quinta-feira, 25 de junho de 2009

Theodora & A Reencarnação


Theodora [500-548], santa da Igreja Cristã Católica Ortodoxa; seu dia é 14 de novembro. Nascida na ilha de Creta [ou na Síria ou em Paphlagonia, ou na costa do Mar Negro, como preferem alguns historiadores], ela foi atriz de comédias, cortesã, teve inúmeros amantes, entre eles, um certo Hecébolo, governador de Pentápolis, pai de seu único filho. Era mal vista e mal falada na sociedade da época até que, em 523, casou-se com Justiniano [483-565].

Quando Justiniano ascendeu ao trono tornando-se imperador Justiniano I, Teodora tornou-se imperatriz. Foi uma consorte ativa tomando parte nos negócios do governo. Defendia o direito das mulheres à herança e posse de propriedades; direito ao aborto, compensações em caso de divórcio; condenou os assassinatos de mulheres acusadas de adultério. É considerada a mulher mais influente do Império Bizantino.

Porém, entre os feitos políticos de Teodora destaca-se sua curiosa intervenção no Segundo Concílio de Constantinopla ─ 5º Concílio Ecumênico das Igrejas Cristãs: Ortodoxa do Oriente, Católica Romana e outros grupos [seitas] cristãos ocidentais. Aconteceu entre maio e junho de 553 e foi convocado pelo imperador Justiniano e presidido pelo Patriarca de Constantinopla, Eutychius [512-582].

Entre os graves assuntos que, naqueles concílios eram discutidos entre berros, tapas e safanões, naquele Segundo Concílio de Constantinopla, estavam na pauta movimentos cismáticos [de divisão] dentro do Cristianismo como: o Nestorianismo

Os Nestorianos defendiam a da União Hipostática [na pessoa de Cristo] ou seja, que no Ser de Jesus Cristo coexistiam duas Naturezas: humana e divina. Além disso, questionavam a maternidade virgem, a Imaculada Conceição, de Maria: ela teria dado à luz somente ao suporte físico, humano do Messias. Eram idéias de Nestorius [386-451], que foi Arcebispo de Constantinopla.

Em meio a temas tão complexos, Teodora preocupava-se com uma questão muito específica. A reencarnação: Teodora não gostava da doutrina da reencarnação e menos ainda da Lei do Carma que acompanha essa doutrina; porque a estadista poderosa tinha um passado obscuro. 

Ao se tornar imperatriz, Teodora abusou de seus poderes: mandou matar centenas de mulheres. Cortesãs, escravas, prostitutas sacerdotisas do paganismo que considerava rivais ou potencialmente perigosas para sua nova posição.

Depois de se aprofundar nos estudos religiosos, Teodora ficou com medo. Tinha pavor de reencarnar em circunstância penosa, como escrava negra, por exemplo. Para resolver o problema, resolveu interferir neste ponto da doutrina cristã. 

Pediu ao marido imperador que providenciasse a legitimação de uma teologia que negasse a reencarnação acreditando que, assim, jamais teria de prestar contas à maldita Lei do Carma. Não haveria mais reencarnação. 

O pecador seria purificado de seus erros com o perdão da Extrema Unção, pela confissão e nos casos muito graves, passaria uma temporada em um purgatório e depois teria passagem livre no Paraíso. Reencarnação, nunca mais! Teodora não queria; Teodora proibiu!

FONTES 
PROPHET, Mark. L.. Summit University Press, 1997
The Answer You're Looking for Is Inside You: A Commonsense Guide to Spiritual Growth. GOOGLE BOOKS.
(Visualizção) p 82 https://goo.gl/4yPK4x
Reincarnation: The Church's Biggest Lie 
https://www.facts-are-facts.com/article/reincarnation-the-churchs-biggest-lie
SEM DATA

6 comentários:

Paulo Neto disse...

Estou procurando uma fonte primária que tenha dito sobre Teodora não gostar da reencarnação e tenha mandado matar 500 ex-colegas.
Abraços

Rodrigo disse...

Acho que existe um erro nessa história, muito espalhada no meio espírita sem verificação ou crítica. Eu já dei uma olhada no que sobrou das atas do concílio e não se fala de reencarnação nele. O que se discute, sim, são as ideias de um teólogo Orígenes, que admitia a preexistência da alma e algumas outras ideias que soariam exóticas até hoje. A teologia deles foi rejeitada, mas não era reencarnacionista no sentido que se tem hoje e tampouco se pode afirmar que a reencarnação era uma crença comum entre cristãos. Se fosse, teríamos melhor registro disso que passagens dúbias no Novo Testamento.

Sugiro que se procure uma literatura não comprometida com denominações religiosas para estudar o assunto. Embora eu mesmo seja espírita, tenho de reconhecer que essa história da Teodora carece de base histórica.

Paulo Neto disse...

Rodrigo,

Sei disso, o que estou querendo ver é até onde irão espalhar esse boato.

veja em meu site um artigo sobre o assunto: http://www.paulosnetos.net/attachments/051_Reencarnacao_no_Concilio_de_Constantinopla_-_Origenes_x_Imperio_bizantino.pdf

Abraços

Marcos Valério Campioni disse...

Paulo Neto interessante estudo, recomendo a todos que leiam essa publicação do Paulo Neto, para não sairmos por ai falando e nem escrevendo besteiras.

JOSÉ MARCELO G. COELHO disse...

Companheiros, mesmo sendo espírita, não posso deixar de dizer que a afirmação de que Teodora não gostava da ideia da reencarnação, simplesmente não tem fundamentos históricos. Chegam a dizer, inclusive, que ela interferiu no 2° Concílio de Constantinopla. Não poderia, pois desencarnou cinco anos antes do início do sínodo.

Souza Lima disse...

Para maiores esclarecimentos acesse "History of Councils" de Charles (Klaus) J. HEFELE, Vol. IV, p.289 Souza Lima