domingo, 10 de junho de 2012

Highway 16, a Estrada das Mulheres Desaparecidas


A Estrada

CANADÁ. Na Highway 16, o trecho que liga Prince George a Prince Rupert, na British Columbia, envolve um terrível mistério. Ali, ao longo dos últimos 42 anos, mais de 30 mulheres, jovens, desapareceram sem deixar pistas. 

A polícia jamais conseguiu chegar a um nome sequer, um suspeito. Há quem acredite que todas estas mulheres foram vítimas da solidão remota daquele lugar, como se o deserto canadense pudesse tê-las, simplesmente, devorado. 

A vítima mais recente, Madison Scott, sumiu em 28 de maio de 2011. Ela saiu de uma festa e nunca mais foi vista. A polícia encontrou sua caminhonete e sua barraca. E só.

A tia de Madison, ou Maddy era chamada pelos mais próximo, Sandra Kelly Klassen, escreveu em um site dedicado à sobrinha:  

Depois de um ano longo e difícil e apesar da investigação em curso (sendo feita pela RCPM - Royal Canadian Mounded Police), das pesquisas, campanhas de sensibilização; apesar dos apelos dos familiares e amigos para o seu retorno seguro, não há nenhuma evidência do que aconteceu com Maddy.



Outdoor: Apelo e alerta na estrada. Proporção de uma mulher "devorada pela estrada" por ano desde 1969, como se fosse um sacrifício ritual. Porém, segundo os documentos oficiais, em alguns anos foram duas mulheres e nem todos os anos têm registro de desaparecimentos. Isso faz pensar em um serial killer insaciável que age há décadas sem levantar suspeitas.

A seqüência parece ser interrompida: 1969, 1970, 73, 74, 78, 1981, 83, 89, 1990, 94, 95, 98, 2002, 2005, 2006, 2011. 

Os dados da polícia contam apenas 19 vítimas (sem contar a mais recente, Madison Scott, em maio de 2011, o que soma 20 mulheres) com idades entre 12 e 33 anos, sendo que a mais velha é uma excessão no conjunto inclusive na aparência. Todavia, líderes indígenas locais têm outra conta: reportam cerca de 42 mulheres que sumiram na Highway 16.  

Estes fatos permitem supor que, na verdade, não se sabe, com precisão quantas mulheres desapareceram naquele trecho da estrada, uma lacuna de informação que dificulta ainda mais as investigações.


Oficialmente, ou seja, segundo dados das autoridades policiais, as desaparecidas são apenas 19 mas os líderes indígenas locais informam outro número: cerca 43, afirmam - o que resulta em uma intrigante proporção de uma mulher por ano.

Somente em 8 casos as investigações policias conseguiram estabelecer alguma ligação. Em abril de 2011, parecia que, finalmente, haveria um avanço revelador: o retrato falado de um homem idoso foi apresentado ao público e distribuído. Aquele homem havia tentado sequestrar uma mulher de 20 anos em local próximo àquele trecho estrada. Mas até agora (maio de 2012) ele não foi encontrado. 

Muitas das vítimas vivem em comunidades indígenas e valem-se de carona como meio de transporte o quê, segundo os investigadores faz com estas sejam alvos fáceis. Elas foram aconselhadas a não pegar carona porém, a maioria, pertencendo a comunidades muito pobres (mesmo no Canadá) não podem pagar por uma passagem para viajar.



Vítimas. Veja [+] fotos e esta imagem ampliada na página do DAILY MAIL. Compare os dados. E pensar que um posto de polícia rodoviária conectado a câmeras de segurança ao longo da estrada poderiam ter elucidado ou, ao menos, fornecido elementos suficientes que permitissem desvendar este terrível mistério. Meditemos...


O porta-voz da Missing Women Commission of Inquiry (Comissão de Inquérito de Mulheres Desaparecidas), Cris Freimond cogita: Pode ser que alguma pessoa doente (mental), percebendo a freqüência de mulheres sozinhas na estrada, em busca de carona, se aproveite dessa circunstância. 

Essa Comissão de Inquérito, constituída há pouco tempo, tem realizado audiências informais, ouvindo pessoas, coletando informações sobre os desaparecimentos e assassinatos de mulheres dos últimos oito meses (em geral, e não somente dos episódios ocorridos na Highway 16).

Cris Freimond continua seu raciocínio: Estes trechos longos e desertos existem em muitas rodovias. Se alguém tiver más intenções, encontrará um vítima. Poderá dirigir por uma hora, jogar o corpo em um barranco e a vítima nunca será encontrada

O trecho maldito da Highway 16 é longo e vazio. Os rádios sofrem interferências, os telefones celulares ficam fora de área.

Algumas pessoas chamam atenção para o fato de que esses desaparecimentos não foram devidamente investigados ao longo dos anos. O empenho somente tornou-se significativo depois do sumiço de Nicole Hoar, 25 anos, uma agricultora branca que desapareceu em 2002. O comentário implica, portanto, descaso das autoridades em relação às outras vítimas por serem indígenas.

Diante do fracasso do trabalho policial alguns cidadãos assumem as investigações por conta própria. Querem desvendar o mistério.

O investigador particular de Vancouver, Ray Michalko é um desses cidadãos. Ele conta: A polícia não conseguiu quase nada e eu tenho boas relações com os povos indígenas. 

Porém, Michalko nada descobriu desde que começou a trabalhar nos casos, em 2006. Enquanto isso, a Righway 16 continua sendo a Estrada das Lágrimas para amigos e familiares das mulheres desaparecidas.

FONTE: Highway of Tears: Mystery of the 800-mile stretch of Canadian road where up to 43 women have gone missing in 30 years and could be victims of serial killer.
DAILY MAIL/UK, publicado em 09/06/2012.
[http://www.dailymail.co.uk/news/article-2156982/Highway-Tears-The-mystery-Canadas-missing-women.html]
COM INFORMAÇÕES DO THE DAILY BEAST/Canadá. IN - PELISEK, Chistine. Highway of Vanishing Women, publicado em 10/07/2011.
[http://www.thedailybeast.com/articles/2011/07/10/canada-s-highway-of-tears-why-are-women-disappearing.html]

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