quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Quando Os Cegos Enxergam Sem Ver




Cientistas da University of Tilburg, Holanda estão investigando o fenômeno dos cegos que "enxergam" sem "ver" ou blindsight - vista-cega. É o caso do paciente identificado somente pelas iniciais, T.N., que ficou cego depois de sofrer uma série de derrames. Ele não usa bengala porém, pode circular normalmente em qualquer ambiente sem esbarrar em móveis ou paredes. Também identifica se o interlocutor tem uma expressão facial alegre, zangada etc..


Ele não é o único; os pesquisadores acreditam que inconscientemente, estas pessoas acionam um circuito cerebral alternativo [de circulação de mensagens visuais] que lhes permite processar a informação diante de seus olhos. O exame com scaner no cérebro de T.N. confirmou os danos produzidos pelos derrames e mostrou que as áreas do cérebro conhecidas como responsáveis pelo processamento da percepção visual estavam completamente inativas.


O estudo, incomum e supostamente o primeiro no Ocidente sobre este tipo de alteração da percepção, mostra a versatilidade dos tecidos que compõem o cérebro a aprofundam o mistério de seu funcionamento. O mesmo fenômeno - vista-cega, foi observado em macacos cegos, com danos semelhantes no cérebro. O estudo revela, ainda, que existem no cérebro "mecanismos", "instalações" neurais que permitem o exercício de uma percepção da realidade física independente do sentidos objetivos e do processamento consciente de informações.


Embora os cientistas holandeses da da University of Tilburg, liderados Beatrice Gelder, se apresentem como pioneiros deste tipo de pesquisa, há precedentes: nos anos de 1920 o francês Jules Romains [1885-1972], estudioso de fisiologia e histologia, romancista, publicou um ensaio original sobre "visão dérmica". Romains descobriu que toda a superfície de pele tem a capacidade de visão; capacidade que ele chamou para-óptica, entre os americanos, visão-sem-olhos ou, ainda, dermo-óptica.As mãos e o rosto são as regiões do corpo mais sensíveis. Os pacientes de Romains prenderam a identificar cores, caracteres impressos e a sentir a distância por meio da visão cutânea [OSTRANDER/SCHROEDER, 1976].


Em 1962, na Rússia, a paranormal Rosa Kuleshova tornou-se a sensação entre os acadêmicos e no teatro... Seu caso foi estudado no Instituto de Biofísica da Academia Soviética de Ciências de Moscou. Rosa tinha a habilidade "ver com os dedos". Publicizado, o fenômeno tornou-se uma febre nacional que começou na cidade de Rosa, Nizhniy Tagil, montes Urais, onde constatou-se que, em um grupo de 80 estudantes, 1 em cada 6, tornava-se capaz de "ver com os dedos", distinguindo duas cores depois de meia hora de treinamento. Rosa, não era cega mas passou boa parte de sua juventude trabalhando com cegos, ensinando braile...



FONTE: Blind man amazes scientists with his ability to detect objects he cannot see
In GUARDIAN/UK publicado em 23/12/2008

OSTRANDE, Sheila e SCHROEDER, Lynn. Experiências psíquicas além da cortina de ferro,. [Trad. Otávio Mendes Cajado]. São Paulo: Cultrix, 1796.

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