

Sexta Feira 13



Se a sexta-feira ─ dia 13 de qualquer mês é considerada pela crença popular, em muitos lugares do mundo, como um dia nefasto, 2009 pode ser considerado particularmente mal afortunado, posto que são três as sextas-feiras ─ 13 deste ano. Uma freqüência como essa não acontece a 11 anos. Uma já foi, em fevereiro; a próxima é hoje! [em março]. E a última é em novembro. Só não está pior porque nenhuma é em agosto!

A origem da fama de azarada da sexta-feira que cai em um dia 13 é um tanto obscura mas tradicionalmente o mau agouro é associado aos "treze à mesa" na última ceia de Jesus, realizada na noite de quinta para sexta, vésperas da Páscoa judaica, quando Judas se retirou para perpetrar a traição que resultaria na Paixão e crucificação do meigo rabi. Assim, com a expansão global do Cristianismo, a sexta-feira e o número 13 tiveram sua reputação de dia e número "ruins" consolidada.

O medo da sexta-feira ─ 13, já virou até problema psiquiátrico: é uma fobia, medo irracional denominado paraskavedekatriaphobia [parascavedecatriafobia do grego παρασκαυεδεκατριαφοβία = Παρασκαυε, "sexta-feira"+Δεκατρείς, "treze"+φοβια, "medo") do grego παρασκαυεδεκατριαφοβία = Παρασκαυε, "sexta-feira"+ Δεκατρείς, "treze" + φοβια, "medo") ] ou friggatriskaidekaphobia [frigatriscaidecafobia]. Já o temor ao número 13 é, especificamente, uma Triskaidekaphobia [Triscaidecafobia ─ tris=três, kai=e, deka=dez]. Muitos hospitais, hotéis e prédios residenciais e/ou comerciais não têm quarto 13 ou apartametot, sala 13 nem 13º andar; e alguns terminais de transporte aéreo nã têm o gate 13...

Muitas personalidades sofreram de Triscaidecafobia: o presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt não viajava em dia 13 de mês algum e nunca recebia 13 convidados à mesa. Napoleão Bonaparte também fugia do 13 e Mark Twain [escritor norte -americano], depois de ter comparecido a um jantar como 13º convidado comentou: "Só tinham comida para 12". Em alguns restaurantes parisienses, para evitar qualquer infelicidade, existem os 14ºs convidados profissionais, contratados, para compor "o astral" do jantar.

Finalmente, o número 13 parece não combinar com nada de bom. No Taro é a carta da morte representando fim de ciclo. O doze, no entanto, embora no oráculo das cartas signifique uma situação de sacrifício idealista nobre mas, freqüentemente uma situação difícil e penosa ─ o doze, relaciona-se com símbolos elevados: 12 são os meses do ano, os signos do zodíaco, os deuses do Olimpo [francamente, contestável]; 12 são os trabalhos de Hércules, as tribos de israel e os apóstolos de Jesus.


FONTE: 5 Facts About Friday the 13th
In Yahoo News/LiveScience ─ publicado em 12/03/2009





quinta-feira, 12 de março de 2009

Revolta dos Macacos


Santino: Alemão! Vivendo na Suécia, 31 anos [em 2009], "joga pedra na Geni": crise existencial...

Tailândia: Na província de Nakorn Sri Thammarat, um macaco que trabalhava como escravo colhendo cocos, matou o patrão, Leilit Janchoom, 48 anos, atingindo-o na cabeça com um dos frutos, atirado do alto da palmeira. 

O macaco foi comprado por 130 £ [libras]. Seu trabalho era exaustivo e tedioso, tanto mais que o patrão não lhe permitia descanso. Se o macaco se recusasse a subir nas árvores, era privado de alimentação ou, pior, apanhava.

Do outro lado do mundo, na Suécia, no Furuvik Zoo, um chimpanzé-macho chamado Santino, insatisfeito e/ou estressado também resolveu protestar: enquanto o zoológico estava fechado ele coletava pedras e forjava discos com pedaços de concreto que serviram de munição para o apedrejamento que ele, finalmente, perpetrou contra os visitantes.

Sempre calmo, no momento do ataque, Santino mostrava-se agitado, angustiado. Jamais coletou pedras ou manufaturou objetos com o concreto.

Santino vivia na Suécia desde os cinco anos; nasceu em Munique, 1978. Mathias Osvath, da Lund University, Suécia, que estuda o comportamento de chimpanzés a mais de uma década, acredita que ter nascido em cativeiro não influenciou o comportamento do animal.

Osvath sustenta que chimpanzés nascidos em natureza têm habilidades semelhantes e talvez mais freqüentes em função de necessidades ecológicas específicas.

Segundo o especialista, o comportamento de Santino demonstra que a espécie humana não é única que planeja o futuro. 

Ele explica que a capacidade de planejamento: "Implica um alto desenvolvimento da consciência, incluindo as simulações mentais dos potenciais eventos da vida. Provavelmente, eles [os macacos] possuem um 'mundo interior' e uma memória de acontecimentos passados que intrui, orienta os dias vindouros".


FONTES:
Monkey 'kills cruel owner with coconut thrown from tree'
In Telegraph/UK ─ publicado em 11/03/2009
Chimpanzee 'created weapons to hurl at zoo vistors'
In Telegraph/UK ─ publicado em 09/03/2009


Arqueologia: Vampira em Veneza


Imagens do achado

Em Veneza, os restos mortais de uma suposta vampira medieval foi encontrado em uma cova coletiva de 1576. O esqueleto está sendo considerado o primeiro exemplo conhecido de vampiro registrado em documento "oficial". [Trata-se de exagero. São bastante conhecidos os relatos confiáveis ─ do século XVIII, por exemplo ─ de sepultamentos e exumações de mortos suspeitos de vampirismo e que tiveram seus corpos submetidos a rituais de exterminação da "maldição do morto-vivo", como o corte e separação da cabeça, cremação, fixação do cadáver à terra por meio de uma estaca]. Peter Moore-Jansen da Wichita State University, Kansas, que encontrou esqueletos similares na Polônia, desdenha do alvoroço em torno do exemplar descoberto em Florença.

Matteo Borrini, da Universidade de Florença ─ Itália, durante a excavação de uma sepultura coletiva que continha vítimas da Peste medieval falecidas no Lazareto Nuevo Island [Veneza], encontrou os restos de uma mulher com um tijolo encaixado na boca. Na época da morte, corria entre o povo a crença, entre muitas outras crenças, de que a peste era espalhada por vampiros os quais, além de sugarem o sangue dos vivos ainda coataminavam as vítimas com doença. O tijolo na boca da mulher é uma prova arqueológica do exorcismo contra os vampiros na Europa Ocidental Renascentista. O tijolo, que substitui a estaca, muito usada no leste europeu e parece ter sido uma precaução improvisada, de última hora.

Em geral as estacas que funcionam com vampiros são de madeira, de prata ou ferro puro. A associação entre os vampiros e a peste deveu-se, possivelmente, à regurgitação de sangue e lacrimejamento dos doentes, um metabolismo que podia continuar, durante algum tempo nos cadáveres, assim como crescimento de unhas e cabelos, nas primeiras horas e até dias do post-mortem dando uma falsa aparência de vida mórbida.


FONTE: 'Vampire' discovered in mass grave
In New Scientist ─ publicado em 06/03/2009



terça-feira, 10 de março de 2009

Nanorobô da Eterna Juventude


Dorian Gray diante do retrato

Dorian Gray diante do Retrato, personagem do romance de Oscar Wilde [O Retrato de Dorian Gray]: juventude eterna e consciência pesada. Ele apronta todas: bebe, fuma, usa drogas, perde noites, destrói honras e corações. Porém, as marcas da vida desregrada de corrupção do corpo e da alma somente aparecem no retrato enquanto Dorian permanece intocado, rosto de anjo, imune à própria deterioração.


Um dos mitos mais conhecidos da história da Alquimia é a busca do elixir da eterna juventude. Atualmente, cientistas de vários países ainda correm atrás da realização desse sonho mítico: estão empenhados em descobrir uma forma de deter o processo de envelhecimento. Todavia, o segredo de se tornar "forever yong" pode nãos er uma substância, um elixir, porém, qualquer coisa de muito diferente.

Na Rússia, o laboratório Bioquímico da Universidade Federal do Sul procura desvendar a chave do tempo nos mistérios do DNA com auxílio de cobaias. O acadêmico Skulachev explica: "As células vivas tem seus próprios geradores de energia. Todavia do processo de geração dessa energia resultam, também, subprodutos tóxicos. A velocidade do envelhecimento está relacionada com estas substâncias".

Skulachev criou um tipo de nanorobô que penetra nas mitocôndrias, organela que produz a energia em nível celular, e ali, na fonte, destroem as substâncias tóxicas. O nanorobô foi testado em ratos e foi constatado que houve retardamento no processo de decrepitude do organismo. O roedores escaparam de doenças degenerativas como a perda de pelagem. Também mantiveram sua capacidade reprodutiva durante todo o ciclo de vida [significa que morrem, aparentemente jovens, velhos conservados, mas morrem]. Viveram mais que seus companheiros naturalmente envelhecidos embora a longevidade não tenha sido muito significativa. Todos "jovens-ratos-velhos" morreram de falha cardíaca.

Essa é a questão que ocupa os cientistas agora: seus corpos eram jovens mas por alguma razão a expectativa de vida não aumentou notavelmente. Sobre isso, o cientista [Skulachev] comentou: "Seria triste para um ser humano morrer em boa saúde". O próximo passo do projeto é experimentar o nanorobô para interferir na atividade mitocondrial de seres humanos. Afinal, se morrer é chato, morrer escangalhado é pior ainda e morrer lindo ainda é uma opção mais elegante. Meditemos...

FONTE: Russian scientists invent medication to extend healthy lifestyle
In PRAVDA English ─ publicado em 05/03/2009